Dia dos pais
De Giuseppe Ghiaroni
Meu pai
está tão velhinho,
tem a mão
branca e comprida,
parecendo a
sua vida,
longa vida
que se esvai.
E eu o
lembro quando moço
de uma
atlética altivez.
Ah! Tinha
força por três!
Você se
lembra, papai?
Menino,
ouvia dizer
que você
era um gigante.
Eu ficava
radiante
e também me
agigantava.
Porque toda
madrugada,
eu
quentinho do agasalho,
ao sair
para o trabalho
o gigante
me beijava.
Sua grande
mão de ferro
parecia
leve, leve
naquela
carícia breve
que da
memória não sai.
Depois… um
beijo em mamãe
e o meu
gigante partia.
E a casa
toda tremia
com os
passos de papai.
Mas agora o
seu retrato
muito moço,
muito antigo,
se parece
mais comigo
do que
mesmo com você.
Você já
lembra vovô
e, à medida
que envelhece,
papai, você
se parece
com mamãe,
não sei por quê.
Você se
lembra, papai?
Quando
mamãe, de repente,
caiu de
cama, doente,
era o pai
quem cozinhava.
Tão grande
e desajeitado
a varrer…
Quando eu o via
de avental,
papai, eu ria;
eu ria e
mamãe chorava.
Eu quis
deixar o ginásio
para ganhar
ordenado,
ajudar meu
pai cansado,
mas tal não
aconteceu.
Papai disse
estas palavras:
Sou um
operário obscuro,
mas você
terá futuro,
será melhor
do que eu.
Eu? Melhor
que este velhinho
a quem devo
o pão e o estudo?
Que é pobre
porque deu tudo
à Família,
à Pátria, à Fé?
Meu pai,
com todo o diploma,
com toda a
universidade,
quisera eu
ser a metade
daquilo que
você é.
E quero que
você saiba
que, entre
amigos, conversando,
meu assunto
vai girando
e no seu
nome recai.
Da sua
força, coragem,
bondade eu
conto uma história.
Todos vêem
que a minha glória
é ser filho
de meu pai.
“Um dia eu
fui tomar banho
no rio que
estava cheio.
Quando a
correnteza veio,
vi a morte
aparecer.
Papai
saltou dentro d’água
nadando
mais do que um peixe,
salvou-me e
disse:_ Não deixe!
Não deixe
mamãe saber!”.
Assim foi
meu pai, o forte
que
respeitava a fraqueza.
Nunca
humilhou a pobreza,
nunca a
riqueza o humilhou.
Estava bem
com os homens
e com Deus
estava bem.
Nunca fez
mal a ninguém
e o que
sofreu perdoou.
Perdoa
então se lhe falo
Daquilo que
não se esquece.
E a minha
voz estremece
e há uma
lágrima que cai.
Hoje sou eu
o gigante
e você é
pequenino.
Hoje sou eu
que me inclino.
Papai… a
bênção, papai.
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