Adágios
João Carlos Martins
Adágio significa ditado popular. Segundo o “Dicionário de Gêneros
Textuais” de Sérgio Roberto Costa, é sinônimo de máxima, mote ou ainda
provérbio: “Enunciado breve, ritmado, rimado ou não, muitas vezes uma frase
nominal, que expressa uma observação de valor geral, regra moral, princípio de
conduta ou mesmo pensamento dito, sem qualquer conotação de valor”.
Por quê não recorrer a essas formas linguageiras, nesse momento tão conturbado da política nacional, para nos ajudar a compreender tão complexos movimentos?
Por quê não recorrer a essas formas linguageiras, nesse momento tão conturbado da política nacional, para nos ajudar a compreender tão complexos movimentos?
Antes porém, uma informação em primeira mão, mas que de tão óbvia, já
está quase caducando: o PMDB, Partido do Movimento Democrático Brasileiro,
mantém sua sigla, mas com outro significado: “Preciso Me Dar Bem” (De qualquer
jeito, custe o que custar!).
Infelizmente, esse imperativo “Preciso Me Dar Bem” do PMDB é um
direcionamento adotado por todos os partidos políticos brasileiros, de forma
não discursiva, mas facilmente identificada nas posturas e atitudes dos seus
filiados.
Mais triste ainda é que esse “se dar bem” não quer dizer se dar bem para
contribuir com o bem da nação brasileira, ou seja ético, mas sim, manter-se no
poder. Manter-se no poder para...
E aqui, para verificar essa situação, nosso primeiro adágio: “Diz me com
quem andas, que te direi quem és”! É possível fazer alianças com o demônio ou
vender a alma ao diabo, para se tornar ou manter-se santo? Ou, se não santo,
pelo menos manter-se numa linha ideológica sem concessões? Os fins justificam
os meios? Ou acaba valendo essa outra máxima: “Quem não tem cão caça com
gato”?!
Mais do que nunca, nas salas da Câmara Federal ou do Senado, as
articulações se dão baseadas no princípio “bode-boi”. O bode é o expiatório,
que é a “pessoa sobre quem se fazem recair as culpas alheias ou a quem são imputados
todos os reveses”.
Quanto ao boi, trata-se do boi de piranha, aquele boi que o vaqueiro faz
atravessar o rio antes da boiada, para saber se há ou não piranhas, mas
significa também pessoa que é submetida ou se submete ao sacrifício de um
grupo. No caso do Presidência da República, do Senado e da Câmara Federal,
muitos bois estão se revelando piranhas e o rio a atravessar, de esperança e
confiança do povo brasileiro, está secando...
Quando ouço Eduardo Cunha ou outros políticos discursando sobre o impeachment
da presidente Dilma, além do princípio “bode boi”, me ocorre aquela: “Olha o
porco falando do toucinho”!
Outra máxima muito oportuna: “Quem tem telhado de vidro não joga pedra
no telhado do vizinho”. Acontece que os vizinhos também têm telhado de vidro. E
todo mundo tá jogando pedra. Moral da estória: Quem anda com os pés descalços e
o coração aberto, não deve passar por Brasília: Risco de corte!
Finalmente, não um adágio, mas um lamento (com direito ao chorinho do Pixinguinha!).
Finalmente, não um adágio, mas um lamento (com direito ao chorinho do Pixinguinha!).
Atualmente, está explícito um paradigma da política brasileira: cargos,
dos mais importantes, como o de ministro, sendo negociados, como moedas de
troca, entre partidos, para benefícios políticos. Não! Cargos públicos devem
transcender a questão partidária e serem ocupados por pessoas técnica e
administrativamente competentes, preferencialmente escolhidas por seus pares.

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