É assim que deve ser. Constatado o
erro, a polícia investiga, reúne provas, prende, abre inquérito, trabalha com o
Ministério Público e todo o resultado vai para as mãos da Justiça. Esta, por
sua vez, confere, aprofunda e então confronta o apurado com as leis para
absolver ou condenar. Simplificando bastante é isto que deve acontecer. Todos
juntos trabalhando para o sossego da sociedade, separando-se os bons dos maus,
praticando justiça toda vez que algo ameaça a paz e a harmonia entre cidadãos e
instituições. Agora, por exemplo, a Polícia Federal acaba de desfechar mais uma
etapa da Operação “Lava Jato” ao prender gente ligada à Cooperativa Habitacional
dos Bancários de São Paulo (Bancoop), que foi fundada e presidida pelo hoje
ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini. Em 2010, João Vaccari
Neto, ex-tesoureiro do PT, foi diretor da cooperativa e depois seu presidente.
Neste cargo foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por suspeita de
desvio de dinheiro para abastecer campanhas eleitorais do PT. A promotoria
também suspeita que o condomínio foi usado para lavar dinheiro e a Polícia
Federal trabalha com essa suspeita. O ex-presidente Lula adquiriu uma cota de
participação no prédio e, ao disputar a reeleição em 2006, informou à Justiça
Eleitoral ter pago à Bancoop R$ 47 mil, embora corretores afirmem que o imóvel
vale R$1,5 milhão.
O CARRO NÃO PODE ENGUIÇAR
Com isto, vai em frente a Polícia
Federal, o Ministério Público, ambos fazendo as suas partes. Buscam agora
descobrir se esse Bancoop esconde dinheiro de gente importante. Vai entregar
para a Justiça e seguir adiante abrindo outras frentes. No que a “Lava Jato”
tem deparado com gente sem foro privilegiado o carro está andando. Sentenças,
condenações e prisões. Mas há gente envolvida no trajeto das operações Zelotes
e “Lava Jato” que tem foro privilegiado e em função disso só pode ser
“incomodada” se um dos relatores dessas operações, que são ministros do Supremo
Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça autorizar, determinar ou
submeter ao plenário a que pertencem. Tem muita gente importante nessa
situação, entre elas, o governador de Minas, Fernando Pimentel, investigado
pela Zelotes no caso da facilitação de benefícios a montadoras de veículos em
fase posterior à do ex-presidente Lula. Também da Operação Acrônimo que
investiga caixa dois de campanha, lavagem de dinheiro e outras irregularidades
de que são alvo de investigações o governador dos mineiros, sua esposa Carolina
Oliveira e seu amigo Bené, o Benedito de Oliveira. Este, muito enfronhado no
governo, dono de vários contratos milionários e muitas ações de intermediação
mesmo depois que Pimentel deixou o Ministério do Desenvolvimento, onde além das
montadoras também facilitou financiamentos através do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social), um banco de fomento sob as ordens do
ministério que dirigiu. É natural que a sociedade esteja ansiosa por ver
resultados de tantos escândalos, tantos absurdos que vieram a público,
incomodaram, revoltaram, indignaram, mas que até hoje não passaram das
constatações policiais.

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