Eduardo Costa
Foi mais uma semana difícil nesta
crise que não é só econômica e nem apenas combinada com a política. É também de
confiança – ou de falta desta – é de prostração, vitaminada por frustração e,
convenhamos, também de caráter. Quando a Dilma chamou os governadores para
falar de impostos, imaginamos que pediriam a ela para ter juízo... Aprovaram a
inacreditável ideia de nova CPMF desde que, claro, venha um pouco a mais para
eles também...
Lembrei-me que minha colega Camila
Dias enviou-me trecho do diálogo da peça teatral “Le Diable Rouge”, de Antoine
Rault, escrito 400 anos atrás. Vejam como é atual:
Colbert: Para arranjar dinheiro, há um
momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor
Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já
se está endividado até o pescoço…
Mazarino: Um simples mortal, claro,
quando está coberto de dívidas e não consegue honrá-las, vai parar na prisão.
Mas o Estado é diferente! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele
continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
Colbert: Ah, sim? Mas como faremos
isso, se já criamos todos os impostos imagináveis?
Mazarino: Criando outros.
Colbert:Mas já não podemos lançar mais
impostos sobre os pobres.
Mazarino: Sim, é impossível.
Colbert: E sobre os ricos?
Mazarino: E os ricos também não. Eles
parariam de gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert:Então, como faremos?
Mazarino: Colbert! Tu pensas como um
queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos
e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer e temendo empobrecer. É sobre
essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais
lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam
um reservatório inesgotável. É a classe média!

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