quarta-feira, 4 de novembro de 2015

ONDE TEM DINHEIRO O GOVERNO CORRE ATRÁS E NÃO DEVOLVE



  

Márcio Doti




Ainda que seja decisão provisória, faz bem ao mundo das leis, das finanças, dos negócios e da seriedade essa liminar do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, impedindo o governador Fernando Pimentel de se apoderar do valor total dos depósitos judiciais. Em seu despacho, o ministro fundamenta sua decisão no fato de que a lei aprovada pelos deputados estaduais de Minas desconsidera ser o dinheiro desses depósitos uma propriedade privada em que o Estado não é sequer parte. Com as dificuldades econômicas do país e do próprio Estado, sujeito a ingerências e incompetência administrativa, na hora da devolução do dinheiro para cumprir uma sentença, acabará o banco depositário obrigado a lançar mão de seus próprios recursos para cobrir o rombo deixado com a utilização do dinheiro em outra parte, ainda que seja fim de interesse público, mas que não pode se sobrepor ao direito de cada um. O dinheiro está ali aguardando decisão judicial, depois do que deve ser passado à parte que ganhar a ação. E como se fará isso se o Estado já terá consumido o recurso em outra frente de gasto?
Depósitos são patrimônio particular
Com muita tristeza se observa o descaso de alguns homens públicos de agora pelo que deveria ser regra essencial: a de zelar pelo interesse e pelo direito dos cidadãos. A crise moral que nos atormenta atropela tudo e, inclusive, situação tão evidente como essa dos depósitos judiciais, reconhecidamente um dinheiro que tem donos, mesmo que não se saiba exatamente qual das partes envolvidas num litígio. É patrimônio particular representado por determinada importância depositada numa instituição bancária oficial, para ser entregue sob ordem judicial a quem porventura venha a ganhar a causa que motivou o recolhimento do dinheiro, motivo da disputa. Já é questionável a lei votada em plano federal e que permite aos estados lançarem mão de 70% dos depósitos em que sejam parte das ações que tenham gerado o recolhimento em conta própria e mantida sob a decisão da Justiça. Num país em que os administradores lançam mão de fundos com fim definido para outras finalidades, é temeridade aprovar lei assim como fizeram nossos parlamentares de Brasília e como também fizeram, pior ainda, os nossos deputados estaduais de Minas. Mas é bom frisar serem eles os deputados que constituem a base de apoio do governador Pimentel. Todos ávidos por dinheiro sem levar em conta que esses recursos já têm dono, razão pela qual não devem ser mexidos.
Reinos do povo
Houve um tempo em que grupos e famílias eram proprietárias de tudo, inclusive de gente. Então, usavam, dispunham, faziam o que bem entendiam sob o sentimento resignado dos que aceitavam. Mas isso hoje sobrevive apenas na cabeça e no sentimento de poucos que se acham donos e justificam o injustificável como se causas pudessem se sobrepor umas às outras ao arrepio do que é certo e justo. Como estão fazendo agora com o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, um imenso fundo, absolutamente de propriedade do trabalhador, mas que vai sendo solapado por esse tipo de mentalidade de homens públicos que vão dos Legislativos aos Executivos. Neste momento, em nome de um programa muito importante, estão retirando R$8 bilhões desse dinheiro para alimentar o programa Minha Casa, Minha Vida. Esse dinheiro certamente que um dia fará falta ao trabalhador. Os administradores perderam a noção do que podem, de como podem e de quanto ficam expostos quando tentam encontrar na mentira e nos desvios a forma de não corresponder às responsabilidades que lhes foram passadas.

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