sexta-feira, 18 de setembro de 2015

ESTATAIS - CABIDES DE EMPREGO E CORRUPÇÃO



  

Márcio Doti



Se o governo da presidente Dilma estivesse preocupado em preservar as empresas já apanhadas em casos de corrupção, como Petrobras, BNDES, Eletronuclear e outras, é certo que providências teriam sido tomadas para verificar o andamento dos trabalhos nessas estatais de modo a evitar mais prejuízos ao patrimônio dos brasileiros. Seria o caso de contratar uma auditoria e o próprio governo constituiria uma comissão. Enfim, viriam mecanismos especiais para complementar aqueles naturais quais sejam o TCU (Tribunal de Contas da União) e os conselhos administrativos dessas empresas, embora pouco se possa esperar. É só ver o caso da Petrobras que viveu o terrível momento da compra e venda da usina de Pasadena, nos Estados Unidos, por formas e valores absurdos. O Conselho de Administração, na época presidido pela hoje presidente Dilma Rousseff, não serviu para evitar nada.

Mecanismos especiais para situações especiais como essas que estão sendo vividas nas estatais brasileiras, justificando esse cuidado que, entretanto, não foi adotado. Dirão alguns que para isso já se dispõe dos conselhos de administração, do Tribunal de Contas da União e da própria polícia, embora nem tudo que pode representar uma falha em administração seja crime, ainda que prejudicando o ritmo dos trabalhos e representando prejuízos ou quedas no processo produtivo. Isso tanto pode fazer mal à empresa ou aos resultados de sua finalidade.

O TCU tem exercido o seu papel. É bom lembrar que foi por iniciativa sua, junto ao Supremo Tribunal Federal, que o BNDES teve que abrir a sua carteira de clientes para conhecimento público, por ordem do Supremo. Isso, depois de se negar a fazê-lo baseado em decreto presidencial que tornavam sigilosas as operações de financiamento, sob a alegação de que a exposição das empresas financiadas representava danos à imagem delas, o que não faz sentido. Foi graças a essa iniciativa do TCU que o Brasil pôde ficar sabendo quanto dinheiro jorrou para os cofres da Odebrecht e da JBS Friboi, as duas maiores financiadoras de campanhas eleitorais do ano passado e grandes beneficiadas com financiamento de obras em países tidos como amigos pelo governo brasileiro, aí se incluindo Cuba.

Respeitadas as normas de convivência entre os poderes, seria desejável que há muito já estivesse em campo uma comissão, grupo ou que nome tenha para acompanhar os trabalhos nessas empresas e, assim, prevenir danos que são possíveis diante dos abalos vividos pelas estatais brasileiras às voltas com operações policiais, prisão e identificação de pessoas acusadas. Disso têm cuidado a Polícia Federal, a Justiça Federal e o Ministério Público. O que viria em socorro da vida administrativa das empresas seria algo para atender às novas situações criadas a partir da descoberta de tantos recursos desviados.

Não nos esqueçamos de que a própria Operação “Lava Jato”, conduzida pela Justiça Federal do Paraná junto com o Ministério Público e com a Polícia Federal, teve início a partir da denúncia de um empresário que se envolveu com o doleiro Youssef, quando estava em busca de financiamento para sua fábrica de equipamentos e deparou com o que suspeitou ser um grande esquema de lavagem de dinheiro. Se dependesse dos mecanismos normais das empresas, os bilhões e bilhões de reais estariam jorrando à vontade.

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