Malco Camargos
O Presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha, ao deflagrar o processo de impeachment em meio ao julgamento de
seus atos no Conselho de Ética, fez valer a velha máxima do futebol onde se diz
que “a melhor defesa é o ataque”. O intuito do presidente da Câmara, isolado
pelo governo e pela oposição, foi tirar os holofotes do processo que corre
contra ele no Conselho de Ética e mirar na chefe do Executivo, fragilizada pela
baixapopularidade e pelos devaneios de alguns membros de seu partido. Acuado,
sabendo que perderia entre os membros do Conselho de Ética da Câmara, Cunha
acatou um dos pedidos de que estava sobre sua mesa e que agora será avaliado,
primeiro por uma comissão interna, e depois pelo plenário da Câmara dos
Deputados.
A tática adotada por Cunha, de atacar
em vez de se defender, tem sido rechaçada mesmo no berço desta estratégia, o
futebol. A lógica do procedimento é simples: se um time sofrer três gols, mas
marcar quatro ao final da partida, será consagrado vencedor e levará os três
pontos. Acontece que o alto risco desse comportamento faz com que, no futebol
moderno, um time deve ter um bom ataque, quando está com a posse de bola, e um
excelente esquema de marcação quando a bola está com o adversário. Só para
exemplificar, no campeonato brasileiro que terminou neste final de semana, o
campeão Corinthians teve o melhor ataque e também a melhor defesa da
competição. Os dois outros times que mais atacaram foram o Atlético Mineiro e o
Palmeiras, porém, foram menos eficientes em sua defesa e ficaram com segundo e
o nono lugar na competição.
Na política, a tática parece ainda
mais arriscada, pois o objetivo não é a busca dos três pontos, mas um
posicionamento de imagem que convença seus pares e, principalmente o
eleitorado, que determinado político ou projeto político é melhor para o país
em cada momento.
Vivemos tempos de falta de
credibilidade de nossos políticos. O eleitorado não está satisfeito com a
Presidente reeleita em 2014. Também, governadores e prefeitos, via de regra,
estão batendo seus recordes de popularidade negativa, como vêm apontando os
institutos de pesquisa. O eleitorado, insatisfeito com escolhas passadas, não
vê no espectro político alguém que possa representá-lo neste momento. O fracasso
de partidos governistas não tem gerado bônus para os oposicionistas.
Em tempos de crise, é desejável que,
tanto situação quanto oposição, preocupem-se mais com suas defesas. O eleitor
está cansado de um discurso anti-política e perde-se no meio da enxurrada de
denúncias que envolvem partidos diferentes. É importante que o sujo pare de
falar do mal lavado para que tenhamos tempos melhores na política e no país.
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