Por Sabine Righetti
A perda de pontos da USP no ranking de reputação do THE -Times Higher
Education, que lista as cem melhores universidades do mundo de acordo com sua
credibilidade no meio acadêmico, mostra, entre outras coisas, que a imagem do Brasil
lá fora vai de mal a pior. A universidade caiu do grupo que está entre as
posições 51-60 (na lista de 2015) para 91-100.
A listagem é feita com base em uma pesquisa de opinião feita com 10.323
docentes de 133 países no início do ano. A ideia é avaliar a percepção que se
tem internacionalmente das principais universidades do mundo –chamadas de
“world class”.
O ranking mostra que Harvard, nos EUA, tem a melhor reputação
internacional. Oito das dez melhores universidades do mundo estão nos Estados
Unidos, conforme a opinião dos acadêmicos entrevistados.
O problema é que a imagem da universidade caminha junto com a ideia que
se tem do seu país de atuação. E, recentemente, o Brasil tem virado notícia por
causa de corrupção do governo, epidemia do zika vírus, problemas nas obras das
Olimpíadas, crise econômica e social, desemprego.
No meio disso tudo, a USP– única escola brasileira a aparecer no ranking
das cem escolas de melhor credibilidade do mundo– chegou à sua pior
classificação desde que entrou para o ranking de reputação do THE, em 2012.
Está quase saindo da lista.
Para se ter uma ideia do que isso significa, a China tem cinco
universidades entre as cem de maior credibilidade do mundo. A melhor delas,
Tsinghua, saiu de 35º lugar (em 2012) para 18º lugar neste ano. A segunda
melhor chinesa, Universidade de Pequim, pulou de 38º lugar (em 2012) para 21º
lugar. Por aí vai.
DRAGÃO CHINÊS
As escolas chinesas estão melhorando nas avaliações internacionais
porque o governo daquele país está fazendo um investimento massivo em
internacionalização do ensino superior nos dois sentidos –atraindo estrangeiros
para a escolas chinesas e mandando estudantes daquele país para estudar fora.
De acordo com dados do governo americano, um em cada quatro estudantes
estrangeiros nos EUA vem da China. De 2013 para 2014, o país aumentou em 21% o
número de chineses enviados para ter aula nos Estados Unidos.
Enquanto isso, o Brasil ousou com programas de internacionalização como
o Ciência sem Fronteiras, que em 2012 começou a mandar estudantes para as
melhores universidades do mundo, mas perdeu o fôlego. O programa contribuiu
para a exposição da ciência nacional no exterior, catapultou a quantidade de
trabalhos em cooperação internacional, trouxe novas ideias para o Brasil. E,
sem dinheiro, foi descontinuado.
A USP melhorou no ranking do THE justamente no auge do Ciência sem
Fronteiras. No mesmo período, a própria universidade abria escritórios no
exterior e pagava com recursos próprios –a “bolsa USP”– para que seus
estudantes fizessem intercâmbio.
Agora, que a USP enfrenta problemas financeiros, o governo federal corta
recursos em ciência e a crise no país se instala, a imagem da universidade lá
fora deve piorar ainda mais. Enquanto escolas de países como a China e de
alguns centros do leste europeu avançam, a gente não está apenas parado:
estamos andando para trás.
Veja a posição da USP no ranking de reputação do THE:
2012- 61-70
2013- 61-70
2014- 81-90
2015- 51-60
2016- 91-100
2013- 61-70
2014- 81-90
2015- 51-60
2016- 91-100

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