Márcio Doti
As nossas autoridades hoje estão
preocupadas em enfrentar de verdade os problemas nacionais ou simplesmente cada
um quer salvar a própria pele com a velha mania de manejar as palavras e
construir argumentos toscos, já incapazes de convencer alguém? Diante do quadro
grave e do palavrório adotado pelos personagens do governo e do PT, fica muito
difícil acreditar que alguém quer consertar alguma coisa. Qualquer pessoa
medianamente informada sabe minimamente do grau de dificuldade que o país está
enfrentando. Nunca é demais repetir que a situação é a mais grave que se
instalou entre nós, em toda a nossa história. Os números da economia são
terríveis. Mesmo sem alcançar os percentuais de inflação que já vivemos, mesmo
estando longe dos níveis de carestia. Se juntarmos todos os elementos que
compõem o quadro econômico vamos constatar que nunca foi tão ruim.
Principalmente porque a crise econômica não está sozinha, ela tem como
companheiras a crise política, de componentes jamais vistos e a crise ética ou
crise moral, de igual modo, nunca sentida. Se formos aprofundar, vamos
desdobrar os elementos que chegam junto com essas dificuldades políticas,
morais e econômicas. Os oportunistas surgem de várias partes, o desemprego traz
outros componentes, inclusive a violência, a máquina de estado tende a acumular
novos vícios, o “salve-se quem puder” deixa espaço para outro tipo de
oportunistas e por aí vai. Fome, miséria, indignação.
Tudo isto se assemelha a uma conversa
de mau agouro. Mas não é. Alguém, certa vez, disse algo muito óbvio embora
pouco utilizado, que se encaixa bem no momento. Temos um problema até
constatarmos que temos um problema. A partir daí, temos um desafio. As palavras
não são exatamente essas, acrescentei algumas por minha conta, mas a essência é
rigorosamente esta. A consciência da forma, da intensidade, do alcance, dos
desdobramentos é que nos leva a render tudo o que podemos e o quanto podemos.
CADÊ A CARTOLA?
Mágicos sem cartola. É isto que temos
visto. Enquanto esforçados e dedicados servidores da lei se esforçam para
prevalecer no cumprimento das normas, enfrentando poderosos magnatas, servidos
por hábeis e bem remunerados defensores e todos os favores possíveis, enquanto
as vertentes mais abnegadas da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e
da Justiça vão juntando o que conseguem para colocar em marcha o Brasil sonhado
pela maior porção da população. E o que fazem aqueles que têm sobre os ombros
as mais graves acusações, as mais graves suspeitas e as maiores culpas? Fazem
belos discursos como se não fossem eles os construtores de toda essa desordem,
de todos esses escândalos, seja pela permissividade alcançada por má
administração ou descontrole, seja pela desfaçatez que hoje enoja e horroriza.
São muitos os que não sabem de nada! E na verdade, os que não sabiam mesmo de
nada somos todos nós, por muito tempo.

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