Márcio Doti
Enquanto empresários pedem condições
fiscais menos perversas, ambiente econômico favorável ao investimento para
gerar emprego e renda, os governos da União e dos estados sinalizam com
políticas de criação de impostos e mudanças de regras sem consulta e sem
diálogo. Em conversa recente com a imprensa, o presidente da Confederação
Nacional da Indústria (CNI), o mineiro Robson Andrade, disse que governantes se
consomem na crise política e não estão cuidando de implantar uma política
econômica que leve ao desenvolvimento, que estimule o empresário a investir
através da confiança nas ações de governo.
O líder dos industriais do país diz
ser possível enxergar que o Brasil é maior do que a crise, mas é fundamental o
trabalho de uma liderança forte que, ao invés de buscar equilíbrio fiscal
através da criação de novos impostos ou a volta de algum, como é o caso do
imposto do cheque, a CPMF, faça com que o empresariado acredite que será
apoiado em suas empreitadas por uma política firme de ajuste através do corte
de gastos. As reformas administrativa e previdenciária não andam e com isso não
acenam para o investidor com um ambiente estável, indispensável para gerar
confiança e dessa forma estimular os empreendimentos que levem a empregos e
renda.
Para Robson Andrade os estados e
municípios não dispõem de qualquer condição de apoiar investimentos, estão
vivendo momento pior do que o governo federal na medida em que são poucas as
chances de apoiar as iniciativas, os novos empreendimentos. Governo e
Congresso, segundo o presidente da CNI, estão polarizando a discussão em torno
das questões políticas sem trabalhar pela geração de emprego e renda. As
relações trabalhistas estão se deteriorando no país sem que isso seja cuidado como
deveria. Enquanto pensamos em elevar a carga de impostos nos esquecemos de que
o Brasil já pratica uma das mais altas políticas tributárias do mundo.
Robson Andrade espelha o sentimento do
empresariado que pretende ver o Brasil andar, mas tanto ele quanto seus
liderados sabem que necessitam de ambiente seguro para investir e ter retorno
em suas iniciativas. De nossa parte, como observadores, mas mesmo torcendo pelo
avanço do país, não conseguimos descobrir a fórmula buscada pela presidente
Dilma, de impor ao mercado novas sangrias, a cobrança de mais tributos como
estão buscando tanto o ministro Levy quanto os governadores. Um país
atormentado pela inflação que avança, pelo desemprego que dobrou em um ano e
promete ir além, é difícil imaginar que exista ambiente para mais tributação,
aí se incluindo o imposto do cheque. Mesmo torcendo pelo milagre, temos uma
certa pena do santo porque não é tarefa fácil.
Sempre se acreditou que o caminho
fosse exatamente o contrário desse que está sendo tentado. Ao invés da alta
carga tributária, um alívio. Ao contrário de um ambiente político
desestabilizado por uma crise desse tamanho, que estivéssemos vivendo sob um
Congresso responsável, preocupado em apoiar a iniciativa privada e garantir a
retomada do desenvolvimento com a consequente geração de empregos. Faz-se
exatamente o contrário. A presidente da República quer escapar do impeachment,
o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, promete, ameaça, articula e se move para
escapar de uma degola. Num cenário assim, quem vai colocar o dinheiro na roda?

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