Márcio Doti
A presidente Dilma tenta transferir
para o Congresso mais uma responsabilidade que é sua. Esta é uma das
interpretações para o envio do orçamento com déficit de 30 bilhões de reais. O
projeto orçamentário eleva impostos de celulares e bebidas, corta gastos em
programas sociais como PAC, Ciência Sem Fronteiras e Minha Casa Minha Vida. É
óbvio que esse déficit prejudica o grau de investimento do Brasil. A oposição
quer recorrer ao STF, o Supremo Tribunal Federal, contra a previsão deficitária
sob o argumento de que ela fere a Lei de Responsabilidade Fiscal. O presidente
do Senado, Renan Calheiros, continua representando o seu papel de apoiador nas
horas vagas e clama pela união do país em torno da dificuldade, mas junto a
empresários diz que o país não aguenta mais imposto. O que está mais claro de
tudo isso é que estamos de volta aos velhos tempos em que Sarney era
presidente, depois Collor e os planos desfilavam um a um, cada qual tirando um
pedaço de nossas vidas. Plano isso, plano aquilo, até que veio o Real e
garantiu a estabilidade, fez o país recuperar as suas reservas, tudo o que se
perdeu com os gastos desenfreados dos últimos anos da República. Agora, a
encruzilhada da presidente Dilma era muito clara. Seguir o caminho da
recuperação da economia, sujeitando-se a um desgaste imenso e também a um
grande risco de fracassar tendo em vista os componentes em torno desse desafio.
Teria que apertar os cintos, fazendo um orçamento rigoroso de receitas e
gastos. A política desabaria sobre a sua cabeça. Lhe falta legitimidade,
perdida pelas mentiras do ano passado e os desacertos de sempre e mais
escândalos e mais tudo de que sabemos. Então, o caminho que lhe restou foi
esse. O Congresso que confirme a sua proposta e está aberto o caminho para a
gastança do ano eleitoral. Mas há um detalhe: como segurar os empregos, a
inflação, os preços, a economia em frangalhos? Como segurar tudo isso para
patrocinar mais um ano de mentiras?
Pagamos com juros
A Petrobras reajustou o preço do gás
em 15% e com isto o consumidor final deve pagar R$3 a mais. O preço é livre,
mas essa é a expectativa. O gás não era reajustado desde 2002. Pois, muito bem,
foram 13 anos sem reajuste, mas pagamos muitos bilhões por isto…
BNDES nas campanhas
Detalhe levantado na CPI do BNDES: já
que o banco tem próximo de 30% das ações da JBS Friboi, por que não participou
da decisão sobre as doações de campanha? Ao que o vice-presidente do banco
respondeu que o Conselho Deliberativo não foi consultado sobre esse assunto.
Mas como? Cerca de 30% de um dos maiores financiadores de campanha e o órgão
máximo de administração de uma empresa, sobretudo estatal, nem opina sobre as
operações? E o banco é dono de um terço desse dinheiro dos financiamentos de
campanha. Soa muito mal!
Como segurar os empregos, a inflação,
os preços, a economia em frangalhos?
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