terça-feira, 12 de janeiro de 2016

SALVE-SE QUEM PUDER



  

Márcio Doti


 
Com o país vivendo uma crise como jamais viveu, se é que não são as tais três crises, a econômica, a política e a moral ou ética, as forças dos cidadãos devem ser guardadas para lutar a luta que valha a pena. Qual é a luta que vale a pena? Aquela que nos conduzir por caminhos menos penosos, já que caminhos agradáveis não teremos, por mais que as vozes palacianas tentem passar a idéia de que a crise vai acabar ali na frente. Não adianta esse jogo de palavras, essas trocas de farpas entre os poucos que ainda insistem em não enxergar os pecados do governo e os erros que nos conduziram até aqui.
O Brasil vive uma inflação como não vivia há mais de uma década, continua descendo uma ladeira perigosa de desemprego e queda nas atividades produtivas, com a indústria despencando e o pior de tudo: nenhum sinal de recuperação. As próprias vozes oficiais quando são ouvidas admitem que com muita boa vontade chegaremos ao final do ano com algumas luzes de melhor quadro econômico. Assim mesmo, é claro que precisamos atravessar esse ano político com muita determinação governamental da presidente Dilma para resistir aos apelos, às pressões que virão dos palanques, virão dos carros de som das lideranças sindicais, virão da classe política, enfim, estarão chegando de várias partes para cobrar dinheiro, benefícios sociais, assistencialismo, paternalismos e todos os “ismos” com os quais o PT acostumou seus defensores mais ferrenhos, mas que não poderá vir com a mesma abundância, sob o risco de uma derrocada muito triste e sem conserto.
Guardar forças para cobrar o melhor, o mais sério, o mais certo, é o que devem fazer os cidadãos, a despeito dos poucos e ferrenhos defensores do que aí está, numa defesa cega, inconsequente, incapaz de casar com a realidade triste dos números e das cenas que nos atormentam. Há gente que ainda acredita que a economia vai muito bem, a julgar pelo movimento dos carros nas estradas de janeiro, sem perceber que no mínimo isso representará uma triste ressaca que virá antes mesmo do carnaval e que já está estampada nos indicadores a cada dia piores da economia. Chegamos ao ponto que mesmo sem torcer percebemos há mais tempo. O ponto em que não adianta fingir que está tudo bem, o ponto em que não vale mais o discurso falso, a incrível capacidade de sorrir diante de tamanha amargura, de tanto sofrimento e da demonstração inequívoca de tanta incapacidade administrativa. Defender o que aí está é enterrar-se a si próprio num buraco sem fundo. Só se admite tal coisa vinda dos que dependem da manutenção desse quadro político para assegurar salários que não necessitam da produção, que são os salários vindos dos cofres públicos, combalidos, já patrocinando atrasos como acontece no governo de Minas e como tristemente está se espalhando Brasil afora.


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