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CBF quer
pagar 'bolsa' aos cartolas que elegem o presidente da entidade
Pedro Lopes
Do UOL, em São Paulo
A CBF pode oficializar nas próximas semanas o
pagamento de uma espécie de "bolsa" aos presidentes das 27 federações
estaduais do futebol brasileiro. A quantia, como se fosse um salário de R$ 15
mil reais, seria paga diretamente aos cartolas, como uma ajuda para cobrir
custos gerados pelo trabalho nas entidades.
O UOL Esporte apurou que as conversas sobre a
concessão do benefício ganharam força durante a Copa do Mundo – vários dos
presidentes reclamaram dos custos gerados por viagens, encontros com
patrocinadores e horas perdidas em seus empregos de fato, pagas com o próprio
dinheiro. São estes mandatários que formam a maior parte do colégio eleitoral
que elege o presidente da CBF.
Na CBF, a cúpula é remunerada – o
presidente José Maria Marin, por exemplo, tem um salário de R$ 160 mil reais;
os vice-presidentes (Marco Polo Del Nero, já eleito para assumir a confederação
em 2015, é um deles) também têm vencimentos mensais, de até R$ 98 mil.
Em contato com a reportagem, dirigentes de diversas
federações confirmaram conhecimento da medida, à qual se referem como
"pró-labore".
"O que foi projetado é uma verba de
representação para o presidente que não tenha remuneração ou salário. Ainda não
chegou nada oficial, não recebi ainda. Acho que é uma decisão que foi tomada e
que vai ser implantada" disse o presidente da Federação Pernambucana,
Evandro Carvalho.
"Essa ideia vem desde a Copa do Mundo. Eu
considero justo, a maioria dos presidentes tem outros trabalhos, e acaba
passando mais tempo na federação do que no emprego. As vezes temos que resolver
problemas nos finais de semana, domingo. As viagem, almoços e todos os custos
pagamos com o próprio dinheiro", explicou Hélio Cury, mandatário da
Federação Paranaense.
"Já ouvi isso, semana que vem vou ao Rio
tratar disso e de outros assuntos. Muitas coisas envolvem a pessoa física do
presidente, na gestão de uma Federação. Se se concretizar, é justo, mas tem
quer ser feito de forma transparente, cobrando os devidos tributos", disse
José Vanildo, da Federação do Rio Grande do Norte.
As federações já recebem uma ajuda de custo mensal
da CBF, de R$ 50 mil. Este valor, segundo os dirigentes, é destinado a custear
despesas que tem origem na organização de campeonatos. Nos últimos dois meses
do ano, ele é dobrado, para pagar despesas trabalhistas dos funcionários, como
férias e décimo terceiro.
A reportagem ouviu outros presidentes, e todos
consideram o pro-labore justo e necessário. Igualmente, porém, são unânimes em
uma condição: ele tem que ser estendido a todas as 27 federações, sem
distinção.
"Eu sou uma pessoa de mercado, sou um
investidor e sou um aposentado. Tenho minha receita privada e particular. Acho
que se o benefício existir ele tem de ser para todos, independentemente da
posse. Senão você vai diferenciar. Não tem sentido. Ou é um instituto
institucional ou não é. Senão vai parecer que você está assalariando
alguém" disse Evandro Carvalho.
José Vanildo, do Rio Grande do Norte, previu que a
medida possa gerar alguma repercussão negativa. O dirigente, porém, falou sobre
as dificuldades na gestão das entidades, principalmente dos estados com menor
poder econômico.
"As pessoas falam da questão política, mas não
é comprar os presidentes. Os presidentes estão mudando, estou no segundo
mandato, no Maranhão também é um cara novo. Os que estão há mais tempo, são de
lugares onde a dificuldade é muito grande. Isso pode não representar muito para
os grandes centros, mas para o Norte, o Nordeste, faz muita diferença. Acho que
se as coisas são feitas com transparência, a sociedade entende. Isso, na
verdade, é uma compensação pelas despesas que o presidente tem".
Hoje, as federações compõe a maior parte do colégio
eleitoral que escolhe o presidente da CBF – são 27 votos, suficiente para bater
os 20 votos dos clubes da Série A caso haja divergência entre os candidatos.
Procurada pela reportagem, a CBF, até a hora da publicação,
ainda não tinha enviado sua resposta.
* colaborou Guilherme Costa
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