Opinião Jornal Hoje
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Ao que tudo indica, em 2016 viveremos
mais uma “eleição crítica”, em que se criam oportunidades para realinhamentos
eleitorais e partidários. Desde a Constituição de 1988, passaram-se sete
eleições gerais e seis eleições municipais e, entre estes 13 pleitos, apenas um
foi considerado por analistas como uma “eleição crítica”.
O fato se deu em 2006, quando pela
primeira vez houve uma distinção no voto entre os que detinham mais recursos e
moravam no Sul e Sudeste, daqueles que detinham menos recursos e moravam no
Norte e Nordeste. Foi nesta eleição que a polarização PT e PSDB, que vinha se
acentuando, tornou-se hegemônica no território nacional.
Desde aquela eleição, o tema da
corrupção e o tamanho do Estado têm gerado uma segmentação forte entre os
eleitores brasileiros. Os mais críticos em relação à corrupção se afastaram do PT
desde que a sua imagem foi maculada pelo episódio do mensalão, seja na direção
de partidos de direita ou de outros mais à esquerda no espectro partidário.
De outro lado, o contingente que já
não gostava do PT por questionar suas políticas sociais veio aumentando pleito
após pleito, gerando uma polarização cada vez maior com o principal partido de
oposição, o PSDB. A disputa entre PT e PSDB marcou as eleições presidências e
foi também tema em vários pleitos estaduais e centenas de disputas municipais.
Não há dúvidas que o partido que mais
ascendeu na política brasileira nos últimos tempos, o PT, passará por uma crise
nos próximos pleitos. Os escândalos de corrupção, somados ao baixo crescimento
econômico, desemprego e inflação crescentes, fazem com que o capital eleitoral
do partido fique bastante debilitado.
Se até 2014 disputar uma eleição pelo
PT era um bônus para os candidatos, permitindo sair na disputa com uma vantagem
sobre os demais adversários, em 2016 e, provavelmente, nos próximos pleitos
será um ônus com os candidatos do partido enfrentando uma rejeição inerente ao
Partido dos Trabalhadores. Em outras palavras, se ser do PT antes era uma
vantagem, agora vai ser uma desvantagem para os candidatos.
Porém, apenas essa mudança no PT não
seria suficiente para gerar uma nova eleição crítica, pois seria natural que o
principal partido de oposição ganhasse o que o PT vem perdendo. Acontece que
não é isto o que vem acontecendo na política brasileira. A disputa não se dá
como um jogo de soma zero, onde o PSDB ganha o que o PT perde.
No cenário atual, o eleitor está muito
insatisfeito com o que o PT tem entregue, mas também não vê expectativas de
melhoras caso o PSDB esteja no poder. Sendo assim, os candidatos têm que se
preparar para lidar com novas escolhas.
Em 2016, podemos ter a ascensão de
petistas que não defendem o partido, de candidatos do PSDB com um discurso
diferente daquele que tem sido propagado em Brasília e que não tem agradado ao
eleitor, ou de membros de novos partidos com uma nova proposta de fazer
política.
Por tudo isso, ao que tudo indica,
teremos neste ano mais uma “eleição crítica”, ou seja, diminuição da
polarização PT X PSDB e a oportunidade de surgimento de novos protagonistas.
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