João Carlos Martins
Em quatro tempos quatro palavras se
apresentam e se entrelaçam: Crise, crase, crisálida e crisântemo. Assim: Crise:
Que crise é essa? Wilson Trópia, disse certa vez, durante outra crise: “ A
crise é de caráter”. Outra crise ou a mesma crise que vem se arrastando há
tanto tempo apenas escamoteada, em alguns momentos, por certos malabarismos
político-sociais?
No dicionário encontramos alguns
significados interessantes para a palavra crise: “Alteração que sobrevém no
curso de uma doença”. Doença de um sistema político caduco que favorece, antes
de tudo, a garantia do poder e o favorecimento de privilégios?
Podemos pensar a crise, em toda sua
complexidade, como um sintoma social que se forma devido à imaturidade da nossa
democracia?
Ainda do dicionário sobre crise:
“Manifestação violenta e repentina de ruptura de equilíbrio”. Lembramos aqui da
ruptura do equilíbrio financeiro das contas públicas, porém essa não foi
repentina mas lenta e arrastada. Convoco então Renato Russo com seu álbum;
“Equilíbrio Distante” e a música, “Gente” : “Você se vê errando quase
continuamente/ Esperando que a farsa em excesso não lhe faça mal/ Senão quando
você volta você cai/ A vida está equilibrada em um fio/ E mais cedo ou mais
tarde vai te reencontrar longe/ diante de uma bifurcação...”
Que bifurcação será essa: Impeachment ou fisiologismo político? Presidencialismo ou parlamentarismo? Democracia verdadeira ou pseudodemocracias demagógicas e populistas? Crise ou crase?
Que bifurcação será essa: Impeachment ou fisiologismo político? Presidencialismo ou parlamentarismo? Democracia verdadeira ou pseudodemocracias demagógicas e populistas? Crise ou crase?
Crase: Àqueles que se interessam pelo
verdadeiro, um fragmento de texto de Freud: “O Mal Estar na Civilização”, de
1930: “Sei...é que os juízos de valor do homem acompanham diretamente os seus
desejos de felicidade e que, por conseguinte, constituem uma tentativa de
apoiar com argumentos as suas ilusões...”
Crise pode significar também: “Ponto
de transição entre uma época de prosperidade e outra de depressão ou vice e
versa”. A partir da transição chegamos em crisálida. Uma passagem possível de
uma posição derrotista e pessimista diante de erros e desilusões – lagarta
rastejante – Para uma posição realista e construtiva a partir do percurso
realizado. Essa passagem vale também e principalmente para as nossas crises
internas, pessoais. Aprendemos com Freud sobre nossa tendência de projetar no
exterior nossos conflitos internos. A sociedade ou uma pessoa próxima tornam-se
responsáveis por nossas insatisfações! Asascores, amores...
Crisântemo: Das asas às cores, das
cores às flores. Flor de ouro que na Ásia significa felicidade e é sinônimo de
vida cheia e completa! Se branco, simboliza a verdade e a sinceridade! É um
desejo de verdade e sinceridade que permite o salto da flor para a letra. Letra
na qual a música, através de seu nome, retorna para a flor. É a música
“Crisântemo” de Emicida: “... E na ceia migalhas, no júri mil gralhas/ Não
jure, quem jura mente, pra sempre fé falha/ Vida, morte, número. ãh, de
neguinho/ Aqui é cada um com sua coroa de espinhos/ Qual a sua droga? Tv, erva?
Qual a sua droga? Solidão, cerva? Onde você se esconde? Onde se eleva, hein? O
que é seu em terra de ninguém?...”

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