quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A ARTE DE ILUDIR



  

Márcio Doti



Por tudo que têm tentado, está claro que a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, consideram que basta acomodar o jogo político e desaparece o risco para ambos perderem seus postos. Dilma se livra do impeachment, cujo direito conquistou na base das pedaladas, gastando muito mais do que podia e contrariando regras constitucionais. Para o povo, ela já está fora há muito tempo, não apenas pelas pedaladas no orçamento, mas também, pelo festival de mentiras entre os discursos de campanha e o que vai sendo revelado desde a posse. E por ter oferecido efetiva contribuição tanto no quadro horroroso de danos ao patrimônio público quanto pelos fracassos administrativos.

Eduardo Cunha acha que pode posar de bom moço e conduzir um processo de impedimento da presidente, deixando para trás o rastro de malfeitos descobertos e acusados até por autoridades de outro país. E ambos pensam poder sair dessa, indo cada um para seu gabinete, e tocar a vida como se nada tivesse acontecido.

Só num país tão desarrumado, vítima de gafanhotos tão famintos, saqueado em sua essência de sociedade pretensamente organizada, que alguém pode alimentar a ilusão de que os cidadãos vão esquecer.

Basta passar os olhos nas poucas pesquisas de opinião pública que ainda se divulgam para perceber que o povo já deu bomba em todos esses que estão por aí. São condenados, no mínimo, ao desprezo e esquecimento.

E se não for assim, se tudo andar como absurdamente esperam que ande, a presidente e seu eventual substituto, então será muito difícil e mais demorado do que os três anos já previstos fazer com que o país ande para a frente.

Se formos incapazes de enxergar a lama em que estamos metidos, não devemos esperar que façam igual os de fora, dos quais precisamos para investimentos, contratos e negócios. Não serão loucos de enfiar as mãos na cumbuca e botar aqui seus recursos para se perderem na desordem da economia, no mau cheiro das regras descumpridas e no lixo da política.

São poucas as esperanças de que possa vir do Poder Executivo e do Poder Legislativo qualquer atitude que venha desfazer o mau conceito que desfrutam hoje esses dois poderes, justamente pelos inúmeros casos em que ofereceram à opinião pública o combustível do descrédito, da desconfiança e, pior ainda, do repúdio a tantas demonstrações de desrespeito e descaso pelo bem comum.

Poder Judiciário

Salva-se dessa situação, ainda que não completamente, o Poder Judiciário, ainda vítima da forma de preenchimento de seus cargos mais altos, onde prevalece a influência política. Ainda assim, é do Judiciário que tem vindo as mais contundentes demonstrações de compromisso com os princípios de Justiça.

Parece que acima de gratidão por escolhas, nos casos mais graves tem prevalecido o compromisso cego de decidir pelo que é justo. Ainda assim, cabe ao cidadão brasileiro cobrar dos que desvirtuam, dos que se desviam do interesse da sociedade brasileira. Estão indo tão longe que parecem zombar do povo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...