quarta-feira, 6 de maio de 2015

CONSTRUIR MAIS ESCOLAS OU PRISÕES



                                                                                                                                                       Crime sem castigo

Uma crise anunciada teve desfecho dramático nessa terça-feira (5) na capital. O esgotamento do sistema prisional do Estado por causa da superlotação deixou policiais militares com suspeitos de crimes presos nas viaturas parados na porta das delegacias por várias horas, sem ter como finalizar a ocorrência. Enquanto isso, o policiamento ostensivo foi relegado, para felicidade dos marginais.
Presídios e centros de remanejamento de presos em Neves, BH e Betim foram interditados pelo Ministério Público por absoluta falta de condições de receber mais internos. Minas tem 58 mil detentos para um total de 26 mil vagas. Aparentemente, parecem números que não apresentam uma distorção absurda, pois são pouco mais de dois presos por vaga. O problema é que em determinadas unidades há a superlotação, como as que estão próximas da capital.
O crime não cessa de aumentar em todo o país. O Brasil já é o líder no ranking mundial de assassinatos, com mais de 60 mil por ano, segundo cálculos da Organização Mundial de Saúde. São 32 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes.
Há uma divergência sobre a posição do país em termos de população carcerária. Um número apresentado dá conta de que o total de presos estaria em 580 mil, o que coloca o Brasil em quarto lugar no mundo, atrás de Estados Unidos (2,217 milhões), China (1,657 milhão, mas organizações internacionais dizem que esse total é subnotificado) e Rússia (673 mil).
O problema é que, em recente relatório, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontou que esse número do Brasil não considera as prisões domiciliares, que estariam na casa das 147 mil, o que colocaria o país no terceiro lugar.
E a população carcerária seria ainda maior se fossem contabilizados os mandados de prisão em aberto, ainda segundo o CNJ, que alcançam a fantástica cifra de 370 mil. Tudo isso somado, seriam mais de um milhão de presos. Sem esses dois aspectos – prisões provisórias e mandados em aberto, o déficit de vagas no sistema prisional estaria em pouco mais de 200 mil.
Ou seja, a questão prisional é um barril de pólvora. A crise mineira deflagrada nessa terça-feira serve de alerta para as novas autoridades que governam Minas.
 

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