José Antônio Bicalho
A indústria automotiva foi um dos
setores que mais ganhou nos anos de bonança do governo Lula e primeiro mandato
de Dilma. Agora, com a crise e o fim dos subsídios, está entre os que mais
perdem.
A força e a velocidade da inversão são
impressionantes. E com isso o Brasil vem perdendo espaço e importância no
mercado global da indústria automotiva, como mostra o balanço mundial de vendas
feito pela empresa de consultoria Jato Dynamics.
Em setembro, as vendas de automóveis e
comerciais leves (picapes, furgões e vans) no Brasil caíram impressionantes
31,8% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Foi o maior recuo entre os
15 maiores mercados mundiais de veículos.
No acumulado do ano até setembro, a
queda nas vendas foi de 21,7%, a segunda maior entre os 15 mercados top, atrás
apenas da Rússia, que apresentou queda de 33,0%. Vale lembrar que a Rússia está
envolvida simultaneamente em dois conflitos internacionais (Ucrânia e Síria) e
enfrenta uma série de sanções econômicas internacionais.
Nos 12 meses até setembro, foram
vendidos no Brasil 1,882 milhão de veículos, contra 2,404 milhões do período
equivalente anterior. Com o recuo nas vendas, o Brasil foi rebaixado da quinta
para a sétima posição entre os maiores mercados mundiais de veículos,
ultrapassado por Alemanha e Índia.
Considerando apenas as vendas de
setembro, o Brasil cai mais uma posição, para oitavo lugar, desta vez
ultrapassado pela França.
Alguns crescem
Enquanto o Brasil engata a marcha à
ré, uma série de países que começam a reagir à crise mundial apresentam números
exuberantes. O destaque são os Estados Unidos, que apresentaram 15,5% de
crescimento nas vendas de setembro contra o mesmo mês de 2014, e que voltam a
brigar com a China pela posição de maior mercado mundial de veículos.
No acumulado de 12 meses até setembro,
os Estados Unidos venderam 13,055 milhões de veículos, contra 15,656 milhões da
China. É interessante notar que as vendas da China em setembro, de 1,870
milhão, equivalem a todo um ano de vendas no Brasil, de 1,882 milhão (em doze
meses até setembro).
Também apresentaram bom crescimento de
vendas a Grã Bretanha (9,7%); a França (9,0%); a Itália (15,3%) e a Espanha
(26,1%), países até então afundados na crise europeia.
Nos próximos dias teremos a divulgação
dos dados de vendas de outubro da Anfavea (a entidade que representa as
montadoras no Brasil). Eles levam em consideração os números de licenciamento
de veículos, que são um pouco mais precisos do que os utilizados pela Jato
Dynamics (informações das montadoras).
O mais importante será buscar sinais
no documento da Anfavea de que o mergulho das montadoras começa a ser
suavizado, o que não aconteceu até agora. Até que os números comprovem o
contrário, as vendas das montadoras no Brasil continuam em queda livre e sem
escalas.
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