Jornal Hoje em Dia
O governo joga hoje mais uma cartada
na tentativa de recuperar sua credibilidade. Retorna com uma instituição que
havia há muito deixado de lado, o Conselhão, alcunha do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social. São 90 integrantes, entre membros do
governo e representantes da sociedade civil, sobretudo empresários. Aliás, por
parte destes últimos, deve ouvir pedidos para que tome medidas efetivas para
estimular a recuperação da economia.
E é aí que o governo fará seu lance
mais ousado. Pretende anunciar uma linha de crédito no valor de R$ 50 bilhões,
via Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) e Caixa Econômica Federal, para estimular os investimentos, sobretudo
na construção civil, que tem resposta rápida em termos de criação de postos de
trabalho.
Também foram planejados financiamentos
específicos para a indústria e o agronegócio, com foco no pequeno e no médio
empresário, conforme apuraram em Brasília as agências de notícias. O curioso é
que um dos membros do Conselhão será Guilherme Afif Domingos, presidente do
Sebrae, serviço de apoio às empresas menores, que nunca fora convidado antes.
Já escaldados com outras medidas
governamentais que não resultaram em nada, os economistas e analistas veem com
reservas essa nova iniciativa. A começar do próprio Conselhão. Criado pelo
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, como uma forma de “dialogar
com a sociedade”, nunca teve participação efetiva nas decisões do governo. E
fora extinto em 2014 por Dilma Rousseff, que não é do tipo que gosta de
palpites.
Sobre a ampliação do crédito, parece a
reedição da fórmula utilizada por Lula, em outros tempos, de estimular o
consumo para reativar a economia. O PT e o próprio Lula vêm batendo nessa
tecla. Teriam até impedido o aumento da taxa básica de juros na última reunião
do Comitê de Política Monetária. Ocorre que na época de Lula a economia estava
aquecida pela alta dos preços dos produtos primários de exportação.
No momento atual, diante das
incertezas da economia, alta do desemprego e inflação alta, consumo é em que
menos pensa a população. Como disse um analista, o problema não é de oferta,
mas da falta de procura, porque falta renda.

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