terça-feira, 24 de novembro de 2015

REAL FURADO



  

Márcio Doti


Enquanto empresários pedem condições fiscais menos perversas, ambiente econômico favorável ao investimento para gerar emprego e renda, os governos da União e dos estados sinalizam com políticas de criação de impostos e mudanças de regras sem consulta e sem diálogo. Em conversa recente com a imprensa, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o mineiro Robson Andrade, disse que governantes se consomem na crise política e não estão cuidando de implantar uma política econômica que leve ao desenvolvimento, que estimule o empresário a investir através da confiança nas ações de governo.
O líder dos industriais do país diz ser possível enxergar que o Brasil é maior do que a crise, mas é fundamental o trabalho de uma liderança forte que, ao invés de buscar equilíbrio fiscal através da criação de novos impostos ou a volta de algum, como é o caso do imposto do cheque, a CPMF, faça com que o empresariado acredite que será apoiado em suas empreitadas por uma política firme de ajuste através do corte de gastos. As reformas administrativa e previdenciária não andam e com isso não acenam para o investidor com um ambiente estável, indispensável para gerar confiança e dessa forma estimular os empreendimentos que levem a empregos e renda.
Para Robson Andrade os estados e municípios não dispõem de qualquer condição de apoiar investimentos, estão vivendo momento pior do que o governo federal na medida em que são poucas as chances de apoiar as iniciativas, os novos empreendimentos. Governo e Congresso, segundo o presidente da CNI, estão polarizando a discussão em torno das questões políticas sem trabalhar pela geração de emprego e renda. As relações trabalhistas estão se deteriorando no país sem que isso seja cuidado como deveria. Enquanto pensamos em elevar a carga de impostos nos esquecemos de que o Brasil já pratica uma das mais altas políticas tributárias do mundo.
Robson Andrade espelha o sentimento do empresariado que pretende ver o Brasil andar, mas tanto ele quanto seus liderados sabem que necessitam de ambiente seguro para investir e ter retorno em suas iniciativas. De nossa parte, como observadores, mas mesmo torcendo pelo avanço do país, não conseguimos descobrir a fórmula buscada pela presidente Dilma, de impor ao mercado novas sangrias, a cobrança de mais tributos como estão buscando tanto o ministro Levy quanto os governadores. Um país atormentado pela inflação que avança, pelo desemprego que dobrou em um ano e promete ir além, é difícil imaginar que exista ambiente para mais tributação, aí se incluindo o imposto do cheque. Mesmo torcendo pelo milagre, temos uma certa pena do santo porque não é tarefa fácil.
Sempre se acreditou que o caminho fosse exatamente o contrário desse que está sendo tentado. Ao invés da alta carga tributária, um alívio. Ao contrário de um ambiente político desestabilizado por uma crise desse tamanho, que estivéssemos vivendo sob um Congresso responsável, preocupado em apoiar a iniciativa privada e garantir a retomada do desenvolvimento com a consequente geração de empregos. Faz-se exatamente o contrário. A presidente da República quer escapar do impeachment, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, promete, ameaça, articula e se move para escapar de uma degola. Num cenário assim, quem vai colocar o dinheiro na roda?

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