Stefan Salej
Quem se surpreendeu com a rebaixada
nota de avaliação da agência Fitch não deve entender nada de finanças e de
mercado. Absolutamente nenhuma surpresa para o chamado mercado. E também não
deve ter sido para os funcionários de carreira do Ministério da Fazenda ou do
Banco Central do Brasil.
A apresentação da nota, que a absoluta
maioria dos editores de economia não leu em detalhes, nada tem a ver com a
expressão que estão usando, de que o Brasil passou a ser um mau pagador. A
avaliação das agências como S&P, Fitch, Moody’s (esta, a próxima que deve
rebaixar a nota a ser dada ao desempenho econômico financeiro do Brasil)
refere-se às condições que a economia está passando e ao seu futuro.
Essa avaliação nada tem que ver com os
atrasos de pagamentos que Brasil tem nas agências internacionais, como Nações
Unidas, dos alugueis das entidades públicas brasileiras no exterior e dos seus
funcionários, e nem com a eventual falta de pagamento das obrigações no
exterior de empresas brasileiras por falta de boa gestão ou falta de caixa
mesmo. Em resumo: está se vendendo na imprensa tupiniquim algo que ainda não
existe, mas que pode ser que vá acontecer. As agências chamam-se de avaliação
de risco, é aí, que como se diz no interior que a porca torce o rabo.
A deterioração das finanças públicas e
da economia nacional está a olhos vistos para todo lado. Não precisa ser
especialista, é só ir à padaria na esquina e perguntar se vendeu este mês mais
pão com manteiga do que no mês passado, e você vai ver o que acontece. A queda
da produção industrial no país como um todo, e em Minas, em quase 16 %, já diz
tudo. É essa situação que está levando ao receio de que o país pode vir a
deixar de ter capacidade para cumprir seus compromissos externos no futuro,
apesar de o tempo todo se vangloriar de uma invejável reserva em moeda
estrangeira. Mas ela está como o dinheiro na poupança na Caixa, que existe, mas
você não sabe onde e como foi aplicado. Por isso o Bernardo, filho de um amigo
meu, foi lá e pediu para mostrarem o dinheiro para ele. Para ver se existe
mesmo.
Na situação política atual, com o
desarranjo da economia e das finanças públicas, nós ainda vamos ter muitos
rebaixamentos. Dois anos de crise ainda não levaram a solução alguma. E a queda
do PIB neste ano apagou uns quatro estados do Nordeste do nosso ativo
econômico. Lamentavelmente, a transição política, de um modelo que faliu para
um modelo de sociedade cuja base é a inovação, produção e competitividade,
ainda vai ter muitas baixas, até voltar a crescer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário