sábado, 28 de novembro de 2015

TERROR IMINENTE



  

Manoel Hygino



O Estado Islâmico é prático na execução de seus crimes, para pesar da humanidade. Enquanto o mundo ocidental procurava descobrir como fora derrubado um avião russo na Península do Sinai, com 224 pessoas a bordo, os terroristas de EI explicaram. Fê-lo divulgando a foto de um artefato caseiro que teria sido usado para inicialmente planejar a explosão de algum aparelho de país ocidental naquela região. Mudou-se de plano após a Rússia lançar ataques à Síria. A ideia da bomba surgiu com a descoberta de falhas na segurança do aeroporto de Sharm el-Sheikh, apreciado complexo turístico do Norte da África.

Não parece ter sido difícil. Os autores da ideia sugeriram utilizar-se uma fita amarela do refrigerante Schweppes Gold, um detonador e um interruptor sobre um fundo azul. E atiraram esse objeto contra o Airbus, que logo desabou sobre o solo da conturbada região. Todos os que se encontraram na aeronave morreram e os terroristas se exultaram. Mais simples do que invadir a redação do Charlie Hebdo, em Paris, e com uma grande vantagem: assassinaram muito mais gente, mais do que os agentes do mal o fizeram em outras áreas da África, como no Mali, em um hotel de luxo.

E o Estado Islâmico, que pretendera simplesmente ser um califado, manteve-se na linha de frente da inquietude e da morte, como se demonstrou apto, novamente em Paris, em final de novembro. Eles têm pressa. Tanto que um agente do EI na Europa declarara, já em setembro, que a organização infiltraria no Velho Continente mais de 4 mil homens entre os refugiados que pedem asilo em determinadas nações. O declarante anônimo acrescentou que a operação seria um completo sucesso, no que tinha razão. “Apenas espere”, concluiu com um sorriso maligno. E a polícia francesa continuou intensas buscas, enquanto sua Força Aérea lança bombas no território ocupado pelos terroristas no Iraque e na Síria. Esta guerra, apenas iniciada, terá fim? Quando?

Enquanto isso, diplomatas em Brasília se preocupam. Três dias após os ataques em Paris, que desencadearam a reação do presidente François Hollande, a colega do Brasil disse, quando na Turquia: “Estamos muito longe dos locais onde esse processo está se dando”.

Em resumo, não havia risco. Não é tanto assim. Para esse tipo de gente, tempo e distância estão em suas mãos, por sua inquebrantável disposição de matar. Em qualquer lugar e em qualquer hora, podem surgir novamente os atletas da morte. Daí, a preocupação de países que participarão das Olimpíadas em 2016. Lembro que, há poucos anos, os americanos do Norte já se instalavam nas imediações da Ciudad del Este, a tríplice fronteira Brasil/Paraguai/Argentina, suspeitando da movimentação de pessoas oriundas do Oriente Médio. Os ianques têm sobejas razões para temor, desde o atentado contra as torres gêmeas.

A situação do mundo em face do terrorismo é muito mais grave do que se pensa. A facilidade de se conseguir armas no Rio de Janeiro, onde várias favelas são dominadas por traficantes de drogas fortemente armados, a falta de uma rede de inteligência capaz de interceptar planos de ataques e o despreparo dos estádios para eventualidade de uma bomba são os principais problemas enfrentados pelas autoridades, segundo especialistas ouvidos pela agência Reuters. “O Brasil mais que engatinha nessa área de prevenção ao terrorismo, na verdade se arrasta”, disse o professor e especialista em segurança da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fernando Brancoli.

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