Márcio Doti
Começa a mostrar as suas garras um
movimento aparentemente só de advogados contra a mais elogiada e vitoriosa
operação de combate à corrupção já desfechada no Brasil. Esse movimento, que
num primeiro momento divulgou uma carta aberta, apoiado pelo presidente do PT,
Rui Falcão, por razões muito lógicas, representa o que há de mais desrespeitoso
ao interesse do povo brasileiro. É como se de repente se juntassem os
praticantes de determinados crimes para criticar e tentar impor rótulos de
radicais em corporações de combate ao crime que estivessem levando para a
cadeia bandidos que atormentam a vida dos cidadãos de bem.
Para explicar esse absurdo só um
ambiente em que faltam panelas nas mãos dos milhões que são vítimas dessa
manobra sórdida e de indisfarçável atrevimento. Os réus da Lava Jato são
poderosos proprietários ou diretores de empresas apanhadas pelos defensores da
lei e que ontem abasteciam os bolsos dos operadores do poder com um dinheiro
tirado dos brasileiros para encher, sobretudo, os seus próprios cofres com
muita fartura e total impunidade. Eles tinham como parceiros os membros de
partidos poderosos e da política que hoje navegam no mesmo iate às escondidas e
em armações para desmontar os braços da Justiça, representados pelos setores
não políticos e menos poderosos da Polícia Federal, do Ministério Público
Federal e da própria Justiça do país.
O advogado Nabor Bulhões, que defende
Marcelo Odebrecht, concede entrevista ao jornal “Folha de São Paulo” e faz
inúmeras críticas ao juiz Sérgio Moro, repetindo o que fizeram advogados que
lançaram a tal carta com o mesmo propósito de atacar a Lava Jato. Além de uma
brilhante carreira de advogado, Bulhões tem em seu currículo a atuação como
defensor do ex-presidente Fernando Collor no processo de impeachment, o
bicheiro Carlinhos Cachoeira e o governo da Itália no processo de extradição de
Cesare Battisti. São réus conhecidíssimos.
Era de se esperar que em meio aos
preparativos feitos pelos palácios de Brasília e alguns palácios estaduais,
como derrubar a Lei Anticorrupção e permitir que empresas às voltas com
acusações de corrupção continuem prestando serviços e fornecendo materiais aos
governos, também viessem aqueles preparativos originários dos poderosos
endinheirados, amigos do poder, amigos do ex-presidente Lula, favorecidos por
qualquer governo, a se lançar audaciosamente contra a única coisa
verdadeiramente séria do Brasil atual, tão atolado em lama, qual seja o aparato
baseado em Curitiba e do qual fazem parte a Polícia Federal, o Ministério
Público Federal e o bem disposto e determinado juiz federal Sérgio Moro.
Que façam jus aos milhões que ganham
esses advogados. Mas que não joguem pedras em quem está conseguindo desenterrar
tantos malfeitores, tantos crápulas que se apoderam do sagrado dinheiro que
pertence aos brasileiros, necessitados de itens básicos, enquanto esses se
fartam indevidamente de tantos milhões de dólares e de reais. Mas no Brasil dos
nossos dias, convenhamos, vale tudo.
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