segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

O BRASIL É UM MAU ALUNO À EXEMPLO DA NOSSA EDUCAÇÃO



  

Stefan Salej




Quem se surpreendeu com a rebaixada nota de avaliação da agência Fitch não deve entender nada de finanças e de mercado. Absolutamente nenhuma surpresa para o chamado mercado. E também não deve ter sido para os funcionários de carreira do Ministério da Fazenda ou do Banco Central do Brasil.
A apresentação da nota, que a absoluta maioria dos editores de economia não leu em detalhes, nada tem a ver com a expressão que estão usando, de que o Brasil passou a ser um mau pagador. A avaliação das agências como S&P, Fitch, Moody’s (esta, a próxima que deve rebaixar a nota a ser dada ao desempenho econômico financeiro do Brasil) refere-se às condições que a economia está passando e ao seu futuro.
Essa avaliação nada tem que ver com os atrasos de pagamentos que Brasil tem nas agências internacionais, como Nações Unidas, dos alugueis das entidades públicas brasileiras no exterior e dos seus funcionários, e nem com a eventual falta de pagamento das obrigações no exterior de empresas brasileiras por falta de boa gestão ou falta de caixa mesmo. Em resumo: está se vendendo na imprensa tupiniquim algo que ainda não existe, mas que pode ser que vá acontecer. As agências chamam-se de avaliação de risco, é aí, que como se diz no interior que a porca torce o rabo.
A deterioração das finanças públicas e da economia nacional está a olhos vistos para todo lado. Não precisa ser especialista, é só ir à padaria na esquina e perguntar se vendeu este mês mais pão com manteiga do que no mês passado, e você vai ver o que acontece. A queda da produção industrial no país como um todo, e em Minas, em quase 16 %, já diz tudo. É essa situação que está levando ao receio de que o país pode vir a deixar de ter capacidade para cumprir seus compromissos externos no futuro, apesar de o tempo todo se vangloriar de uma invejável reserva em moeda estrangeira. Mas ela está como o dinheiro na poupança na Caixa, que existe, mas você não sabe onde e como foi aplicado. Por isso o Bernardo, filho de um amigo meu, foi lá e pediu para mostrarem o dinheiro para ele. Para ver se existe mesmo.
Na situação política atual, com o desarranjo da economia e das finanças públicas, nós ainda vamos ter muitos rebaixamentos. Dois anos de crise ainda não levaram a solução alguma. E a queda do PIB neste ano apagou uns quatro estados do Nordeste do nosso ativo econômico. Lamentavelmente, a transição política, de um modelo que faliu para um modelo de sociedade cuja base é a inovação, produção e competitividade, ainda vai ter muitas baixas, até voltar a crescer.


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