Márcio Doti
Com uma extensa folha de operações
realizadas desde o Mensalão e mais recentemente nos escândalos da Petrobras, a
Polícia Federal conquistou a admiração dos brasileiros a partir de seu trabalho
na Operação Lava Jato, em conjunto com o Ministério Público Federal e o juiz
Sérgio Moro, todos baseados em Curitiba. Bilhões de reais e milhões de dólares
saíram das sombras revelando políticos, funcionários, lobistas implicados em
gigantescos escândalos. Certamente que pela quantidade de pessoas importantes
apanhadas pelas investigações da Polícia Federal não é difícil deduzir que
muita gente influente deseja ver desaquecidas as operações que, apesar de terem
levantado muito, ainda não esgotaram as fontes de desvio de dinheiro público e
de gastos abusivos através de superfaturamento e negociações fraudulentas.
Querem prender a Polícia Federal,
impedir ou dificultar os seus passos da pior maneira qual seja a de retirar-lhe
os recursos com os quais paga as despesas com as operações e com as investigações.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, garante que o corte de R$133
milhões no orçamento da Polícia Federal será desfeito e o órgão seguirá com a
sua capacidade de investigar e combater os crimes cometidos contra o patrimônio
e o interesse do povo brasileiro. O ministro da Justiça garante que estão sendo
estudadas formas de evitar que a polícia sofra cortes e garante que as
operações Lava Jato, Zelotes e Acrônimo seguirão apurando os fatos graves já
levantados pela corporação.
Há grandes motivos para preocupação,
já que aqui mesmo em Minas Gerais, uma equipe inteira da Polícia Federal foi
impedida de completar o trabalho que fazia na Operação Acrônimo por ordem de
ministro do Supremo que não autorizou a entrada dos policiais na residência oficial
do governador Fernando Pimentel, que vem sendo investigado tanto na Operação
Acrônimo quanto na Operação Zelotes, aquela que investiga lavagem de dinheiro,
caixa dois de campanha por parte do governador mineiro. A outra, a Acrônimo,
apura recebimento de propina em troca de favores fiscais concedidos pelo
Ministério do Desenvolvimento ao tempo em que Pimentel era o ministro e, logo
depois, quando ocupava o cargo o atual presidente da Cemig, Mauro Borges.
O trabalho realizado pela Polícia
Federal vem granjeando simpatia da população, mesmo que o prosseguimento das
investigações contrarie muita gente importante que prefere torcer para que os
federais sejam barrados. O próprio governador Fernando Pimentel ligou para o
ministro Cardozo, protestou pelas operações realizadas em Minas e que incluíram
buscas em escritório que mantém junto com auxiliares, entre eles, Otílio Prado,
seu ex-sócio, sua esposa, Carolina Oliveira, e seu amigo Benedito de Oliveira.
Mas se são tantos os que pretendem “prender” a Polícia Federal e impedir os
seus passos, é certo que são muitos mais aqueles que torcem pelo prosseguimento
das operações e das investigações na luta pela construção de um país menos
enlameado.
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