Simone Demolinari
“Eu tinha 15 anos quando comecei a
assistir a pornografia, após meus pais me comprarem um laptop. Fiz o que
praticamente todo adolescente faz e procurei sites de pornografia. Eu não
conseguia ter ereções com mulheres de verdade porque eu tinha assistido a tanta
pornografia. Não era mais excitante estar com uma mulher de verdade. Me sentia
mal, não sabia o que havia de errado comigo. Sexualmente, não conseguia sentir
nada por ninguém. Não tinha libido, minha libido parecia falsa. Eu tinha libido
por pornografia, mas não por seres humanos reais”.
Este é o depoimento de Daniel Simmons
para BBC Brasil, um jovem de 23 anos viciado em pornografia.
Com a ajuda da internet, o consumo de
conteúdo pornográfico aumentou consideravelmente nos últimos anos. Fotografias
e vídeos de teor sexual são disponibilizados e compartilhados livre e
diariamente. O problema é que isso pode causar sérias consequências e uma delas
é a dependência.
Viciados costumam passar horas do seu
dia em função dessa atividade, inclusive comprometendo o lado profissional,
familiar e social. Não é à toa que a pornografia é considerada a droga virtual.
Usuários em busca da excitação querem cada vez mais. Funciona da mesma forma
que outras dependências, conforme a exposição aumenta-se a tolerância, sendo
necessário aumentar a dose.
Outro problema que o vício em
pornografia pode causar é a fantasia idealizada. Indivíduos que consomem muito
esse tipo de conteúdo passam a considerar aquilo como ideal de prazer, julgando
sua vida sexual cada vez mais sem graça. Ao assistir aos filmes pornôs, parece
que as pessoas esquecem que os partícipes são atores, que as cenas são
friamente calculadas e que muitas vezes os gemidos são de dor.
Na produção de um vídeo erótico não há
compromisso com o prazer, mas sim com a técnica. Mesmo assim, aquelas imagens
parecem ficar introjetadas no imaginário.
Quando se vai para a vida real, a
dinâmica é outra. Os protagonistas não são tão performáticos quanto os atores.
Há limitações físicas, morais, incômodos, desencontros e isso causa no
indivíduo uma grande frustração. Muitas vezes, durante a prática sexual, é
preciso recorrer aos vídeos pornográficos para estimular a fantasia, uma vez
que o parceiro não é o bastante.
Há casos em que a pessoa chega a
considerar mais prazeroso a masturbação ao sexo presencial, devido ao nível de
dependência à pornografia.
Estima-se que 37% do que é
compartilhado na internet seja conteúdo pornográfico sendo o grande público
masculino. Dessa forma cria-se um novo problema. Muitas mulheres, para agradar
seus parceiros, fingem gostar da prática, demonstram-se excitadas enquanto na
verdade dispensariam esse recurso na hora do sexo. Algumas cansam de fingir e
abrem o jogo com seus parceiros, outras sustentam a farsa.
Em tese, a pornografia tem a intenção
de estimular o prazer, mas, na prática, o que se vê é uma dependência e um
eventual empobrecimento da relação sexual.
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