Eduardo Costa
Você já ouviu falar que a pessoa é
mais feliz quando sabe menos? Claro que esta é uma pergunta aparentemente
incabível, mas, garanto, quanto mais leio, ouço e vejo os fatos, com olhar de
quem precisa compreendê-los para errar menos na transmissão, mais sofro.
Principalmente com os questionamentos. Minha cabeça fica cheia de perguntas...
Vai ver que é a síndrome do repórter surrado por conhecer de perto os submundos
do poder.
Permitam-me dividir algumas perguntas: por que, depois da tragédia, a gente tem de repetir essa ladainha de pedir doações e encher ginásios de roupas velhas ainda que a empresa responsável pelo desastre tenha lucrado quase 3 bilhões no ano anterior? Por que a barragem de Mariana produziu tanta tristeza se cinco outras já explodiram nos últimos anos e a gente devia ter aprendido? Como aceitar que o Ibama vai aplicar uma multa milionária se outras não foram pagas? A propósito, se o Ibama não conseguiu dar solução à encrenca das capivaras na Pampulha, devemos acreditar agora que será incisivo contra as mineradoras?
Permitam-me dividir algumas perguntas: por que, depois da tragédia, a gente tem de repetir essa ladainha de pedir doações e encher ginásios de roupas velhas ainda que a empresa responsável pelo desastre tenha lucrado quase 3 bilhões no ano anterior? Por que a barragem de Mariana produziu tanta tristeza se cinco outras já explodiram nos últimos anos e a gente devia ter aprendido? Como aceitar que o Ibama vai aplicar uma multa milionária se outras não foram pagas? A propósito, se o Ibama não conseguiu dar solução à encrenca das capivaras na Pampulha, devemos acreditar agora que será incisivo contra as mineradoras?
Se a Assembleia Legislativa não teve
coragem de criar uma CPI, como imaginar que a comissão extraordinária vai
resultar em ação concreta? Se nossos deputados federais não têm independência
para aprovar o novo marco mineral, o que farão, no âmbito nacional, para nos
indicar outros caminhos? Já que a presidente Dilma disse, agora, que a Samarco
vinha descumprindo leis, por que ela, Dilma, não veio antes, tomar atitude? Se
a Secretaria de Meio Ambiente do Estado diz que é o DNPM que deve fiscalizar as
barragens, por que não cobrou antes? A propósito, alguém pode dizer algo
positivo sobre esse tal Departamento Nacional de Produção Mineral?
Por que um deputado estadual não
consegue entrar para a Comissão de Meio Ambiente da casa se não for simpático à
causa das mineradoras? Por que Virgílio Guimarães, símbolo do velho PT – aquele
que patrulhava e prometia mundo novo – fez do filho um deputado federal, o
colocou no comando da comissão que enrola o Código Mineral e ele, Virgílio,
continua nos bastidores, ao melhor estilo “coronel”, como era conhecido nos
tempos de vereador? Alias, como pode o PT patrocinar um projeto que quer acabar
com o pouco de controle que a sociedade ainda tem sobre o licenciamento das
atividades minerais no Estado?
Por que as autoridades têm dado
entrevista sempre dentro da sede da Samarco em Mariana? Por que a gente chama o
maior desastre ambiental com barragens que o mundo já viu de acidente se o que
aconteceu em Bento Rodrigues foi resultado de décadas de omissões, conchavos,
equívocos e falta de respeito à vida humana? Aliás, por que o prefeito de
Mariana insiste em falar nos riscos se perder os impostos da Samarco quando
centenas de seus vizinhos e eleitores perderam amigos, parentes, animais,
documentos, enfim, perderam o chão, a história, o sentido da vida, o rumo, o
prumo?
Será que quando um avião mergulha em
cinco metros de terra com dois poderosos executivos de um grande banco não
ensina que dinheiro e poder são moedas fugazes, enquanto a geleia de pimenta
biquinha de Bento Rodrigues é vida em abundância? Afinal, quando é que a gente
vai sair dessa lama?

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