Eduardo Costa
Sempre achei que reportar é contar
história. Assim, não basta seguir os passos teóricos ensinados na faculdade,
respondendo as perguntas “que, quem, onde, como e por que” para o bom começo
(lead), no caso do jornal impresso, ou a boa notícia, para meios de mensagem
rápida como o rádio. O que enriquece a matéria é a construção de um enredo dos
fatos entre detalhes do ambiente, da vida dos envolvidos, dos valores que
cercam os personagens etc. Depois que fui trabalhar na TV, me dei conta de como
é bom valorizar o detalhe, tanto que é comum, depois da apresentação de uma
reportagem, dar mais ênfase a um cão vira-latas ou a um quadro na parede do que
propriamente a reportagem.
Nesse festival de informações que assola a tragédia de Mariana, três coisas me impressionam. A primeira realça nossa cultura de colônia e ressalta a síndrome de Estocolmo (quando a vítima nutre certo respeito e até admiração pelo opressor): todo mundo que já falou até agora em Mariana diz que a maior preocupação é não perder a Samarco. Mais de três séculos depois de nascer, sob a exploração da coroa portuguesa, a cidade precisa continuar refém de estrangeiros (uma das sócias da Samarco é anglo-australiana) em troca de empregos e receita. Vítima da tragédia brasileira de maus políticos (sete prefeitos em cinco anos), a primeira capital de Minas não foi capaz de construir uma alternativa e agora, no meio do caos, continua de joelhos diante da mineração.
O segundo grande incômodo nestes dias que sucederam à derrama de “Fundão” é essa cena de repórteres de TV dentro do ginásio, diante daquele mundo de roupas, sapatos e outros objetos, muitos imprestáveis, e essa onda de se pedir contribuições. A solidariedade é sempre bem-vinda, mas, em episódios como este, nos quais está clara a responsabilidade, não há por que pedir doações... É entregar a fatura e cobrar.
Por fim, mais uma chateação no meu coração é quando os repórteres dizem que os 600 moradores de Bento Rodrigues perderam tudo: móveis, dinheiro, documentos... É muito pior: perderam os animais de estimação, a rede, o tapete preferido, o terreiro de décadas, o chiqueiro do avô e o curral do papai; perderam a identidade mais importante – a cultural, aquela que nos dá sentido de povo, que está presente nas nossas discussões sobre lugar, gênero, raça, história, nacionalidade, idioma, orientação sexual, crença religiosa e etnia. Não há espaço para discorrer em detalhes sobre a identidade cultural, mas, quem clicar no “Google” e buscar Milton Santos ou Stuart Hall vai entender melhor. E chorar.
Nesse festival de informações que assola a tragédia de Mariana, três coisas me impressionam. A primeira realça nossa cultura de colônia e ressalta a síndrome de Estocolmo (quando a vítima nutre certo respeito e até admiração pelo opressor): todo mundo que já falou até agora em Mariana diz que a maior preocupação é não perder a Samarco. Mais de três séculos depois de nascer, sob a exploração da coroa portuguesa, a cidade precisa continuar refém de estrangeiros (uma das sócias da Samarco é anglo-australiana) em troca de empregos e receita. Vítima da tragédia brasileira de maus políticos (sete prefeitos em cinco anos), a primeira capital de Minas não foi capaz de construir uma alternativa e agora, no meio do caos, continua de joelhos diante da mineração.
O segundo grande incômodo nestes dias que sucederam à derrama de “Fundão” é essa cena de repórteres de TV dentro do ginásio, diante daquele mundo de roupas, sapatos e outros objetos, muitos imprestáveis, e essa onda de se pedir contribuições. A solidariedade é sempre bem-vinda, mas, em episódios como este, nos quais está clara a responsabilidade, não há por que pedir doações... É entregar a fatura e cobrar.
Por fim, mais uma chateação no meu coração é quando os repórteres dizem que os 600 moradores de Bento Rodrigues perderam tudo: móveis, dinheiro, documentos... É muito pior: perderam os animais de estimação, a rede, o tapete preferido, o terreiro de décadas, o chiqueiro do avô e o curral do papai; perderam a identidade mais importante – a cultural, aquela que nos dá sentido de povo, que está presente nas nossas discussões sobre lugar, gênero, raça, história, nacionalidade, idioma, orientação sexual, crença religiosa e etnia. Não há espaço para discorrer em detalhes sobre a identidade cultural, mas, quem clicar no “Google” e buscar Milton Santos ou Stuart Hall vai entender melhor. E chorar.
COMENTÁRIO:
Pior de tudo é como a Samarco expos o controle que ela tem sobre a
região e a população e como ela impõe sua vontade. Como ela pressiona a notícia
e como ela a controla. Eu vi isso em Conceição do Mato Dentro, com a Anglo
American, e o CQC mostrou bem isso na última segunda. Como sumiram nossos dois
Senadores, e como eles também eram sumidos nos anos que eram governadores e
como eles estão nas mãos disso tudo, a gente imagina que os governadores são os
cabeças da máfia, mas a cada dia eu entendo que eles são a parcela de
intelectualização parca e pobre que serve às empresas que exploram MG, desde a
colonização. Anastasia tenta dar uma de intelectual, mas a cada dia expõe sua
ignorância e sua vaidade à flor da Pele, Aécio Neves é o boneco, puxa corda e
ele repete e Pimentel que deveria dar a mudança é a versão Petista do Aécio.

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