sábado, 13 de fevereiro de 2016

O CARNAVAL SE FOI E OS PROBLEMAS PERMANECEM




Júlio Delgado


O Carnaval deste ano foi especialmente interessante para muitos personagens do cenário político brasileiro. Nos dias de celebração da maior festa popular do país, as crises e os escândalos deixaram de ser preferência nacional, ocuparam menor espaço no noticiário, e garantiram aos seus protagonistas alguns momentos preciosos longe dos holofotes. Passada a folia, entretanto, é hora de encarar a realidade. O Brasil vive um momento extremamente difícil, repleto de dramas econômicos e sociais, e depende totalmente do Congresso Nacional e da estrutura política do país para resolver seus dilemas mais urgentes.

Temos pela frente o desafio de vencer uma recessão econômica que, para alguns analistas, pode ser a pior de nossa história. Todas as avaliações são pessimistas para 2016 e 2017. Nossa produtividade continua em declínio, o desemprego avança em todos os setores e a inflação corrói a renda da população de maneira acelerada. Paralelamente a esses problemas, o alarmante risco de epidemias de dengue e zika vírus expõe a inaceitável precariedade sanitária do país em pleno século XXI.

Indiscutivelmente, grande parte dessas mazelas que experimentamos atualmente é resultado das estratégias de disputa pelo poder e do aparelhamento partidário das instituições públicas desenhadas pelo petismo nos últimos anos. Esse modelo pernicioso patrocinou escandalosos desvios de recursos públicos, em diferentes áreas da administração, e a péssima gestão do patrimônio nacional, como no caso da Petrobras e da própria economia do país.

Para sairmos desse buraco, precisamos esclarecer e resolver algumas questões políticas que interferem no andamento de qualquer proposta de recuperação pensada para o Brasil. Enquanto esses pontos não forem superados, ou ao menos encaminhados, a produção legislativa será duramente afetada, incluindo as discussões para a área econômica.

Na lista de prioridades já estavam os pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff e de afastamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Agora, eles ganharam companhia das denúncias e suspeitas relacionadas ao ex-presidente Lula e sua relação com empreiteiras ligadas ao esquema da Lava Jato.

Lula, Dilma e Cunha são lideranças com força no Parlamento. É moralmente reprovável, mas não surpreende que utilizem esse poder e influência para defender seus interesses. Assim como é certo que suas ações provoquem maior letargia nos trabalhos do Congresso e dificultem ainda mais nossa recuperação.

Essa é uma percepção dominante no país e, apesar de ser mais um elemento negativo da nossa realidade, significa uma luz no fim do túnel. Nos dias de Carnaval, enquanto a maioria dos políticos preferiu o isolamento para evitar constrangimentos públicos, participei de alguns eventos e festas comunitárias. Fui bem recebido por onde passei e conversei com muitas pessoas que compartilham da minha indignação com o Brasil de hoje. A irritação é evidente e marcante, mas ela não eliminou a esperança nem minou a disposição da maioria para cobrar explicações e soluções.

Na retomada dos trabalhos do Congresso Nacional, na próxima semana, a sociedade estará vigilante. A pausa para celebrar nossas tradições culturais foi um respiro também para a população tão maltratada pelo governo. Com o fim da folia, inaugura-se um novo ciclo que precisa ser tratado com seriedade, honestidade e respeito por todos os que fazem parte desse enredo.

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