Temer inicia operação para
isolar ainda mais PT e Dilma
Orion Teixeira
Uma semana depois de instalado o governo provisório de até 180 dias, o
presidente interino Michel Temer (PMDB) deu início, nesta quarta-feira (18), a
uma operação para isolar ainda mais a presidente afastada Dilma Rousseff e seu
partido, o PT, dinamitando definitivamente a possibilidade de ela voltar ao
governo após o processo de impeachment no Senado. Temer autorizou a abertura e
divulgação do que chamam lá de “caixa preta” das contas públicas, acusando
déficit superior ao que Dilma havia previsto: em vez de R$ 96 bilhões, cerca de
R$ 150 bilhões.
O agravante dado poderá dar munição aos senadores para consolidar a
acusação de má gestão nas contas públicas, resultante de operações de crédito
tidas como irregulares (as chamadas pedaladas fiscais) e decretos de gastos
extras no Orçamento federal. De posse dos dados, o presidente interino
ensaiava, na tarde de ontem, pronunciamento, em rede nacional, para alertar o
país sobre as dificuldades que se avizinham para o ajuste fiscal, ou seja, a
adoção de medidas impopulares, como aumento da carga tributária e cortes em
programas sociais.
No plano político, visando as eleições municipais deste ano, Temer
pretende se aliar ao PSDB e ao PSD, do ministro Gilberto Kassab (Comunicações e
Ciência e Tecnologia) para impedir a reabilitação do PT junto ao eleitorado.
Junto a outras medidas, incluindo decisões judiciais, como a que condenou o PT
a devolver R$ 3,5 milhões pelo escândalo na Prefeitura de Santo André (SP) e a
segunda condenação do ex-ministro José Dirceu (23 anos por envolvimento no
esquema da Lava Jato), a operação política tende a transformar o PT no
principal bode expiatório da crise política, econômica e ética do país.

Nenhum comentário:
Postar um comentário