Orion Teixeira
De tudo o que foi dito, comparada ao
“pior dos mundos”, a decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha (PMDB), será a oportunidade para que a presidente Dilma Rousseff recupere
a condição de governante com governabilidade. Com a nova crise, Brasília e a
política nacional terão que deixar o campo da mentira, barganhas e das ameaças.
Agora, a polarização será entre os que apoiam Dilma e os aliados de Eduardo
Cunha.
O governo levou quase seis meses completos para romper definitivamente com o peemedebista, que havia declarado o confronto em julho passado, quando espalhou pautas-bomba por todo o Congresso Nacional. De lá pra cá, o governo vem pisando em ovos, em resumo, deixando de governar para não confrontar Eduardo Cunha. Por medo do impeachment, “o pior dos mundos”, Dilma se submeteu a uma séria de humilhações e derrotas em nome da sobrevivência do mandato. Esteve a um passo do suicídio político, quando, por pouco, não livrava Cunha do risco de perder o mandato em troca do arquivamento do impeachment.
Governo é governo e, para sê-lo, tem que ter, antes de tudo, protagonismo e força política, como aconteceu no mandato passado; caso contrário, a situação de hoje, prevalece uma gestão frouxa, fragilizada e sem votos no Congresso. Como já perguntamos aqui, é hora de refazer a questão: o governo tem ou não tem apenas 171 dos 513 votos da Câmara para barrar o impeachment? Se a resposta ainda for negativa, o quadro é grave, mas não irrecuperável. Como disse o ministro Jaques Wagner (Casa Civil), Cunha decida o que quiser, e, ao governo, compete colocar o número no plenário correspondente ao seu tamanho e força.
Meios para trabalhar
No cenário político definido, ainda que de confronto, o governo terá meios para trabalhar e reaglutinar sua base. Não se trata de convencer aliados da insustentabilidade do processo de impeachment, porque o foco é outro, ou seja, quem é governo e quem está contra, quem é a favor da estabilidade possível ou de uma incerteza maior.
Nesse início do conflito, a situação política, claro, vai piorar, com efeitos ainda mais danosos à economia, porque a situação é de extrema insegurança, desde para quem pode perder o mandato (Dilma e Cunha) como para os 6 mil pais de família, que, diariamente, perdem o emprego em função da estagnação econômica. Pior do que isso, seria um governo refém de um presidente da Câmara chantagista e de uma oposição que prefere ver o sangramento da presidente até 2018 do que uma mudança pela normalidade.
O país não aguentaria isso nem o brasileiro merece continuar na incerteza e paralisia econômica e administrativa, que impediram 2015 de acontecer.
O jogo começa a ser jogado. O melhor conselho a Dilma foi dado por quem teria motivos para torcer por sua saída, o vice-presidente Michel Temer. Ela errou ao confrontar Cunha, na quarta-feira, tomou a réplica no dia seguinte e corre o risco de dar visibilidade maior à crise, mobilizando quem é a favor dela e também quem é contra. Sem a arma da ameaça na mão, Cunha jogou todas as suas fichas na mesa. Na próxima terça-feira, fará o teste sobre o acerto de sua decisão no Conselho de Ética, onde está para ser julgado por falta de decoro e outros malfeitos.
O governo levou quase seis meses completos para romper definitivamente com o peemedebista, que havia declarado o confronto em julho passado, quando espalhou pautas-bomba por todo o Congresso Nacional. De lá pra cá, o governo vem pisando em ovos, em resumo, deixando de governar para não confrontar Eduardo Cunha. Por medo do impeachment, “o pior dos mundos”, Dilma se submeteu a uma séria de humilhações e derrotas em nome da sobrevivência do mandato. Esteve a um passo do suicídio político, quando, por pouco, não livrava Cunha do risco de perder o mandato em troca do arquivamento do impeachment.
Governo é governo e, para sê-lo, tem que ter, antes de tudo, protagonismo e força política, como aconteceu no mandato passado; caso contrário, a situação de hoje, prevalece uma gestão frouxa, fragilizada e sem votos no Congresso. Como já perguntamos aqui, é hora de refazer a questão: o governo tem ou não tem apenas 171 dos 513 votos da Câmara para barrar o impeachment? Se a resposta ainda for negativa, o quadro é grave, mas não irrecuperável. Como disse o ministro Jaques Wagner (Casa Civil), Cunha decida o que quiser, e, ao governo, compete colocar o número no plenário correspondente ao seu tamanho e força.
Meios para trabalhar
No cenário político definido, ainda que de confronto, o governo terá meios para trabalhar e reaglutinar sua base. Não se trata de convencer aliados da insustentabilidade do processo de impeachment, porque o foco é outro, ou seja, quem é governo e quem está contra, quem é a favor da estabilidade possível ou de uma incerteza maior.
Nesse início do conflito, a situação política, claro, vai piorar, com efeitos ainda mais danosos à economia, porque a situação é de extrema insegurança, desde para quem pode perder o mandato (Dilma e Cunha) como para os 6 mil pais de família, que, diariamente, perdem o emprego em função da estagnação econômica. Pior do que isso, seria um governo refém de um presidente da Câmara chantagista e de uma oposição que prefere ver o sangramento da presidente até 2018 do que uma mudança pela normalidade.
O país não aguentaria isso nem o brasileiro merece continuar na incerteza e paralisia econômica e administrativa, que impediram 2015 de acontecer.
O jogo começa a ser jogado. O melhor conselho a Dilma foi dado por quem teria motivos para torcer por sua saída, o vice-presidente Michel Temer. Ela errou ao confrontar Cunha, na quarta-feira, tomou a réplica no dia seguinte e corre o risco de dar visibilidade maior à crise, mobilizando quem é a favor dela e também quem é contra. Sem a arma da ameaça na mão, Cunha jogou todas as suas fichas na mesa. Na próxima terça-feira, fará o teste sobre o acerto de sua decisão no Conselho de Ética, onde está para ser julgado por falta de decoro e outros malfeitos.
COMENTÁRIO
"Cunha e Dilma vinham
há meses em um tipo muito estranho de teatro kabuki (forma de teatro japonês
conhecida pela estilização do drama), em que Cunha usava (a ameaça de)
impeachment para enfrentar o governo e o governo ameaçava uma investigação ética,
mas não fazia muito para levar isso adiante. Ambas as partes tinham bons
motivos para ameaçar, mas não para agir", analisa.
"A gota d'água foi,
obviamente, o voto dos três deputados do PT no Conselho de Ética da
Câmara", afirma Taylor sobre a decisão da bancada do PT de votar pela
continuidade do processo de cassação contra Cunha, que é acusado de mentir
sobre a existência de contas bancárias na Suíça.
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