Orion Teixeira
O presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB), já cumpriu seu papel no confronto entre seu partido, ou
partes dele, contra o governo Dilma, quando aceitou o pedido de impeachment.
Ele ainda continuará criando
dificuldades, manobras e cascas de banana no processo de impeachment enquanto
for presidente (pode ser afastado a qualquer momento, já que é “réu” no
Conselho de Ética), mas o duelo principal será, a partir de agora, entre a
presidente e o seu vice-presidente.
Desde a aceitação do pedido de
impedimento, o episódio expôs o nível de deterioração entre Dilma Rousseff (PT)
e Michel Temer (PMDB). “Espero total confiança dele” (Dilma); “ela nunca
confiou em mim ou no PMDB” (Temer). Pelo que se viu, bastava uma gota d’água,
um empurrãozinho para o rompimento; o que dirá um confronto turbulento do
tamanho do impeachment.
O fogo amigo do PMDB pode virar, ou já virou, oposição declarada ao governo petista, que, sem seu principal aliado, tem o futuro ainda mais incerto. A oposição anterior, formada pelos tucanos e aliados, está de espectadora, aguardando o momento de entrar em cena. Não o fará imediata e automaticamente, embora seja sabidamente contra a presidente, mas o impedimento dela exigirá reposionamento com relação a eventual governo do PMDB.
O fogo amigo do PMDB pode virar, ou já virou, oposição declarada ao governo petista, que, sem seu principal aliado, tem o futuro ainda mais incerto. A oposição anterior, formada pelos tucanos e aliados, está de espectadora, aguardando o momento de entrar em cena. Não o fará imediata e automaticamente, embora seja sabidamente contra a presidente, mas o impedimento dela exigirá reposionamento com relação a eventual governo do PMDB.
Sustentação política
Como o de Dilma, hoje, carece de
sustentação política, o de Temer também teria a mesma dificuldade. Ao contrário
da petista, o peemedebista ainda tem um mínimo de voto de confiança para
apresentar um projeto de unificação nacional em torno de uma agenda mínima
consensuada de recuperação da economia.
Tão importante, ou mais, do que
conseguir reunir os votos necessários (apenas 172 dos 513 da Câmara) para
evitar o impeachment – o que, convenhamos, é muito pouco para governor –, seria
a reunificação do país em torno de um pacto capaz de corrigir os rumos da
economia e retomar o crescimento.
Essa é a disputa que estará em jogo, e
Temer saiu na frente quando apresentou sua “Ponte para o futuro”, um programa
de gestão mais liberal do que o dos tucanos e que, por isso mesmo, agradou em
cheio ao empresariado nacional. De sua parte, agora é garimpar votos na
oposição, no seu partido e na base aliada, para derrotar aquela que nunca
confiou nele.
Já Dilma adotou o caminho de
estratégia curta e de resultado incerto e perigoso, por meio confronto e da
simples contagem de votos. É muito pouco, porque, caso tenha êxito, se esgotará
nesse processo e não a preparará para os desafios maiores do país, hoje
politicamente rachado e economicamente sem rumo.
Com o risco e o enfrentamento, o
governo vai se adequando ao seu estilo. De acordo com o ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo (PT), o foco será a disputa política no Congresso
Nacional, deixando para judicializar o conflito como último recurso.
Somente depois dessa crise, o governo
acordou para uma tardia constatação de que é preciso demonstrar força e
reorganizar a base aliada, situação que, de resto, é fundamental durante todo o
mandato e não apenas nas crises. Em ambas as situações, mais do que cargos e
outros favores, confiança não pode continuar sendo ignorada.
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