terça-feira, 5 de janeiro de 2016

QUEM VAI CONTER O DESCALABRO DO REAJUSTE DE PREÇOS DO GOVERNO?





Jornal Hoje em Dia





No mesmo dia útil em que os moradores da região metropolitana de BH passaram a conviver com a passagem de ônibus mais cara, cuja tarifa média passou de R$ 3,40 para R$ 3,70 desde domingo, também outros 180 produtos tiveram suas alíquotas de ICMS, o imposto estadual, aumentadas. E em época de início de ano, se sobressaem as elevações da tributação sobre o material escolar.

No caso das passagens de ônibus, o aumento acumulado chegou a 12,89%, percentual acima da inflação em 12 meses, que na capital foi de 10,97%. No caso do material escolar, a alíquota do ICMS passou de 12% para 18%. Conforme mostra reportagem nesta edição, o repasse ao preço final ao consumidor, em alguns casos, pode não ser imediato, o que proporciona uma oportunidade para economizar, desde que os pais corram às papelarias.

Na semana passada, a presidente da República autorizou o reajuste do salário mínimo, que passou de R$ 788 para R$ 880. Isso representa um aumento de 11,67%, também acima da inflação. Com todos esses impactos na economia, os analistas dizem que tão cedo o governo não chegará à sua meta de conter a inflação a 4,5%. Os preços não vão ceder, afirmam.

Um problema que o Brasil vem vivendo, e que há muitos anos não via, é a indexação da economia. Em períodos de inflação galopante, como no início dos anos 90, é aceitável essa indexação, para tentar, o mínimo que seja, recuperar o poder de compra dos salários, por exemplo. O problema é que essa agregação gera mais inflação.

Cria-se um círculo vicioso, é como se o cachorro estivesse correndo atrás do rabo. Os economistas são unânimes em afirmar que do aluguel às tarifas de ônibus, do salário mínimo à mensalidade escolar, o brasileiro convive com a indexação em boa parte da economia. Quanto maiores os reajustes, como com as passagens de ônibus, o salário mínimo e o material escolar, maior será a inflação futura.

Ninguém quer sair perdendo, e todos acabam perdendo. E o governo, que diz se empenhar em conter a inflação, é um dos principais responsáveis pela indexação existente, quando represa os chamados preços administrados – gasolina, eletricidade, gás – de acordo com a conveniência política, e depois promove aumentos absurdos, como aconteceu em 2015.

Enfim, se não se acabar com o automatismo na economia brasileira, será difícil domar a inflação.

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