quinta-feira, 5 de novembro de 2015

DINHEIRO NA MÃO É VENDAVAL



  

Márcio Doti


Um dos graves problemas da vida política brasileira é esse calendário com eleição ano sim e ano não. Era para ser tudo junto, eleições casadas com todas as vantagens possíveis. Os partidos teriam um só discurso, os palanques teriam que mostrar coerência e o país economizaria bastante.
Sabemos que eleição custa muito dinheiro. E ainda há um outro fator importante: o ano eleitoral tem suas decisões fortemente afetadas pelo processo, pela demagogia que se instala com ímpeto maior, fazendo até mesmo com que muita coisa fique sem decisão para não prejudicar os resultados eleitorais. Aos políticos interessa, que num ano, deputados, senadores, governadores e presidente trabalhem pelos prefeitos e vereadores, e no outro, aconteça exatamente o contrário. Isso pode ser muito bom para os políticos, mas não é para o país em nenhum aspecto. Tivemos grandes oportunidades para mudar isso quando se ensaiou essa reforma política que veio apenas com alguns casuísmos, alguns retoques que nem de longe podem ser considerados como uma verdadeira reforma política, aquela de que o país está mesmo necessitado.
O discurso dos palanques
O mundo da política está se arrumando para viver os palanques do próximo ano com o mesmo entusiasmo de sempre. As mesmas composições, grupinhos, discursos, nunca se muda tanto o Brasil para melhor do que nos períodos de campanha eleitoral. O PT, por exemplo, segundo seu presidente Rui Falcão, pretende se valer da defesa do partido como motivação central para seu discurso nas campanhas eleitorais. Muito provavelmente fará papel de grande vítima, coitadinho, como se não tivesse sido ele próprio a armar toda essa confusão da qual não consegue sair porque se misturam, no mesmo caldeirão, uma imensa crise econômica como o Brasil jamais havia visto, e mais uma crise política que se mistura com uma crise moral de abalar os alicerces da sociedade brasileira.
O PT estragou a economia, pensou que faria papel de herói ao distribuir dinheiro, favores, tudo o que podia arregimentar com recurso gasto em demasia, a tal ponto que desregulou as engrenagens da economia e enfiou todos nessa imensa confusão. Agora, será fantástico posar de inocente e de vítima durante o ano eleitoral para angariar a compaixão e quem sabe a solidariedade dos eleitores.
Falta dizer como é que o partido fará isso com o país, mergulhado ainda na crise econômica que consultores e especialistas do sistema bancário estão estimando que vai durar uns dois anos, se é que seremos capazes mesmo de praticar um ajuste fiscal com ministro Levy, e resistindo aos arroubos demagógicos de inspiração de Lula e mais o pipocar desses novos prenúncios de escândalos e dos resultados das operações, das delações, de tudo o que vai para o foco das eleições e para os momentos que vão anteceder os palanques. Provavelmente, as forças no poder vão tentar se beneficiar de Olimpíadas. Mas se o quadro do próximo ano for mesmo esse que os especialistas pintam, vai ser muito difícil fazer pose de coitadinho se o eleitor estiver em casa, sem emprego e com dificuldades para levar comida à sua mesa.

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