Malco Camargos
Novamente, assim como foi em 1961, o
debate sobre o sistema de governo parlamentarista volta à tona como solução
mágica para conter o avanço da crise política e econômica em que estamos
inseridos.
Os defensores do sistema
parlamentarista apontam uma série de vantagens sobre o Presidencialismo: 1)
Maioria formada por antecipação; 2) Fim do loteamento de cargos no governo; 3)
Diminuição dos custos das campanhas presidenciais; e, principalmente, possibilidade
de substituição do Primeiro Ministro em caso de ineficiência.
Em 1961, com a renúncia do Presidente
Jânio Quadros, uma das saídas apontadas para conter a crise com grupos que não
aceitavam a posse do vice, João Goulart, foi a retirada de parte do poder do
Chefe do Executivo, com a instauração de um regime parlamentarista.
Naquele ano, a emenda constitucional
que reduzia o poder do Presidente foi aprovada com ampla maioria no parlamento
e Tancredo Neves acabou por se tornar o Primeiro Ministro. Com projeto político
bastante contestado pelas ruas, Tancredo viu o apoio ao seu nome diminuir
rapidamente e renunciou ao cargo. Depois de Tancredo, assumiram Brochado da
Rocha e, também, Hermes Lima.
O clima de incerteza e conflito
persistiu até 1963, quando a população, por intermédio de um plebiscito,
escolheu a volta do sistema presidencialista com mais de 80% dos votos.
Trinta anos mais tarde, em tempos mais
calmos - abril de 1993 -, foi realizado um novo plebiscito sobre o sistema de
governo e, novamente, o Presidencialismo consagrou-se vencedor com uma ampla
vantagem sobre o Parlamentarismo.
Agora, em 2015, novamente defensores da mudança de regime colocam suas mangas de fora, destacando a mudança institucional como a solução para o problema que a presidente Dilma Rousseff vem enfrentando no momento.
Agora, em 2015, novamente defensores da mudança de regime colocam suas mangas de fora, destacando a mudança institucional como a solução para o problema que a presidente Dilma Rousseff vem enfrentando no momento.
Sobre a adoção do sistema
parlamentarista, nossa própria experiência revela que, em momentos de crise do
Executivo, não necessariamente o parlamentarismo é capaz de gerar melhores
resultados. Foi assim no período que antecedeu ao golpe de 1964 e pode ser
assim novamente.
Ademais, o sistema parlamentarista
aumenta sobremaneira os poderes do Legislativo. E, hoje, o foco da crise, por
uma questão de interesses e posicionamento político, está mais no Executivo do
que no Legislativo. Mas, se ampliarmos a lupa, se olharmos mais a fundo nossos
representantes, dificilmente acharemos entre nossos representantes no Congresso
pessoas que não passem pelos mesmos problemas que a presidente e que o partido
dela vêm enfrentando no momento.
Em outras palavras, mesmo o presidente
sendo eleito através de escolha majoritária e os parlamentares através da
escolha proporcional, os entraves do financiamento de campanha e os vínculos
privados entre representantes e empresas acontecem da mesma maneira. E, sendo
assim, nem de longe a escolha de um membro do Congresso nos dará mais conforto
neste momento. Afinal, pergunto, você sente que seu deputado te representa?
* Doutor em Ciência Política,
professor da PUC Minas e diretor do Instituto Ver

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