domingo, 7 de fevereiro de 2016

O BRASIL NÃO PARTICIPA DE NADA GLOBALMENTE




Stefan Salej




O negócio é simples: um exportador de macadâmia do Brasil, que hoje exporta para os 12 países signatários do TPP – Acordo de Parceria Transpacífica – em relativa igualdade de condições, vai perder seu mercado.

Seus produtos serão taxados, e os produtos dos seus concorrentes desses países, não. Ou seja, hoje o seu produto e o da Austrália pagam a mesma taxa de importação nos Estados Unidos. Amanhã, o da Austrália será zerado, e o do Brasil vai pagar 20 %.

Outro caso é o do café brasileiro, a ser exportado para o Japão e os Estados Unidos. Os cafés do Peru, México e Indonésia não vão pagar nenhuma taxa. O do Brasil, sim.

Quando o acordo, do qual o Brasil não faz parte, for retificado pelos parlamentos dos doze países, e entrar em vigor, 70 % das taxas de importação serão zeradas. Ate 2030, 99 % do comércio entre países será feito com taxa zero. E os países do acordo perfazem 23 % do total do comércio mundial e 36 % do PIB do mundo.

E podemos citar mais e mais produtos brasileiros, tanto industriais como commodities, cujas exportações para esses países serão afetadas. Quanto e como, até agora não se viu, além de muito espanto e alguns estudos preliminares, nada por parte dos envolvidos no Brasil.

Aqui, ficamos surpresos com o acordo, depois de cinco anos de negociações, e ainda não sabemos em quanto vai reduzir nosso já reduzido PIB. No caso dos Estados Unidos, a parceria transpacífico vai acrescentar 0,5% no PIB e gerar 9.1% de aumento de exportações. Vai crescer o emprego na área de serviços, mas não na indústria.

Em resumo, todos os países vão se beneficiar do acordo. No caso brasileiro, estamos aguardando as ações do governo. Do governo que liquidou a ALCA, não conseguiu fechar acordo entre o Mercosul e a União Europeia e nos isolou do mundo.

Portanto, esperar o quê, a não ser uns acordinhos como com a Colômbia, na área automotiva, para mais uma vez beneficiar um setor que ganhou mais benefícios do que o Bolsa Família.

Se os empresários não se prepararem para esses desafios, e parece que as confederações da Indústria e Agricultura ainda não têm plano de ação, só se pode esperar um desastre maior do que o de Mariana.

Não sabemos reagir aos acordos que se fazem, ainda falta acordo entre a União Europeia e os Estados Unidos, e nem construímos os nossos.

O empresariado espera o governo, e este não é exportador. Então que os exportadores ajam!

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