Jornal Hoje em Dia
No mesmo dia útil em que os moradores
da região metropolitana de BH passaram a conviver com a passagem de ônibus mais
cara, cuja tarifa média passou de R$ 3,40 para R$ 3,70 desde domingo, também
outros 180 produtos tiveram suas alíquotas de ICMS, o imposto estadual,
aumentadas. E em época de início de ano, se sobressaem as elevações da
tributação sobre o material escolar.
No caso das passagens de ônibus, o
aumento acumulado chegou a 12,89%, percentual acima da inflação em 12 meses,
que na capital foi de 10,97%. No caso do material escolar, a alíquota do ICMS
passou de 12% para 18%. Conforme mostra reportagem nesta edição, o repasse ao
preço final ao consumidor, em alguns casos, pode não ser imediato, o que proporciona
uma oportunidade para economizar, desde que os pais corram às papelarias.
Na semana passada, a presidente da
República autorizou o reajuste do salário mínimo, que passou de R$ 788 para R$
880. Isso representa um aumento de 11,67%, também acima da inflação. Com todos
esses impactos na economia, os analistas dizem que tão cedo o governo não
chegará à sua meta de conter a inflação a 4,5%. Os preços não vão ceder,
afirmam.
Um problema que o Brasil vem vivendo,
e que há muitos anos não via, é a indexação da economia. Em períodos de
inflação galopante, como no início dos anos 90, é aceitável essa indexação,
para tentar, o mínimo que seja, recuperar o poder de compra dos salários, por
exemplo. O problema é que essa agregação gera mais inflação.
Cria-se um círculo vicioso, é como se
o cachorro estivesse correndo atrás do rabo. Os economistas são unânimes em
afirmar que do aluguel às tarifas de ônibus, do salário mínimo à mensalidade
escolar, o brasileiro convive com a indexação em boa parte da economia. Quanto
maiores os reajustes, como com as passagens de ônibus, o salário mínimo e o
material escolar, maior será a inflação futura.
Ninguém quer sair perdendo, e todos
acabam perdendo. E o governo, que diz se empenhar em conter a inflação, é um
dos principais responsáveis pela indexação existente, quando represa os
chamados preços administrados – gasolina, eletricidade, gás – de acordo com a
conveniência política, e depois promove aumentos absurdos, como aconteceu em
2015.
Enfim, se não se acabar com o automatismo
na economia brasileira, será difícil domar a inflação.
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