sábado, 3 de outubro de 2015

ATÉ QUANDO SEREMOS ENGANADOS?




Aristoteles Atheniense*


Em discurso pronunciado na abertura da Assembleia-Geral da ONU, a presidente Dilma Rousseff continuou na mesma atoarda, alegando que “o governo e a sociedade brasileira não toleram e não tolerarão a corrupção”.
Daí o seu empenho junto aos “encarregados de fiscalizar, investigar e punir desvios e crimes”, para que os infratores sejam penalizados.
A sua fala importou no surrado refrão já comentado pelo ex-deputado Fernando Gabeira, que compartilhou com Dilma do propósito de imprimir novos rumos ao país. O antigo companheiro questionou o autoelogio da presidente, quando afirmou: “nunca um governo investigou tanta corrupção”.
Essa bazófia foi agravada com o depoimento de Dilma de que ignorava o assalto à Petrobras, embora houvesse ocupado a presidência do seu Conselho de Administração.
Curiosamente, ao invés de recriminar os “companheiros” que dilapidaram a estatal, Dilma lamentou a participação no imbróglio de alguns filiados do PT na milionária falcatrua, omitindo o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, que atualmente “estagia” num presídio do Paraná.
Como as suas contradições reiteradas importam num deboche à indignação popular, Gabeira formulou a seguinte indagação: “Não sei o que é pior: fingir que não viu ou levar tanto tempo para descobrir”.
É sintomático o vigor com que Lula voltou ao palco defendendo o frustrado retorno da CPMF, afirmando que tem “costas largas”, reclamando “um pouco de sossego” para sua afilhada Dilma, fazendo-se passar como vítima de um processo adverso, marcado pelo “ódio e raiva”, que possa redundar na sua “criminalização”.
Neste mesmo refrão, a rejeição que “lhe é feita” seria fruto da insatisfação das “elites”, que não se conformam com os avanços sociais que introduziu no país. A sua imagem foi precisamente definida por Eduardo Costa neste jornal (31/8). “Lula é o símbolo da arrogância – comum à maioria dos poderosos. Acha que o Brasil foi descoberto em 2003”.
A única forma de conscientizar o povo da gravidade dos desatinos investigados, que afrontam a capacidade punitiva do Estado, é trazendo-os a público, ou seja: sem disfarce nem recuos, para que os infratores sejam execrados publicamente, de modo que não possam se esconder no manto pútrido da imunidade parlamentar. Em face desse quadro inquietante, em que os larápios são tratados pela presidente como meros “malfeitores”, vale parafrasear o cônsul romano Marco Túlio Cícero, nos discursos que fez contra Catilina, que se acostumara a mentir: “Até quando Dilma Rousseff abusará de nossa paciência?”
*Advogado e conselheiro nato da OAB, diretor do IAB e do IAMG e presidente da AMLJ

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