Dilma tem até esta quarta-feira para
responder TCU sobre contas do governo
Tribunal quer saber a real situação da contabilidade do governo (Foto: Lula Marques)
A presidente Dilma Rousseff tem até esta quarta-feira (22) para
apresentar uma resposta ao Tribunal de Contas da União (TCU) na tentativa de
evitar que as contas públicas de 2014 sejam reprovadas pelo órgão. No mês
passado, o tribunal tomou uma decisão inédita ao adiar a análise das contas por
30 dias, para que o governo federal esclareça indícios de descumprimento da Lei
de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Em acórdão aprovado no mês de abril, o TCU constatou irregularidades no
atraso do repasse de verbas do Tesouro Nacional a bancos públicos para o
pagamento de despesas com programas sociais do governo, como Bolsa Família,
seguro-desemprego e abono salarial. O governo pretende responder aos
questionamentos argumentando que as transferências de recursos são regulares e
que a metodologia não é nova, pois vem sendo usada desde 2001, quando foi
criada a LRF.
No entendimento dos ministros do tribunal, a atitude do governo foi
considerada uma operação de crédito porque, na prática, os bancos públicos
emprestavam valores à União. O procedimento é proibido pela LRF. Já o governo
discorda dessa avaliação alegando que as práticas ocorreram durante períodos
curtos, que acabam sendo compensados no momento em que os bancos recebem os
recursos e ficam com saldos positivos.
O tribunal quer saber a real situação da contabilidade do governo.
“Restou confirmado nos autos que: despesas concernentes ao Bolsa Família, ao
seguro-desemprego e ao abono foram pagas pela Caixa; subsídios do Programa
Minha Casa, Minha Vida vêm sendo financiados pelo FGTS [Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço]; e subvenções econômicas, sob a modalidade de equalização de
taxas de juros, vêm sendo bancadas pelo BNDES ou pelo Banco do Brasil”,
escreveu o ministro do TCU José Múcio Monteiro, ao apreciar as operações.
Nessa segunda-feira (20), Dilma se reuniu com ministros, que vêm sendo
escalados para fazer a defesa do governo, e presidentes de bancos públicos.
Participaram do encontro os ministros da Advocacia-Geral da União, Luís Inácio
Adams, do Planejamento, Nelson Barbosa, da Controladoria-Geral da União, Valdir
Simão, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, além dos presidentes do Banco do
Brasil, Alexandre Abreu, da Caixa Econômica Federal, Miriam Belchior, do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Luciano Coutinho, e do Banco
Central, Alexandre Tombini.
Em repetidas declarações, o advogado-geral da União e o ministro do
Planejamento têm dito que a prática é normal e correta, mas que se for
entendida como operação de crédito, deve haver um aperfeiçoamento das regras e
não uma punição, pois o procedimento também ocorreu em outros anos. Nas últimas
semanas, ele e Nelson Barbosa têm comparecido em audiências na Câmara e no
Senado e feito reuniões com parlamentares com o objetivo de convencê-los de que
as práticas são regulares. “São operações que foram objeto de aprovação pelo
próprio TCU em exercícios anteriores, são operações que tem por objetivo
adaptar a política fiscal para uma melhor evolução da economia”, disse Nelson
Barbosa.
O assunto também já foi discutido em encontro entre Dilma, ministros,
presidentes e lideranças de partidos na reunião do chamado conselho político.
Na opinião Adams, não há necessidade de pedir mais tempo ao tribunal, pois os
elementos de defesa estão sistematizados. “O governo está absolutamente
confiante nesse sentido. Temos plena confiança de que o TCU terá ponderação e
equilíbrio para tomar uma decisão desse nível”, afirmou o AGU na semana
passada.
O TCU é responsável pela análise técnica das contas do Executivo e sua
decisão servirá de subsídio ao Congresso Nacional, responsável pelo julgamento
das contas da presidente Dilma Rousseff. Após o adiamento da análise do TCU, o
relator do parecer, ministro Augusto Nardes, entregou ao presidente do
Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), o documento com a avaliação de
que as contas não estavam, “no momento, em condições de serem apreciadas”.
Depois que receber as respostas, Nardes vai formular seu voto e convocar uma
reunião plenária para que os demais ministros também apreciem as contas.

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