domingo, 17 de janeiro de 2016

ESTAMOS MAIS PARA A VENEZUELA DO QUE PARA A ARGENTINA



  

Ricardo Galuppo


O ambiente político brasileiro tem evoluído a passos tão cambaleantes que, por mais novidades que surjam, os problemas parecem não sair do lugar. Para qualquer lado que se olhe, a sensação é a de que nada se move: o governo se recusa a assumir sua responsabilidade sobre a crise e exige mais e mais impostos da sociedade. O Congresso só se mexe em troca de cargos ou verbas. A situação da economia piora a todo instante. E assim, a vida segue... O fato, porém, é que mais dia, menos dia, o país terá que escolher um caminho. E pelas opções que se apresentam, terá que tomar uma estrada semelhantes à da Argentina ou se afundar no lodaçal que parece ser o destino da Venezuela. Essa é a encruzilhada nacional.

O Brasil, assim como os dois vizinhos, vive o esgotamento da experiência populista que se abateu sobre boa parte da América do Sul neste início de século. Tal política (sem considerar as ações praticas por baixo dos panos) consistiu na distribuição a torto e a direito de “benefícios sociais” sem a preocupação de construir um alicerce econômico capaz de sustentar tais compromissos de forma duradoura. Deu errado, como era de se esperar. E por toda parte o modelo desmoronou.

Consequências diferentes
No ano passado, tanto a Argentina quanto a Venezuela aproveitaram a chance oferecida pelo calendário eleitoral e disseram não ao populismo. A Argentina elegeu Maurício Macri para a presidência da República. E a Venezuela, mesmo com toda a manipulação eleitoral de Nicolás Maduro, elegeu um Congresso com mais de dois terços de parlamentares contrários ao governo.


O problema é que o “não” que as duas sociedades disseram produziram consequências diferentes num país e no outro. A Argentina se reconciliou com o bom senso. Tomou algumas medidas sensatas que, pouco a pouco, podem tirá-la da arapuca populista armada por Cristina Kirchner. Mais do que isso, caminha para assumir aos olhos do mundo o protagonismo sul-americano do qual o Brasil abriu mão ao se alinhar com o que existe de mais atrasado no continente.


A Venezuela, por sua vez, ignora o desejo da sociedade e, em lugar de deixar para trás o populismo, se assume cada vez mais como uma ditadura que insiste em repartir o que não tem. A falta de vergonha é tanta que, na sexta-feira passada, Maduro se valeu da crise econômica que ele mesmo criou para tirar os poderes do congresso eleito pelo povo. E o Brasil? Que caminho seguirá?


Cangote baixo
Se dependesse do desejo do governo, o caminho já estaria traçado. A subserviência do Brasil em relação a Caracas é de dar vergonha. Na quinta-feira passada, o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira esteve em Buenos Aires para uma reunião com a chanceler argentina Susana Malcorra. Ao final do encontro, foi perguntado por jornalistas sobre as afrontas de Maduro ao resultado das urnas na Venezuela. As respostas evasivas de Vieira foram vistas como um sinal de que o Brasil diz amém às medidas ditatoriais de Caracas.


A consequência dessa diplomacia do cangote baixo é o desrespeito ao Brasil no cenário internacional. Se dependesse apenas do governo que Vieira representa, ninguém duvida que o país seguiria o rumo da Venezuela. Mas a sociedade, pelo que tudo indica, parece preferir um caminho como o da Argentina. Vamos ver no que vai dar.

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