Temer encara a primeira
crise e tenta aprovar hoje nova meta fiscal
Bruno Moreno
Jucá anunciou a saída
após entregar, junto com Temer, a nova proposta de Meta Fiscal a Renan: Temer e
Jucá foram recebidos no Congresso com vaias e gritos de golpista
Para garantir a aprovação da nova meta fiscal para o ano de 2016, que
prevê um rombo de R$ 170,5 bilhões, o presidente interino Michel Temer (PMDB)
decidiu que a permanência do senador Romero Jucá (PMDB) no Ministério do
Planejamento se tornou insustentável, apenas 12 dias após a sua posse. Ontem à
tarde, depois da divulgação do áudio em que articula para atrapalhar e
interromper as investigações da operação “Lava Jato”, o peemedebista anunciou
que iria se licenciar do cargo até que as investigações estejam concluídas.
A sessão que irá votar a nova meta fiscal será aberta às 11h de hoje, no
Senado. Para aprovação, o governo Temer precisa de maioria simples nas duas
casas. Aliados projetam de 300 a 380 deputados e de 50 a 60 senadores votando
com o governo. Se Jucá não tivesse caído, a situação poderia ser outra, já
que deputados e senadores aliados se mostraram indignados com o escândalo e
dispostos a pressionar pela saída dele. A conversa entre Jucá e o
ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, realizada em março deste ano, foi
divulgada pelo jornal Folha de São Paulo.
Além do receio de que o escândalo poderia atrapalhar o começo do governo, a pressão de apoiadores do governo Temer, como o senador Ronaldo Caiado, do Democratas, foi determinante para a queda de Jucá. Na Câmara são 28 deputados e no Senado quatro parlamentares.
Credibilidade
O deputado federal Júlio Delgado (PSB) se posicionou favoravelmente à
saída de Jucá. “A primeira medida para nós fazermos parte deste governo é a
apuração de tudo que tem a ver com a “Lava Jato” e ele (Jucá) tira a
credibilidade do governo”, argumentou. Já o PSDB, que não quis compor o
governo oficialmente, mas cedeu quadros e apresentou uma série de medidas que
deveriam ser adotadas por Temer para ter o apoio da legenda no Congresso,
adotou uma posição neutra ontem.
O deputado federal tucano Domingos Sávio avalia que seria precipitado
condenar Jucá. “Eu escutei a entrevista coletiva dele, e depois reli a
transcrição da gravação. Realmente, dá margem para duas interpretações”,
afirmou Domingos, referindo-se ao argumento de Jucá. O ministro licenciado
afirmou que não se referia à “Lava Jato” quando falou em “estancar a sangria”,
mas sim à sangria na economia.
“O que nos motiva a apoiar o governo é o compromisso com mudanças não só
na economia como na política. Um dos primeiros itens é apoio absoluto à
operação “Lava Jato” e a continuidade de toda a ação de combate à corrupção.
Estamos tratando de analisar com a devida cautela”, afirmou. Domingos
defendeu a prioridade nas investigações relativas a pessoas que ocupam cargos
públicos, sejam eletivos ou não.


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