José Antônio Bicalho
A presidente Dilma Rousseff prefere
compor a radicalizar, mesmo que isso signifique empurrar a economia ladeira
abaixo. Ao invés de ouvir seu próprio partido, opta por uma política econômica
conservadora e recessiva, muito ao gosto de seus adversários. Acredita que
conseguirá, assim, salvar seu mandato, enquanto na verdade o efeito será o
oposto.
Dilma só terá forças para enfrentar o
impeachment se a economia reagir. E o receituário para tal está esboçado no
Programa Nacional de Emergência, elaborado por petistas descontentes que tentam
forçar uma guinada à esquerda na política econômica. Ainda não tive acesso ao
documento, mas as linhas gerais que vazaram na imprensa mostram, ao menos,
coerência.
O que o partido propõe à presidente é
a utilização de parte das reservas internacionais (atualmente em cerca de R$
1,5 trilhão) para a criação de um fundo nacional de desenvolvimento, o
aprofundamento dos programas de distribuição de renda, uma forte redução da
taxa básica de juros e a volta da CPMF.
Seria preciso fazer mais, conforme já
defendi aqui, como o fim imediato dos leilões de swap e das recompras diárias
dos títulos da dívida pelo BC junto aos bancos comerciais (duas fontes de
sangria de dinheiro público que só favorecem especuladores e bancos).
Se assim o fizesse, Dilma talvez
salvasse seu mandato, afastando o baixo astral da recessão e injetando otimismo
nos empresários e trabalhadores. Se caísse, pelo menos cairia de pé, praticando
uma coerente política econômica desenvolvimentista e não ortodoxa. Se cair da
maneira como está, de joelhos para o mercado financeiro, será melancólico.
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