Jornal Hoje em Dia
Os efeitos do abalo na economia
chinesa já estão sendo sentidos pelas empresas brasileiras, e as mineiras em
particular. De certa forma, os exportadores nacionais dormiram em berço
esplêndido com o crescimento disparado da produção dos chineses,
permanentemente ávidos por matérias-primas. Como esse é o perfil de nossas
vendas externas, o chamado dever de casa não foi feito internamente.
E qual seria esse dever de casa? É a
superação da eterna dependência do Brasil e de Minas à venda de produtos
primários, as chamadas commodities, como minério de ferro, soja, café e carnes.
O país precisa desenvolver a sua indústria para o desenvolvimento de produtos
com maior valor agregado, produtos acabados.
Por falta de investimentos e
incentivos do governo, o setor vem, ao contrário, retrocedendo. Pontos de
estrangulamento não têm sido atacados pelo poder central, que é quem detém a
maior parte dos recursos, haja vista a arrecadação tributária, que absorve 37%
do Produto Interno Bruto (PIB). Uma indústria dinâmica potencializa os efeitos
multiplicadores em toda a cadeia econômica.
Mas, como não se muda esse quadro do
dia para a noite – para a China deixar de ser um país praticamente feudal e se
tornar a segunda economia do mundo foram necessários mais de 30 anos –, o
Brasil continuará sendo dependente das vendas das commodities. Que não estão
nada boas.
Em Minas, as exportações de minério de
ferro – que respondem por 80% de nossas vendas para o país asiático – caíram quase
que à metade no período de janeiro a julho. Isso é praticamente uma catástrofe,
porque é o principal produto de exportação de Minas, cuja receita chegou a 2,1
bilhões de dólares no primeiro semestre. Vale ressaltar que em igual período do
ano passado esse valor fora de 4,5 bilhões de dólares.
Conforme explica a reportagem, há uma
estratégia em andamento para estimular as vendas para um ainda incipiente
mercado consumidor chinês, mas que está em desenvolvimento pelo país. Afinal,
trata-se de uma população de mais de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes.
Minas planeja exportar produtos alimentícios, como mel e carnes, e couro. Não é
muito, mas em tempo de crise, todas as iniciativas são válidas.
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