Eduardo Costa
Com certeza, os prezados leitores já
leram tudo o que os analistas da política e da economia acharam do orçamento do
governo federal para 2016, com a inusitada projeção de um déficit superior a R$
30 bilhões. Peço vênia para apresentar algumas reflexões de palpiteiro, com a
autoridade de quem paga muitos impostos, em dia, e está com o embornal cheio de
ouvir discursos, mais que isso, difundi-los nas últimas décadas. A minha
corneta acusa que este orçamento, entregue pelos ministros Joaquim e Nelson ao
Congresso, é o mais honesto dos quais já tive notícias.
Primeiro, preciso esclarecer que não
conheço orçamento honesto. A prática profissional me autoriza a dizê-lo porque
em todas as ocasiões que cobri solenidades de entrega das propostas de receita
e despesas, havia sempre alguém da oposição para acusar o calhamaço de papel de
fictício ou, no mínimo, dossiê de boas intenções. Ora, se agora, os ministros
avisam que, se tudo der certo, Deus ajudar, o que se espera receber vier e o
gasto não for maior que o previsto, ainda assim teremos um rombo de R$ 30
bilhões é sinal de que, no mínimo, há transparência. Dirá alguém que
transparência é obrigação. Concordo. Dirão outros que é a declaração de
incompetência do governo Dilma. Concordo plenamente!
Mas, o melhor do orçamento é que ele
chama para a rinha o Congresso Nacional. Diz algo como “venha, vamos discutir,
conter gastos, fazer a coisa mais decente, encontrar saídas...”. Se tiver
coragem de aceitar o convite, Renan Calheiros vai cortar na carne e diminuir as
exorbitâncias da casa que preside; seu colega, Eduardo Cunha, não terá coragem
de repetir viagens como a que está fazendo, aos Estados Unidos, para um desses
seminários de faz-de-conta no qual gasta R$ 199 mil, incluindo hotel e
passagens na classe executiva para ele e mais seis nobres deputados. Se fizerem
sua parte, ele e Renan poderão exigir de Dilma corte de ministérios, cargos,
garçons, jantares. Por exemplo, da próxima vez que for a San Francisco, nos Estados
Unidos, não gastar quase 400 mil com aluguel de veículos. E ainda atrasar o
pagamento! Quem sabe se a presidente para com esse absurdo de torrar 200, 300
mil numa viagem com aviões, helicópteros e um monte de gente para vir a
Contagem entregar uma máquina agrícola que custa menos da metade? Quem sabe se
o Judiciário não toma juízo, se concede aumentos mais compatíveis com nosso
Brasil e diminui os “auxílios”?
Resumindo a prosa: se todo mundo põe
reparo quando o cidadão mora em área invadida e tem carro na porta, por que o
governo não aceita que quebrou e começa a luta para evitar o SPC?
Dirão outros que é a declaração de
incompetência do governo Dilma. Concordo plenamente!
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