Malco Camargos
Finalmente, a política deu alguns dias
de paz aos atores principais, aos coadjuvantes e também à plateia. O recesso no
Legislativo e no Judiciário foi capaz de apaziguar os ânimos neste início de
2016.
Contudo, a calma vivida na política
atualmente parece aquele período que antecede a uma tempestade. Assim que o
Carnaval passar, no início de fevereiro, com o retorno dos trabalhos no
Congresso e nos tribunais, o cenário voltará a ser de muita turbulência.
Logo no início dos trabalhos
legislativos, o primeiro tema em embate será interno, mas de grande importância
simbólica: a eleição do líder do PMDB. A dúvida é se a liderança do partido
continuará nas mãos do grupo que apoia a presidente Dilma ou se a bancada será
comandada pelos que seguem o quase deposto presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Não obstante, a disputa é mais
simbólica do que real, uma vez que o líder pode apontar a direção do voto da
bancada, mas não é capaz de decidir pelos parlamentareis do partido
individualmente. Em outras palavras, caso vença um lado ou outro, o PMDB
continuará a ser o PMDB de sempre, articulando individualmente e com pouca
coesão na hora de votar. Ao que tudo indica, o partido continuará dividido em
2016.
Paralelamente a questões internas do
PMDB, o Legislativo viverá questões de suma importância. A primeira delas será
o trâmite do processo de impedimento da presidente Dilma. O rito definido pelo
Supremo Tribunal Federal começará a ser colocado em prática e culminará com a
votação em plenário, no qual o governo precisará de 170 votos para liquidar o
processo naquela casa. Caso não obtenha esse quórum, dependerá da votação de
maioria simples no Senado e, caso o processo prossiga, de mais de 1/3 dos votos
da Câmara Alta.
Com impactos diretos na política,
teremos também, logo no início do ano legislativo, que lidar com os atos da
Operação Lava-Jato e da Procuradoria Geral da República, que cada vez mais
chega perto de atores da política. A começar pelo presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, passando pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, e também de um
número ainda desconhecido de deputados e senadores. Em 2016, poderemos ter uma
avalanche de processos e cassações na esfera política.
Como se não bastasse, em 2016 teremos
eleições municipais e, como vários membros do Executivo serão candidatos, uma
reforma ministerial deve vir logo no início do ano para dar vez àqueles que
querem disputar mandatos nas eleições.
Todos estes atos políticos acontecem
concomitantemente com um cenário externo adverso, com a crise na economia da
China e, também, a queda dos preços das commodities. Estes fatores, somados a
questões internas em que a economia vem sendo marcada pela recessão, inflação e
desemprego crescente, trazem maus prognósticos para o ano que se inicia.
Apesar da calma que antecede todas
essas tempestades, dizem que depois que a chuva cai vem a bonança. Seguimos
esperando e orando.
*Doutor em Ciência Política, professor da PUC Minas e diretor do Instituto Ver
*Doutor em Ciência Política, professor da PUC Minas e diretor do Instituto Ver
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