quarta-feira, 1 de julho de 2015

PERIGO



  

Márcio Doti




Hei de festejar sempre que um brasileiro manifestar sua insatisfação ou também o seu aplauso cada vez que encontrar oportunidade para colocar em prática a sua cidadania. Outro dia, o ex-ministro Mantega foi vaiado de novo. E também recentemente, o juiz Sérgio Moro foi aplaudido por sua firmeza na operação “Lava Jato”.

É legítimo, saudável, importante que o cidadão brasileiro se faça respeitar pela capacidade que tiver de mostrar de modo ordeiro e pacato a sua satisfação ou a sua indignação.

Em entrevista recente ao jornal “Folha de São Paulo”, o professor da PUC de São Paulo, jurista Celso Bandeira de Mello, decidiu criticar o juiz Sérgio Moro e a imprensa, dizendo que os jornalistas montam palco para o magistrado aparecer. Acho sinceramente que a realidade é outra.

Quem monta o palco são os que cada vez mais aparecem com as falcatruas, com o espetáculo deprimente de desviar dinheiro do povo. Dinheiro da Petrobras ou seja lá de onde for e cuja destinação deveria ser o cuidado com a saúde do povo, com a escola de qualidade e com a segurança pública.

O jurista Bandeira de Mello acha que com as Olimpíadas o assunto vai morrer. Vale a pena debruçar sobre o complemento de suas declarações quando afirma que corrupção sempre houve no nosso país. Imagina a fortuna que rolou ladeira abaixo ou bolsos adentro ao invés de custear necessidades básicas do povo.

Aponta o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como responsável pela lei de flexibilização das licitações para estatais, o que facilitou o caminho para as falcatruas. Como se isso pudesse aliviar culpados e suavizar culpas quando, em verdade, é exatamente o contrário: aumenta é a lista de culpados.

Detalhe

A título de detalhe, o jurista ouvido pelo jornal é apresentado como amigo do ex-presidente Lula e em 2013 foi um dos advogados que assinaram um pedido de impedimento do ministro Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal. Pois, convenhamos, os fatos que vamos vivendo querem dizer que vão mesmo de pernas para o ar a lógica e a coerência no nosso querido Brasil.

Na medida em que avançam o juiz Sérgio Moro, os procuradores e a Polícia Federal, mais escândalos envolvendo milhões e bilhões de reais vão aparecendo, cada escândalo maior que o outro, a demonstrar que o Brasil dos pobrezinhos nas filas de hospitais e cada vez mais nos balcões de emprego é um Brasil posto ao avesso porque ao invés de investirmos contra os errados atacamos é a polícia e a justiça.

Cautela

É certo que devemos ter a cautela, por exemplo, de não tomar produto de delações premiadas como definitivas para considerar alguém culpado de alguma coisa. Os dados levantados dessa forma devem sempre passar por investigações antes de servir para atribuir a denunciados qualquer tipo de culpa. Mas não condenar está longe de representar absolvição.

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