quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

PODEROSOS REUS DA LAVA JATO



  

Márcio Doti




Começa a mostrar as suas garras um movimento aparentemente só de advogados contra a mais elogiada e vitoriosa operação de combate à corrupção já desfechada no Brasil. Esse movimento, que num primeiro momento divulgou uma carta aberta, apoiado pelo presidente do PT, Rui Falcão, por razões muito lógicas, representa o que há de mais desrespeitoso ao interesse do povo brasileiro. É como se de repente se juntassem os praticantes de determinados crimes para criticar e tentar impor rótulos de radicais em corporações de combate ao crime que estivessem levando para a cadeia bandidos que atormentam a vida dos cidadãos de bem.
Para explicar esse absurdo só um ambiente em que faltam panelas nas mãos dos milhões que são vítimas dessa manobra sórdida e de indisfarçável atrevimento. Os réus da Lava Jato são poderosos proprietários ou diretores de empresas apanhadas pelos defensores da lei e que ontem abasteciam os bolsos dos operadores do poder com um dinheiro tirado dos brasileiros para encher, sobretudo, os seus próprios cofres com muita fartura e total impunidade. Eles tinham como parceiros os membros de partidos poderosos e da política que hoje navegam no mesmo iate às escondidas e em armações para desmontar os braços da Justiça, representados pelos setores não políticos e menos poderosos da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da própria Justiça do país.
O advogado Nabor Bulhões, que defende Marcelo Odebrecht, concede entrevista ao jornal “Folha de São Paulo” e faz inúmeras críticas ao juiz Sérgio Moro, repetindo o que fizeram advogados que lançaram a tal carta com o mesmo propósito de atacar a Lava Jato. Além de uma brilhante carreira de advogado, Bulhões tem em seu currículo a atuação como defensor do ex-presidente Fernando Collor no processo de impeachment, o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o governo da Itália no processo de extradição de Cesare Battisti. São réus conhecidíssimos.
Era de se esperar que em meio aos preparativos feitos pelos palácios de Brasília e alguns palácios estaduais, como derrubar a Lei Anticorrupção e permitir que empresas às voltas com acusações de corrupção continuem prestando serviços e fornecendo materiais aos governos, também viessem aqueles preparativos originários dos poderosos endinheirados, amigos do poder, amigos do ex-presidente Lula, favorecidos por qualquer governo, a se lançar audaciosamente contra a única coisa verdadeiramente séria do Brasil atual, tão atolado em lama, qual seja o aparato baseado em Curitiba e do qual fazem parte a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o bem disposto e determinado juiz federal Sérgio Moro.
Que façam jus aos milhões que ganham esses advogados. Mas que não joguem pedras em quem está conseguindo desenterrar tantos malfeitores, tantos crápulas que se apoderam do sagrado dinheiro que pertence aos brasileiros, necessitados de itens básicos, enquanto esses se fartam indevidamente de tantos milhões de dólares e de reais. Mas no Brasil dos nossos dias, convenhamos, vale tudo.

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