José Antônio Bicalho
Tratarei novamente dos juros
bancários, mas hoje faço diferente. Vamos abrir a composição das taxas de juros
para tentar descobrir o motivo do escândalo que são as taxas cobradas no país.
Ontem a Anefac (a associação que representa os profissionais do mercado financeiro) divulgou nova pesquisa de juros bancários, relativa a outubro. Nenhuma novidade. Os juros subiram novamente, pelo 13º mês consecutivo, para os maiores níveis desde 2009.
Se você está pendurado no rotativo do cartão de crédito, agora está pagando 368,27% de juros ao ano (média dos bancos). Se entrou no cheque especial, os juros são de 226,39%.
Isso significa que se sua dívida for de R$ 10 mil no cartão, em um ano ela se transformará em R$ 46.827. E no cheque especial, em R$ 33.630.
Mas existe a possibilidade de você negociar no próprio banco um empréstimo pessoal para pagar o cheque especial ou o cartão de crédito. Neste caso, o juro médio cobrado é de 64,59%. Dessa forma, em um ano você terá que devolver ao banco R$ 16.459. Muito menos, mas ainda absurdamente caro.
Mas vamos à composição das taxas, que é o motivo da coluna. Os juros cobrados pelos bancos embutem o custo de captação (quanto o banco paga pelo dinheiro de seus clientes investidores), a chamada cunha fiscal (os impostos que recaem sobre a intermediação financeira), as despesas administrativas (os salários, o aluguel das agências, os equipamentos eletrônicos e todos os demais custos), o risco da inadimplência (os empréstimos não pagos são compensados nos juros dos adimplentes) e a margem líquida do banco (o lucro).
Pois bem, o custo de captação acompanha a Selic, ligeiramente abaixo (trata-se do juro básico da economia, definido pelo Banco Central). A Selic está hoje em 14,25% ao ano. Subiu muito desde meados de 2013, mas está no mesmo patamar desde julho.
Já o principal imposto da cunha fiscal, o IOF, que é recolhido pelos bancos, também subiu muito neste ano. Desde janeiro, saltou de 1,5% para 3% para operações para pessoas físicas. Temos, então, um custo de captação de algo pouco acima dos 17,25% ao ano.
Subtraindo esse custo da taxa média de juro cobrada pelos bancos em outubro, que foi de 132,91% (segundo a Anefac), temos então 115,66% de juros indo para o pagamento dos custos administrativos, a cobertura da inadimplência e a formação do lucro. Mas os bancos também cobram tarifas sobre os serviços prestados, e nos grandes bancos os custos administrativos são cobertos na quase totalidade por estas. Restam, então, o peso da inadimplência de cada instituição e o lucro. Não temos acesso às planilhas de cálculo do primeiro, mas sabemos dos lucros. Então vamos a eles.
O lucro do Itaú Unibanco foi de R$ 5,945 bilhões no terceiro trimestre do ano, aumento de 10% na comparação com o mesmo período de 2014. O do Bradesco foi de R$ 4,120 bilhões, aumento de 6,3% na mesma comparação. O do Banco do Brasil, que divulgou ontem seu balanço trimestral, foi de R$ 3,062 bilhões, crescimento de 10,1%. E o do Santander foi de R$ 1,708 bilhão, aumento de 5%. A Caixa ainda não divulgou o balanço. Vejam bem, é lucro realizado em apenas três meses e que não para de crescer.
Está claro que é para a variável “lucro” que está sendo carreada a montanha de dinheiro do pagamento de juros pelos brasileiros. Um lucro, na minha opinião, imoral.
Ontem a Anefac (a associação que representa os profissionais do mercado financeiro) divulgou nova pesquisa de juros bancários, relativa a outubro. Nenhuma novidade. Os juros subiram novamente, pelo 13º mês consecutivo, para os maiores níveis desde 2009.
Se você está pendurado no rotativo do cartão de crédito, agora está pagando 368,27% de juros ao ano (média dos bancos). Se entrou no cheque especial, os juros são de 226,39%.
Isso significa que se sua dívida for de R$ 10 mil no cartão, em um ano ela se transformará em R$ 46.827. E no cheque especial, em R$ 33.630.
Mas existe a possibilidade de você negociar no próprio banco um empréstimo pessoal para pagar o cheque especial ou o cartão de crédito. Neste caso, o juro médio cobrado é de 64,59%. Dessa forma, em um ano você terá que devolver ao banco R$ 16.459. Muito menos, mas ainda absurdamente caro.
Mas vamos à composição das taxas, que é o motivo da coluna. Os juros cobrados pelos bancos embutem o custo de captação (quanto o banco paga pelo dinheiro de seus clientes investidores), a chamada cunha fiscal (os impostos que recaem sobre a intermediação financeira), as despesas administrativas (os salários, o aluguel das agências, os equipamentos eletrônicos e todos os demais custos), o risco da inadimplência (os empréstimos não pagos são compensados nos juros dos adimplentes) e a margem líquida do banco (o lucro).
Pois bem, o custo de captação acompanha a Selic, ligeiramente abaixo (trata-se do juro básico da economia, definido pelo Banco Central). A Selic está hoje em 14,25% ao ano. Subiu muito desde meados de 2013, mas está no mesmo patamar desde julho.
Já o principal imposto da cunha fiscal, o IOF, que é recolhido pelos bancos, também subiu muito neste ano. Desde janeiro, saltou de 1,5% para 3% para operações para pessoas físicas. Temos, então, um custo de captação de algo pouco acima dos 17,25% ao ano.
Subtraindo esse custo da taxa média de juro cobrada pelos bancos em outubro, que foi de 132,91% (segundo a Anefac), temos então 115,66% de juros indo para o pagamento dos custos administrativos, a cobertura da inadimplência e a formação do lucro. Mas os bancos também cobram tarifas sobre os serviços prestados, e nos grandes bancos os custos administrativos são cobertos na quase totalidade por estas. Restam, então, o peso da inadimplência de cada instituição e o lucro. Não temos acesso às planilhas de cálculo do primeiro, mas sabemos dos lucros. Então vamos a eles.
O lucro do Itaú Unibanco foi de R$ 5,945 bilhões no terceiro trimestre do ano, aumento de 10% na comparação com o mesmo período de 2014. O do Bradesco foi de R$ 4,120 bilhões, aumento de 6,3% na mesma comparação. O do Banco do Brasil, que divulgou ontem seu balanço trimestral, foi de R$ 3,062 bilhões, crescimento de 10,1%. E o do Santander foi de R$ 1,708 bilhão, aumento de 5%. A Caixa ainda não divulgou o balanço. Vejam bem, é lucro realizado em apenas três meses e que não para de crescer.
Está claro que é para a variável “lucro” que está sendo carreada a montanha de dinheiro do pagamento de juros pelos brasileiros. Um lucro, na minha opinião, imoral.

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