quarta-feira, 25 de novembro de 2015

PROBLEMAS DA MINERAÇÃO



  

Jornal Hoje em Dia


Minas Gerais é responsável por 40% da atividade mineradora do país. Infelizmente, também lidera no número de acidentes de trabalho nesse setor, conforme atesta o Ministério do Trabalho, embora com números bastante defasados. E o problema vem crescendo, conforme mostra reportagem nesta edição. A principal origem está no preço do minério de ferro, principal produto da mineração, que vem caindo ao longo dos anos.

Em cinco anos, de 2010 a 2015, o valor da tonelada de minério desabou de 180 dólares para apenas 48 dólares, uma retração de 375%. Com bastante menos dinheiro em caixa, as empresas, segundo apontam técnicos e sindicalistas, passam e economizar também nos equipamentos e nas normas de segurança. Além disso, tem a pressão sobre os operários para aumentar a produção.

São conclusões oficiais do Ministério do Trabalho. Basta ver que enquanto nos demais setores da economia a taxa de mortalidade de trabalhadores foi, em 2013 (ano mais recente em que os dados foram tabulados), de 7 para cada grupo de 100 mil habitantes, na mineração chega a absurdos 28,2 óbitos por 100 mil.

Essas informações foram fornecidas por um médico que atua há mais de 30 anos como auditor fiscal do ministério. Ele sabe o que está falando. E ele revela outro dado alarmante: um terço dos acidentes com ou sem morte acontece em Minas, onde o setor emprega cerca de 190 mil trabalhadores. Outro aspecto nefasto dessa situação é que os funcionários terceirizados não entram nas estatísticas da mineração, por muitas vezes atuarem em áreas que não são a atividade fim, a exploração mineral.

É uma distorção absurda, que pode mascarar os dados. Basta saber que na tragédia de Mariana, quando uma barragem de rejeitos de minério rompeu, dos 13 operários mortos ou desaparecidos, 11 são terceirizados.

O Brasil nunca primou pela realização de estatísticas, como ocorre nos países civilizados. É uma forma eficaz de se dimensionar os aspectos de saúde e evolução da população. Por isso é que, em nosso país, os números de ocorrências são sempre deficitários.

As medidas preventivas são relegadas também pela falta crônica de fiscalização, que é de responsabilidade dos órgãos públicos. Mas, como estamos vendo no caso de Mariana, esperou-se que tudo desabasse e a destruição se espalhasse para se tentar descobrir o que provocou a tragédia.

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