Márcio Doti
Com o país vivendo uma crise como
jamais viveu, se é que não são as tais três crises, a econômica, a política e a
moral ou ética, as forças dos cidadãos devem ser guardadas para lutar a luta
que valha a pena. Qual é a luta que vale a pena? Aquela que nos conduzir por
caminhos menos penosos, já que caminhos agradáveis não teremos, por mais que as
vozes palacianas tentem passar a idéia de que a crise vai acabar ali na frente.
Não adianta esse jogo de palavras, essas trocas de farpas entre os poucos que
ainda insistem em não enxergar os pecados do governo e os erros que nos
conduziram até aqui.
O Brasil vive uma inflação como não
vivia há mais de uma década, continua descendo uma ladeira perigosa de
desemprego e queda nas atividades produtivas, com a indústria despencando e o
pior de tudo: nenhum sinal de recuperação. As próprias vozes oficiais quando
são ouvidas admitem que com muita boa vontade chegaremos ao final do ano com
algumas luzes de melhor quadro econômico. Assim mesmo, é claro que precisamos
atravessar esse ano político com muita determinação governamental da presidente
Dilma para resistir aos apelos, às pressões que virão dos palanques, virão dos
carros de som das lideranças sindicais, virão da classe política, enfim,
estarão chegando de várias partes para cobrar dinheiro, benefícios sociais,
assistencialismo, paternalismos e todos os “ismos” com os quais o PT acostumou
seus defensores mais ferrenhos, mas que não poderá vir com a mesma abundância,
sob o risco de uma derrocada muito triste e sem conserto.
Guardar forças para cobrar o melhor, o
mais sério, o mais certo, é o que devem fazer os cidadãos, a despeito dos
poucos e ferrenhos defensores do que aí está, numa defesa cega, inconsequente,
incapaz de casar com a realidade triste dos números e das cenas que nos
atormentam. Há gente que ainda acredita que a economia vai muito bem, a julgar
pelo movimento dos carros nas estradas de janeiro, sem perceber que no mínimo
isso representará uma triste ressaca que virá antes mesmo do carnaval e que já
está estampada nos indicadores a cada dia piores da economia. Chegamos ao ponto
que mesmo sem torcer percebemos há mais tempo. O ponto em que não adianta
fingir que está tudo bem, o ponto em que não vale mais o discurso falso, a
incrível capacidade de sorrir diante de tamanha amargura, de tanto sofrimento e
da demonstração inequívoca de tanta incapacidade administrativa. Defender o que
aí está é enterrar-se a si próprio num buraco sem fundo. Só se admite tal coisa
vinda dos que dependem da manutenção desse quadro político para assegurar
salários que não necessitam da produção, que são os salários vindos dos cofres
públicos, combalidos, já patrocinando atrasos como acontece no governo de Minas
e como tristemente está se espalhando Brasil afora.
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