Orion Teixeira
Caiu como uma bomba em toda a Corte e
no PT a notícia da primeira prisão de um senador, mais do que isso, do líder do
governo no Senado, Delcídio Amaral (PT). Todos ficaram, e ainda estão,
perplexos até pelo fato de ser quem é, de não ter tido antes seu nome envolvido
nas várias suspeitas e denúncias e, assim mesmo, conseguir ser preso antes, por
exemplo, do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), acusado e
processado no Conselho de Ética por lavagem de dinheiro, corrupção e contas
milionárias secretas no exterior.
Se a prisão fosse de Cunha, não teria
causado tanto abalo na República como causou, do terceiro andar do Palácio do
Planalto ao comando do Congresso Nacional. Falam em Brasília que, quando a
Polícia Federal chegou, pelo segundo dia consecutivo, ao mesmo hotel, que, na
véspera (terça-feira, 25), prendera o empresário José Carlos Bumlai, apontado
como amigo do ex-presidente Lula, foi um corre-corre de políticos para todos os
lados. Foram bater na porta do líder do governo.
A prisão de Delcídio não deixou apenas
de cabeça baixa o mundo político, mas de cabeça pra baixo. Afinal, está havendo
prisões quase todos os dias e, agora, ela chegou ao andar de cima. Foi preso o
líder do governo e um dos maiores representantes do setor financeiro, o
banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, acertando a compra de delação
premiada, interferindo no trabalho da Justiça, e até planejando fuga de um réu
confesso. Com isso, claro, ambos acabaram por fazer confissão pública de ato
criminoso, que sequer foi premiada, mas gratuita. E mais, o senador preso ainda
tentou envolver e expor ministros do Supremo e até do governo federal, quando disse
que conversaria com vários deles, como se o julgamento pudesse virar ação entre
amigos.
Como disse a ministra Cármen Lúcia
(STF), o cinismo venceu a esperança e, depois, foi batido pelo escárnio. As
conversas sinalizam que, depois dessa prisão, as delações premiadas poderão
colocar no banco dos réus de 60 a 80 deputados e senadores para o próximo ano.
Com esse placar, não há Câmara ou Senado que se mantenha de pé e continue
trabalhando; a pauta política está virando agenda de porta de cadeia.
COMENTÁRIO:
O Delcídio Amaral foi pego por que fez
mal feito (deixou-se gravar a sua fala), ao contrário, sem gravação, nada lhe
teria acontecido, pois estava fazendo bem feito.

Nenhum comentário:
Postar um comentário