Mauro Santayana
Os jornais voltam a anunciar que se
discute, dentro e fora do governo, o fim da atuação da Petrobras como operadora
exclusiva do pré-sal, com fatia mínima de 30%.
Alegam, entre outras coisas, seus
adversários que seria inviável para a Petrobras continuar a explorar o petróleo
do pré-sal com a baixa cotação atual do barril no mercado global, quando a
produção oriunda dessa área cresceu 70% em março e se aproxima de 500 mil
barris por dia.
Ora, se a Petrobras, que acaba de
ganhar (pela terceira vez) o maior prêmio da indústria internacional de
exploração de petróleo em águas marinhas, o OTC Distinguished Achievement Award
for Companies, Organizations and Institutions, nos EUA, justamente pelo
desenvolvimento de tecnologia própria para a extração do óleo do pré-sal em
condições extremas de profundidade e pressão, estaria tendo prejuízo na
exploração desse óleo, porque as empresas estrangeiras, a quem se quer entregar
o negócio, conseguiriam ter lucro como operadoras, se não dispõem da mesma
tecnologia?
Se a Petrobras explora petróleo até
nos Estados Unidos, em campos como Cascade, Chinook e Hadrian South, onde acaba
de descobrir reservas de 700 milhões de barris, em águas territoriais
norte-americanas do Golfo do México, porque tem competência para fazer isso,
qual é a lógica de abandonar a operação do pré-sal em seu próprio país, onde
pode gerar mais empregos e renda com a contratação de serviços e produtos
locais, e o petróleo é de melhor qualidade?
A falta de sustentação dessa tese não
consegue ocultar seus principais objetivos. Se quer aproveitar uma “crise” da
qual a empresa sairá em poucos meses (as ações com direito a voto já se
valorizaram 60% desde janeiro; o balanço foi apresentado com enormes provisões
para perdas por desvios de R$ 6 bilhões, que delatores “premiados”, cuja
palavra foi considerada sagrada em outros casos, já negaram que tenham
ocorrido; a produção e as vendas estão em franco crescimento) para fazer com
que o país recue no regime de partilha de produção, de conteúdo nacional
mínimo, e na presença de uma empresa nacional na operação de todos os poços,
para promover a entrega da maior reserva de petróleo descoberta neste século
para empresas ocidentais, como a Exxon, por exemplo, que acaba de perder,
justamente para a Petrobras, o título de maior produtora de petróleo do mundo
de capital aberto.
Como ocorreu na década de 1990, se
cria um clima de terror para promover a entrega de uma das últimas empresas sob
controle nacional ao estrangeiro.
Enquanto isso não for possível,
procura-se diminuir sua dimensão e importância, impedindo sua operação na
exploração de reservas que são suas, por direito, situadas em uma área que ela
descobriu, sozinha, graças ao desenvolvimento de tecnologia própria e inédita e
à capacidade de realização da nossa gente.
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