terça-feira, 31 de janeiro de 2023

ELEIÇÕES NA CÂMARA E NO SENADO MOVIMENTAM O CONGRESSO NACIONAL

 


CPIs, convocação de ministros e reuniões semanais: como a oposição a Lula vai se organizar

Por
Rodolfo Costa – Gazeta do Povo
Brasília


Sessão conjunta do Congresso Nacional: parlamentares de oposição prometem resistência organizada contra governo Lula| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senad

Os parlamentares contrários ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmam que pretendem organizar uma oposição institucional ao governo no Congresso Nacional. As conversas ainda são incipientes, mas o aumento de deputados e senadores conservadores na próxima legislatura, que toma posse nesta quarta-feira (1º), engrossou o grupo de opositores que trabalha para coordenar um movimento de resistência às medidas e ações de Lula no Palácio do Planalto.

Senadores de oposição argumentam que o primeiro passo é assegurar a eleição do senador eleito Rogério Marinho (PL-RN) para o comando do Senado. “Não para fazer oposição ao presidente Lula, mas para que a Casa seja uma entidade e um poder independente aos poderes da República”, diz o senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS). Marinho disputa o comando do Senado com o atual presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A eleição ocorre na quarta-feira.

Na Câmara, além de propostas de reuniões semanais, também está em discussão a definição de pautas em comum. O deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) quer apresentar entre 40 a 60 dias uma agenda legislativa de oposição. Na última quarta-feira (25), ele iniciou os trâmites para a contratação de uma consultoria que vai auxiliá-lo a mapear as pautas prioritárias que virão a ser defendidas pelos parlamentares que irão se opor ao governo federal.

O pontapé para a elaboração de uma agenda legislativa é visto por opositores como a pedra fundamental que marca o início de um processo de organização do grupo de opositores. A lista de pautas ainda será definida em reuniões com deputados a partir da próxima quinta-feira (2), após a posse da nova legislatura.

A ideia de deputados da oposição é apresentar uma agenda ampla contendo pautas que, eles entendem, não terá o apoio de Lula e de seu governo. Entre as propostas, há sugestões de reformas amplas, como a administrativa e a do Judiciário, com direito a delimitações aos poderes de tribunais superiores e mandatos de magistrados, como propõe o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP).

O fim do foro privilegiado, a prisão após condenação em segunda instância e o voto impresso auditável são outras propostas defendidas por diferentes parlamentares. A deputada federal Bia Kicis (PL-DF), autora da proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso votada na última legislatura, atua para apresentar uma nova redação no início da legislatura.

Até a elaboração da agenda legislativa e a definição da estratégias para avançar os assuntos, contudo, Melo defende que a oposição concentre as energias em questionar e convocar ministros do governo para explicar declarações e medidas. “A pauta deve começar pelo combate às inverdades e mentiras sendo disseminadas desde a transição, o governo está exagerando nas fake news”, diz. “Vamos montar um exército de questionamentos e o governo pode se preparar, porque vai ter um pacote de convocações de ministros para poder explicar as inverdades que tem dado publicidade”, complementa.

O parlamentar também é favorável à instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar possíveis responsabilidades do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, nos atos de vandalismo de 8 de janeiro. Porém, a própria oposição está dividida sobre qual CPI é mais prioritária. Outros acham que a mais urgente é a que propõe investigar supostos abusos de autoridade de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A divergência na política é natural e deputados não veem problemas na indefinição de qual CPI é mais importante, por exemplo. Existe, porém, uma análise entre parlamentares de que é imprescindível assegurar uma coordenação da oposição, sob pretexto e risco de não oferecer uma resistência firme a Lula. Hoje, o grupo de deputados federais que se dispõe a contestar o governo federal ainda está desorganizado, com alguns parlamentares ainda tomando decisões independentes e até sem planejamento.

Qual é o planejamento projetado para organizar a oposição no Congresso
Vice-líder do governo na Câmara na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado Evair de Melo diz que irá construir um organograma para auxiliar na organização da oposição. “Vamos aguardar a chegada de todo mundo, identificar um a um e começar a trabalhar”, destaca.

O parlamentar se articula para ser o líder da oposição ao governo Lula na Câmara. “Tem deputado que é bom de articulação, de Judiciário, de falar em comissão e de discursar em plenário. Vamos organizar e avaliar o talento, a especialidade e o papel que cada um pode cumprir na oposição”, diz.

Ao identificar a disponibilidade, pretensão e habilidades dos deputados para fazer a oposição, Melo acredita que seja possível montar um bloco coeso e organizado. “Queremos identificar a habilidade potencial de cada um e montar um organograma da oposição para que cada um possa atuar em um campo, seja de fiscalização, denúncia, em plenário ou nos bastidores”, explica.

O deputado entende que o processo de organização pode levar “alguns dias”, mas assegura que será possível montar uma coordenação eficiente, com o estabelecimento de metas e objetivos. Ele discorda, porém, que a atual desorganização da direita decorra de vaidades.

“Acho que cada um tenta dar o seu melhor mesmo em ‘carreira solo’.  Tem espaço para todo mundo, a oposição não vai ser uma pessoa, vai ser um bloco onde cada um vai ter o seu protagonismo. Nos outros mandatos, Lula tinha só uma meia dúzia perturbando, agora, ele vai ter um exército alinhado”, diz. “Nunca tivemos uma direita organizada na oposição, é uma experiência nova, mas tenho certeza que as abóboras se juntarão e vamos organizar um grupo muito qualificado”, complementa.

Nos cálculos de Melo, a bancada orgânica da oposição pode chegar a 250 deputados e a 300 em temas ideológicos. O grupo de oposição dialoga em um grupo de WhatsApp e tem discutido a organização do bloco ainda em termos informais, mas existe a expectativa de que as primeiras reuniões formais possam ter início na próxima semana.

“Estamos nos falando muito no grupo, inclusive essas ações que cada um faz [contra o governo Lula] são compartilhadas, cada um faz ao seu juízo de forma solo, mas com apoio de todos. Na quinta (2) ou sexta-feira (3), vamos reunir o primeiro grupo para organizar as primeiras ações”, afirma Melo. Ele e o deputado Sanderson (PL-RS) apresentaram pedidos de impeachment de Lula. Também há pedidos de investigação contra o presidente da República por ter sugerido a hipótese de que a ex-presidente Dilma Rousseff sofreu um “golpe”.

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No Senado, os cálculos sugerem que a oposição pode chegar a pelo menos 35 votos e os senadores prometem uma oposição com “conteúdo e lógica”. “Os bons projetos nós vamos aprovar, mas tudo que não for interessante para o país nós vamos combater”, diz Luiz Carlos Heinze.

Para o senador, é importante uma discussão sobre o decreto que restringiu o acesso ao porte e à posse de armas e também a temas da área econômica discutidos pelo governo, como a ideia de moeda única para países do Mercosul e o financiamento de obras em países estrangeiros com recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Vamos fazer uma oposição responsável para melhorar o destino do nosso país, que já estava sendo bem feito no governo passado”, afirma.

O senador Wellington Fagundes (PL-MT) reforça o discurso de defesa de uma oposição responsável que assegure a manutenção dos investimentos e de uma economia fortalecida e sugere que a candidatura do senador eleito Rogério Marinho à presidência do Senado é uma sinalização disso. “Ele quer ser um presidente na linha construtiva, de uma oposição consciente”, afirma.

“Estamos em sintonia com a população, apresentando uma candidatura extremamente viável e que representa mudanças, mas isso não quer dizer que estamos aqui para agredir nosso adversário, é uma casa dos pares, da maturidade, nós representamos os estados brasileiros”, complementa Fagundes.

Oposição quer reuniões semanais para definir até palavras de ordem

A deputada Bia Kicis defende reuniões semanas junto à bancada de oposição a Lula para discutir não apenas pautas legislativas, mas também coordenar denúncias e até palavras de ordem contra o governo. O objetivo é assegurar uma resistência vigilante, proativa, programática e fiscalizatória.

A proposta é que a direita trabalhe com uma organização semelhante à apresentada pela esquerda na gestão Bolsonaro. Bia entende que a esquerda recebia orientações semanais sobre como acusar o antigo governo e o ex-presidente, e considera que as críticas e acusações eram feitas de forma organizada para criar narrativas.

“Uma semana eles eram orientados a chamar o Bolsonaro de genocida, e aí, onde estivesse, a única palavra era essa. Na outra semana era outro assunto, e não importa se é verdade ou mentira, eles não estão nem aí para isso. Eles querem criar uma narrativa, mentir para fazer a narrativa colar. É como se diz na política: uma versão é mais importante que o fato. A gente tem que entender isso”, afirma.

A ideia defendida por ela é mencionar palavras de ordem no plenário, nos breves comunicados, em todas as comissões e usar o tempo de liderança para “martelar” e “mostrar o que está sendo feito”. “Vamos denunciar as coisas que estão sendo feitas de errado, porque isso com certeza não vai faltar, vai sobrar. Estamos vendo a quantidade de absurdo que já está sendo feito”, sustenta.

A parlamentar esclarece que não concorda com o posicionamento da esquerda, mas entende que o modelo de briefing semanal pode ser replicado pela oposição a Lula. “Nós podemos definir palavras de ordem baseadas na verdade, porque para falar mal do PT não precisa criar nenhuma narrativa, é só falar a verdade”, defende.

O deputado Luiz Philippe considera que a organização da oposição deve começar por lideranças que tenham “credibilidade” e possam expandir desse núcleo duro para pessoas com pensamento similar. “Ser oposição é ter, primeiro, objetivos comuns, e ter coragem de sofrer as consequências de ser oposição em segundo lugar. Em terceiro, não pode abrir mão da coesão”, destaca.

O parlamentar entende que tem muitos deputados com visibilidade, mas sem coesão na defesa das ideias, e vice-versa. “Tem que começar com o núcleo duro bem coeso. A gente ainda está nessa etapa, não estamos nem na etapa de expansão”, comenta, com críticas veladas a deputados que considera vaidosos e até narcisistas. “Tem as bancadas ‘da live e do meme’, que têm canal de mídia e estão loucos para aparecer de novo.”

Como opositores querem avançar o voto impresso, reformas e outras pautas

A oposição a Lula também planeja manter um boa relação institucional com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para assegurar a votação de matérias da agenda legislativa a ser construída, incluindo o voto impresso. O deputado Evair de Melo vai apoiar a pauta e promete dialogá-la com Lira junto de Bia Kicis quando o novo texto estiver pronto.

“O Arthur coloca pra votar e respeita, é um homem que não é de sentar em cima de pauta legislativa, ele tem esse perfil. Uma vez convencido da necessidade técnica ele sempre se dispõe a dialogar. Confio muito na palavra dele, como ele tem com todos. Quando botar para votar, respeita o plenário”, comenta Melo.

Bia não espera um compromisso de Lira com o mérito do voto impresso, mas acredita que ele possa encaminhá-la para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), uma vez que a nova PEC esteja pronta e com o mínimo de 171 assinaturas necessárias para ser protocolada. “Ainda não comecei a colher as assinaturas porque não redigi essa nova proposta. Estou pensando qual seria a melhor forma de fazer uma redação que afastasse resistências e angariasse apoio”, justifica.

Para a elaboração da nova PEC do voto impresso, Bia tem ouvido especialistas, acadêmicos na área de segurança em sistemas eleitorais e também deputados. “Sempre tenho falado que eu pretendo, mais uma vez, dar uma chance à nossa democracia de fazer com que os eleitores se sintam confiantes. Não adianta ministro do TSE ou quem quer que seja dizer que o sistema é seguro ou transparente se o eleitor não confiar, e não adianta dizer que é obrigado a confiar”, argunenta.

A parlamentar também planeja pedir a tramitação de CPIs, de propostas que tratam do fim do foro privilegiado, da reforma do Judiciário e da reforma tributária relatada por ela em comissão especial, a PEC 7/2020. De autoria do deputado Luiz Philippe, o texto prevê a concentração da tributação em apenas três categorias de impostos (consumo, renda e propriedade), mas cria uma regra de transição, preserva tributos, como a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e mantém a existência dos fundos de participação dos estados e dos municípios.

A PEC 7 foi aprovada em comissão especial no fim do ano passado e está pronta para ser votada em plenário. Porém, os sinais políticos são de que a reforma tributária a ser discutida é a PEC 45/2019, que tem como autor intelectual o secretário especial para reforma tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy. Luiz Philippe critica os movimentos e promete pressionar para que sua proposta tramite.

“Nenhuma das outras propostas conseguiu chegar nesse estágio [da possibilidade de ser votada em plenário] e, agora, corre o risco do governo pensar diferente. Eles têm uma visão completamente centralizadora e aí não sei se o Lira vai apensar a proposta do PT em cima da minha, que não tem nada a ver, já digo isso de antemão”, diz.

O parlamentar também é autor de uma proposta de reforma do Judiciário e defende sua pauta, que propõe restringir o STF a uma Corte constitucional. “É a mais abrangente, porque envolve STF, STJ, Ministério Público, nomeações com mandatos, competências”, afirma. “Tudo isso é importante porque está pontuado, não dá para fazer reforma do Judiciário pequena e pontual, não resolveria o problema do Judiciário, que evoluiu para ser uma autocracia”, acrescenta.


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COM NOVA DIREÇÃO O SENADO PODERÁ SER MAIS INDEPENDENTE

Editorial
Por
Gazeta do Povo


O senador Rodrigo Pacheco (esq.) e o senador eleito Rogério Marinho (dir.)| Foto: Roque de Sá/Agência Senado / Waldemir Barreto/Agência Senado

Nesta quarta-feira (1 º), o Congresso Nacional dará início a uma nova legislatura, com a posse dos 513 deputados federais e 27 senadores eleitos em 2022, e, na sequência, a eleição dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados. Diante da realidade brasileira, marcada pela grande polarização política, falta de confiança nas instituições, e da crise institucional alimentada pelo ativismo judicial, a atuação do Legislativo terá um papel decisivo. E um dos primeiros passos que definirá como se dará o trabalho do Congresso será a escolha dos presidentes das duas casas.

Na Câmara dos Deputados não deve haver surpresas e a perspectiva é a de que Arthur Lira (PP-AL) mantenha-se como presidente. Ele é o favorito na disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados com o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) – aliados dizem que Lira pode vencer a disputa com até 90% dos votos dos 513 deputados. Considerado um bom articulador político, ele conseguiu transitar pelo governo de Jair Bolsonaro e também pelo início do governo Lula.

O país precisa de um presidente do Senado com personalidade e firmeza, que jamais considere aceitáveis os excessos do Judiciário.

Já no Senado, a situação ainda é indefinida. A disputa deve ficar entre o atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Desenvolvimento Regional no governo de Jair Bolsonaro. O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) também protocolou sua candidatura, mas não é considerado um candidato com chances de vencer a disputa, o que é uma pena, tendo em vista que Girão sempre mostrou posicionamentos bem definidos em relação a temas como a defesa da vida e a independência entre os Três Poderes.

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado desde 2021, tem o apoio dos partidos da base de Lula e dos senadores lulistas, como Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Se eleito, deverá ser um apoiador importante do governo petista no Senado, onde a maioria dos parlamentares (55,5%) pertence a partidos mais conservadores. Com a eleição de Pacheco, projetos do Executivo poderão ter a tramitação facilitada, enquanto pautas contrárias aos interesses de Lula poderão ser engavetados. Com Pacheco no Senado, o governo petista será fortalecido e terá mais liberdade para agir.

Com Marinho, o Senado estaria mais perto de representar o resultado das urnas, que evidenciou que a população deseja parlamentares mais alinhados a princípios conservadores.

Pacheco também não deu mostras de reconhecer a existência de abusos por parte do Judiciário e conta com o apoio informal de Alexandre de Moraes – o ministro já teria deixando claro que prefere Pacheco na Presidência do Senado. Se vencer a disputa, é provável que uma CPI para analisar os possíveis excessos cometidos pelo Judiciário encontre mais dificuldade para ser instalada. E sabemos o quanto seria importante essa discussão. Hoje, boa parte da crise institucional vivida pelo país é alimentada pelas decisões equivocadas da Justiça – os casos de censura ou perseguição indevida por expressão de opinião, por exemplo –, e pela interferência indevida da Justiça nos outros poderes.

Já a eleição de Rogério Marinho poderia ser um contraponto importante, representando a possibilidade de um Senado menos subserviente às decisões do Judiciário e das propostas do Executivo, trazendo mais equilíbrio ao cenário político. Lembremos que as eleições de 2022 foram marcadas pela alta polarização, com os votantes divididos entre Lula, que venceu as eleições presidenciais por uma diferença mínima de votos, mas viu sua bancada de parlamentares despencar e se tornar minoria; e Bolsonaro, que mesmo perdendo elegeu a maior bancada, tanto na Câmara quando no Senado. Com Marinho, o Senado estaria mais perto de representar o resultado das urnas, que evidenciou que a população deseja parlamentares – e por extensão um Congresso Nacional – mais alinhados a princípios conservadores.

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Considerando que em menos de um mês no poder Lula já começou uma guinada à esquerda – basta lembrar que em poucos dias de mandato o petista já promoveu o afrouxamento das regras que regem o aborto e restabeleceu relações diplomáticas com ditaduras esquerdistas, como a Venezuela – será muito importante contar com uma oposição forte e articulada.

Isso significa uma oposição que possa atuar de forma equilibrada, pautada pelos interesses do país e não pela crítica destrutiva como vimos quando a esquerda era a oposição, e que tampouco seja omissa em se posicionar com independência. Nesse sentido, a escolha do presidente do Senado – na Câmara, como dissemos, a Presidência deve permanecer com Arthur Lira –, é o ponto de partida e o senador Rogério Marinho nos parece a melhor escolha. O país precisa de um presidente do Senado com personalidade e firmeza, que jamais considere aceitáveis os excessos do Judiciário e nem seja subserviente a interesses alheios aos do país.


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PEDIDO DE IMPEACHMENT DE LULA DESNECESSÁRIOS

 

Afobação
Molecagens de uma oposição irresponsável podem custar caro ao país

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Kim Kataguiri: otaku fantasiado de deputado. Ou seria “depotaku”?| Foto: Reprodução/ YouTube

Estamos em janeiro. Ainda. E já tem pedido de impeachment do presidente Lula. Na verdade, dois. O primeiro foi feito pelo deputado Ubiratan Sanderson; o segundo, pelo também deputado Evair de Melo. Ambos têm como justificativa o revisionismo histórico de Lula, que insiste porque insiste que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe. Mas todo mundo sabe que os documentos praticamente iguais estão destinados ao fundo da gaveta o presidente da Câmara, Arthur Lira.

Ao ler as petições quase infantis, dirigidas a Arthur Lira naquela linguagem entre a do cartorário e do escrivão de polícia, me veio à mente a figura sempre patética dos petistas que, a cada espirro de Fernando Henrique ou Temer, pediam o impeachment deles. Mas aí me segurei pelo colarinho e falei para mim mesmo com uma expressão de Dirty Harry: “Não era você mesmo que outro dia estava cobrando uma oposição dura a Lula?”.

Era. Digo, sou. Daí minha preocupação com essas traquinagens que fazem a festa dos ingênuos e dos oportunistas, ao mesmo tempo em que só servem para reforçar os falsos temores que emanam sobretudo do Supremo Tribunal Federal. O pouco de democracia que nos resta parece desaparecer quando oportunistas se aproveitam do picadeiro esvaziado para contar a piadinha sem graça do “impeachment precoce” ou do “mandato interrompido”.

Como já diagnosticava alguém, o problema do Brasil não é nunca o governo; é sempre a oposição. Isso está claro desde os anos 1990, com a oposição burra e histriônica do PT aos Fernandos. Depois, com a oposição frouxa do PSDB aos intermináveis 16 anos do PT no poder. Em seguida, com a oposição do PT, acrescido de seus partidos-satélites e de uma imprensa cada vez mais antagonista (no pior sentido da palavra), a Temer e Bolsonaro.

Sei que essa oposição que está aí não é exatamente a mesma oposição que trabalhará de fato para proteger o Brasil dessa tragédia anunciada chamada Lula. Sei que até o dia 2 de fevereiro estamos numa espécie de limbo de representatividade, uma oferta da nossa mutcho loka legislação eleitoral – tão poderosa que em torno dela gravitam casos e mais casos de censura e até um permanente Estado de exceção. Coisas contra as quais, espero, a nova legislatura atue com um mínimo de dignidade. (É, minhas expectativas são bem baixas mesmo).

“Otaku, gamer e deputado”
Mas os sinais que vêm da dupla Sanderson & Melo, ambos reeleitos, são preocupantes e revelam uma oposição meramente oportunista, afoita e apaixonada pela própria imagem. Características, aliás, que se aplicam também à traquinagem do moleque e deputado federal Kim Kataguiri, em teoria do partido União Brasil, mas na prática um representante do MBL, aquele grupo que só quer ver o circo pegar fogo.

Pois não é que alguém soprou no ouvido de Kataguiri que seria uma boa ideia denunciar Lula por desinformação (novamente usando a história do “impeachment foi golpe”, na qual, aliás, de tanto repetirem estou começando a acreditar) ao imoralíssimo órgão de repressão criado pela AGU do eterno garoto de recados Bessias? Com isso, Kataguiri conseguiu o que queria: espaço no noticiário. Por causa essa brincadeirinha narcisista do “otaku, gamer e deputado”, agora corremos o risco de ver chancelada a existência do Departamento de Censura petista.

Uma oposição séria e razoavelmente adulta (não confundir com a oposição prudente & sofisticada das Joices e Frotas da legislatura passada) lutaria com todas as forças contra a criação do órgão de repressão. E não tentaria usá-lo infantilmente contra o governo totalitário que se insinua. Isso é coisa de moleque que gosta de bancar o espertalhão para, por uns poucos dias, receber o aplauso dos parvos, incautos e distraídos. Não se usa a força imoral do Estado contra o Estado; política não é judô.

As traquinagens dos três deputados servem apenas para corroer ainda mais a nossa débil cultura democrática – estratégia usada há décadas pelo PT e que, hoje, serve de justificativa tanto para as arbitrariedades do STF quanto para o desespero estúpido dos vândalos de 8/1. Pirotecnias talvez agradem o tuiteiro que esteja à toa na vida. Mas não se engane: essa banda que passa tocando refrões marxistas é muito mais perigosa do que a banda anterior, desafinada, mas bem-intencionada.


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LEI ROUANET FINANCIA ATÉ PROJETOS NA DISNEY

 

Cofre aberto

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


Espetáculos da Disney também estão listados entre beneficiados pela Lei Rouanet.| Foto: Reprodução

O Ministério da Cultura está trabalhando a razão de trinta projetos aprovados da Lei Rouanet por dia. Uma coisa incrível, trinta por dia, até agora, 595 projetos da Lei Rouanet aprovados. Um total de R$ 608 milhões. Vocês já sabem que a Claudia Raia levou R$5 milhões. Mas veja só, tem empresas da Disney levando também.

Espetáculos da Disney, Disney Magia, R$ 3,9 milhões;  Disney On Ice outros R$ 3,9 milhões American Idiot Green Day, R$3,7 milhões. Que coisa, não dá para entender. A Lei Rouanet deveria ser para ajudar quem precisa. Claudia Raia é uma grande artista, será que ela precisa? O Caetano Veloso ou o Chico Buarque precisa? Eles cobram um bom ingresso.

Trabalho veloz

Está recebendo aqui aquela exposição Monet, R$ 3,8 milhões. Eu paguei ingresso pra ver a exposição no Rio de Janeiro, não é muito caro, é R$ 30, uma coisa assim, mas eu paguei. Bem aplicados foram os R$ 37 milhões para reformar o palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Eles falam em revitalização, mas na verdade é restauração. Revitalização é um modismo. A gente revitaliza alguém que está morto, uma pessoa que tem a vida.

Desses R$ 608 milhões, o teatro recebeu R$ 154 milhões e oficinas receberam R$ 21 milhões. Não é oficina mecânica, certamente, é um termo do pessoal de teatro, teatro oficina, uma coisa assim. De 1º de janeiro pra cá já são 595 projetos. É muito trabalho, muita velocidade.

Denunciados
Outro número grande são os 479 denunciados por aquele órgão da Procuradoria Geral da República, comandado pelo subprocurador Carlos Frederico Santos, para pegar o pessoal de 8 de janeiro. Foram denunciados mais nesta segunda (30) mais 225. Todos foram presos sem saber porque foram “convidados” para entrar em um ônibus para serem levados para condução deles. História que remonta à Alemanha do final doa anos 1930, início dos anos 1940.

Eles foram enquadrados por incitação ao crime ao pedirem intervenção das Forças Armadas. Tem 92 pessoas e mais sete empresas com bens bloqueados, e ainda há 42 pedidos do advogado geral do governo, o advogado geral da União, para bloquear os bens a fim de indenizar pelo quebra-quebra.

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A bola apareceu
A propósito, a bola que sumiu do Congresso, autografada por Neymar, foi devolvida em Sorocaba. Um homem de 31 anos estava com a bola, foi procurar a Polícia Federal e devolveu. Segundo depoimento dele, disse que achou a bola no chão do Congresso e carregou para fora – o que configura roubo, não é furto não. Porque entrou no Congresso à força, houve violência, não foi autorizado pelo dono da casa. Deve ter ficado muito assustado, e devolveu. Demorou um pouquinho, pensou bastante, não dormiu direito, e aí devolveu a bola e foi dispensado depois de dar depoimento.

As pessoas não se deram conta do que estavam fazendo. Estavam daquele jeito que tenho falado aqui, sem enxergar o todo, às vezes sem nem saber o que estavam fazendo. Parece uma coisa de fé religiosa, sem raciocínio, razão nem cabeça fria.

Eleições no Senado e na Câmara
Mais uma lembrança: quarta-feira é dia da eleição. Na Câmara está decidido Arthur Lira; no Senado, ninguém sabe. Falava-se que o Pacheco era o favorito, agora já nem se fala tanto. Na verdade não é bem Pacheco, é Pacheco e Alcolumbre, os dois estão juntos. E ainda ontem, Pacheco se reuniu com o PT, que quer que o Pacheco continue. Continua aquele Senado omisso, sem brio, que não está representando os estados. Um Senado que não está vendo que a divisão e o equilíbrio entre os poderes não está existindo. É preciso recuperar o Senado, que é a Câmara Alta, a Câmara dos Sêniores, dos Gerontes, a Câmara Revisora. O Senado merece mais.


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DECLARAÇÕES DE LULA NÃO PACIFICAM

 

Com Lula e suas falas sobre o impeachment são prova disso

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo


| Foto: EFE

O presidente Lula, em um mês de casa, ainda não foi capaz de produzir ou propor uma única ação útil em seu governo, mas continua plenamente empenhado em levar adiante a guerra que declarou contra todo o Brasil que não se ajoelha diante dele. Sua ideia fixa, no momento, é construir pela repetição e arrogância uma mentira oficial, com carimbo da presidência da República, para falsificar a história do Brasil – o disparate de dizer que a ex-presidente Dilma Roussef foi demitida do poder por um “golpe de Estado”. É uma decisão bem pensada, consciente e deliberada de se comportar de maneira desonesta; não foi um deslize de linguagem, ou uma distração. Lula falou em golpe pelo menos três vezes, inclusive em viagem oficial ao exterior; na última menção, aliás, fez questão de citar o “golpista Michel Temer” – o que, além de mentira, é um insulto grosseiro e gratuito a um homem que nunca lhe fez mal nenhum.

Sua ideia fixa, no momento, é construir pela repetição e arrogância uma mentira oficial, com carimbo da presidência da República, para falsificar a história do Brasil

Lula não quer paz; chegou à conclusão de que, não tendo nada de positivo a apresentar, nem agora e nem no futuro próximo, o mais lucrativo para ele é continuar fazendo discursos para construir inimigos artificiais e espalhar veneno em tudo o que fala. A alegação do golpe contra Dilma é demente. Dilma foi destituída da presidência por um processo absolutamente legal de impeachment, estritamente dentro do que estabelece a Constituição. Sua demissão foi aprovada pelos votos de 61 senadores, num total de 81, e 367 deputados num total de 513 – um placar de goleada histórica. O processo levou nove meses inteiros para ser concluído; a acusada pode exercer, ao longo deste tempo, todos os seus direitos de defesa. O STF, em pessoa, fiscalizou cada passo do impeachment. Como um presidente da República pode chamar isso de “golpe de Estado”? É 100% irresponsável.

A mentira oficial de Lula vai ainda adiante. Ele sustenta a enormidade segundo a qual as maravilhas do seu governo e do tenebroso governo Dilma foram “destruídas” por Michel Temer. Estamos, aí, em plena insânia. Lula-Dilma, para ficar só no grosso, deixaram o Brasil com a maior recessão de toda a sua história econômica, com mais de 5% de recuo, 14 milhões de desempregados, juros recorde. Temer, em pouco mais de dois anos, consertou tudo isso; é o que mostram os fatos, e esses fatos mostram o contrário do que Lula diz. Mais: se Temer é golpista, como garante o atual presidente da República, então o seu governo terá sido ilegal, e todas as decisões que tomou também são ilegais. Que tal, nesse caso, que Lula exija a demissão do ministro Alexandre de Moraes, do STF? Ele foi nomeado pelo ”golpista” Michel Temer. Onde está a coragem que exibe no discursório?   É extraordinário que o governo Lula tenha dois – não um, dois – órgãos oficiais diferentes para combater a “desinformação” e as “fake news” tão amaldiçoadas pela esquerda, na Advocacia-Geral da União e no seu Ministério da Propaganda, a “Secom”. O que vão fazer esses vigilantes da verdade, agora, diante da brutal violação dos fatos pelo presidente da República? Dizer que houve um “golpe” contra Dilma é mais do que praticar “desinformação” – é uma agressão comprovada à verdade mais elementar. Quais as sanções que serão tomadas? A esquerda, mais uma vez, veio com uma tentativa de explicação perfeitamente hipócrita para as mentiras de Lula: disse que ele “pretendeu dizer” que tinha havido “um golpe dentro da Constituição”. É uma desculpa safada. Se quisesse mesmo dizer isso, Lula teria dito; se não disse, é porque não quis, e fez questão de falar em golpe e acusar de golpe um homem que fez um governo 1.500 vezes melhor do que o seu. O que o presidente quer é confronto. Não tem outra coisa a apresentar.


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REFORMA TRBUTÁRIA EM PASSO DE ESPERA

 

Grupos cobram diálogo sobre reforma tributária, e governo aguarda Congresso para definir tramitação

Foto: Uesley Marcelino/Reuters – 12/12/2022

Por Adriana Fernandes – Jornal Estadão

Preocupação é que pressa por aprovação reduza espaço para negociações; candidato à reeleição, Arthur Lira sinaliza apoio à reforma como marca de sua gestão

BRASÍLIA – Favorito à reeleição como presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) já sinalizou que vai apoiar a reforma tributária dos impostos sobre consumo para ser a marca da sua gestão, mas prefeitos das capitais e representantes dos setores mais resistentes à proposta querem sentar à mesa com o governo antes de a tramitação ser retomada no Congresso. A reforma é a agenda número 1 da equipe econômica no Congresso. O governo intensificou o diálogo com os Estados.

Há uma preocupação de que a pressa do governo em aprovar a reforma, ainda no primeiro semestre, acabe espremendo o espaço para o diálogo. Um dos riscos é a proposta ir direto ao plenário, como já aconteceu na votação recente de Propostas de Emenda à Constituição (PEC)..

A equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que trabalha no texto, já foi alertada para a necessidade de chamar logo para conversar os grupos de maior resistência, para não fomentar o crescimento de um movimento antirreforma.

Os detalhes sobre o caminho da tramitação só sairão depois da votação das presidências e das mesas diretoras das duas Casas, especialmente a do Senado, que conta com a candidatura do opositor Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro do governo Bolsonaro. Ele almeja a vaga ocupada atualmente por Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Rodrigo Pacheco e Arthur Lira conversam durante evento em Brasília. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
Rodrigo Pacheco e Arthur Lira conversam durante evento em Brasília. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

A definição das prioridades da agenda econômica e as relatorias dos principais projetos fazem parte também dos acordos de apoio para a eleição de 1º de fevereiro no Congresso. Um dos pontos a decidir é onde a tramitação será retomada: pelo Senado ou pela Câmara.

Um grupo de trabalho poderá ser criado pelo presidente da Câmara para discutir os pontos mais sensíveis. Lira prefere que a reforma seja retomada pela Câmara, onde está a PEC 45, de autoria do presidente do MDB, Baleia Rossi (SP), e que teve como relator o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Ribeiro teve reuniões com o time de Haddad e é candidato a ficar com a relatoria.

Já o relatório da PEC 110, que tramita no Senado, é resultado de um amadurecimento da PEC 45 e tem apoio dos Estados. Até o momento, a maior chance é que a tramitação seja feita pela Câmara, com um texto que misture os pontos das duas propostas.

‘Eles olham só para o umbigo’

“O mais provável é começar pela Câmara. Mas isso não é o principal. Vamos ajustar”, disse ao Estadão o deputado Baleia Rossi, que conversou com Lira. “(Lira) Vai apoiar. Eu falei a ele: Arthur, você vai ser o presidente da Câmara que, após 30 anos, vai entregar a reforma. Você entra para a história”, relatou o presidente do MDB, que viu no passado a PEC 45 ser engavetada por Lira. O MDB vai apoiar Lira nas eleições.

Para Baleia, os grupos resistentes à reforma se movimentaram porque sabem que existe uma vontade política efetiva do governo. “O pessoal que é contra a reforma não tem ideia do impacto dela na economia. Eles só olham para o umbigo”, disse

O relator da PEC 110, senador Roberto Rocha (PT-MA), avaliou que conseguiu, no seu parecer, promover “avanços jamais vistos antes”. Mas, segundo ele, por omissão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a PEC 110 não foi votada. “Na Câmara, a PEC 45 já está no plenário. Basta pegar os avanços do meu relatório e incluir no projeto, votar e mandar para o Senado, que ficará mais uma vez de coadjuvante”, disse. “Como diz Zeca Pagodinho, ‘Camarão que dorme, a onda leva’”, alertou Rocha para a necessidade de não perder mais tempo.

Presidente da Central Brasileira do Setor de Serviços (Cebrasse), João Diniz cobra maior interlocução com o governo. “Estamos aguardando. Todos os atores dessa proposta e o presidente Lira sabem dos nossos problemas”, afirmou. O setor teme ser mais onerado para que a indústria se beneficie. A Cebrasse é uma das várias entidades que representam o setor. Diniz defendeu uma contribuição patronal sobre a receita bruta das empresas de e-commerce para o financiamento da desoneração da folha de salários como compensação para a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA).

Preocupação com a arrecadação

Presidente do Fórum dos Secretários de Fazenda e Finanças das grandes e médias cidades, Giovanna Victer destacou que as grandes cidades apoiam a reforma tributária e reconhecem sua importância para o crescimento da economia do País, mas há preocupação com possíveis choques repentinos de arrecadação. “As cidades possuem compromissos constitucionais com a manutenção do ensino fundamental, da atenção básica da saúde e assistência social – além de toda zeladoria e manutenção das cidades”, disse ela, que é secretária de Salvador.

Giovanna destacou também que há muitos pontos da reforma que são remetidos à legislação infraconstitucional, o que não contribui para dar segurança à receita. Outro ponto citado é necessidade de dar clareza quanto à governança para repartição das receitas do IVA e transparência quanto aos valores da arrecadação prevista. “Essas podem ser boas iniciativas para angariar consenso dos entes subnacionais”, sugeriu.

No campo da negociação política, João Hummel, diretor da consultoria Action Relações Governamentais, disse que o governo vai ter de sentar à mesa com os setores do agronegócio e de serviços, mas ponderou que há espaço de negociação para um acordo. “É uma necessidade. A única pauta para dar visibilidade em pouco espaço de tempo é a reforma tributária e já está madura”, avaliou. Em evento na segunda-feira, 30, Haddad deu duas sinalizações importantes na área tributária: não vai apoiar a criação de um tributo sobre transações financeiras e disse que não haverá reoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

PETRÓLEO NA FOZ DO IGUAÇU UM DILEMA PARA O GOVERNO

 

Dilema para Lula

Por

 João Lara Mesquita – Jornal Estadão

Extração de petróleo na foz do Amazonas, dilema para Lula

O novo governo mal começou enquanto os desafios se acumulam. Um deles está agitando a mídia internacional. Matéria da Bloomberg está sendo repercutida por vários sites especializados. E é de fato um dilema que o presidente terá que enfrentar em breve.  ‘O conflito entre as ambições do Brasil de se tornar um administrador ambiental mais responsável e, ao mesmo tempo, aumentar as lucrativas exportações de petróleo se transformou em um teste inicial para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva’. Extração de petróleo na foz do Amazonas, dilema para Lula.

plataforma de petróleo na foz do Amazonas
Imagem, gcaptain.com.

Costa Norte do Brasil

Do ponto de vista ambiental a COSTA NORTE não poderia ser mais importante e, ao mesmo tempo, sensível para a biodiversidade. Ela é majoritariamente  formada por manguezais.

E, segundo estudo publicado na  www.researchgate.net. , os manguezais são um dos ecossistemas mais produtivos e biologicamente complexos do mundo. O Brasil é o terceiro país no ranking dos maiores manguezais do planeta, atrás da Austrália, e Indonésia em primeiro.

Para além de ser um berçário de vida marinha, florestas de mangues são potências quando se trata de armazenamento de carbono. Estudos indicam que, quilo por quilo, os manguezais sequestram quatro vezes mais carbono do que as florestas tropicais.

Por outro lado, contra todas as expectativas, em 2016  foi descoberto um imenso conjunto de corais na foz do Amazonas.  Nada menos que uma faixa  com 1.000 km  de extensão  por 40 km  de largura.  E  os  corais  se  estendem por  uma área de 50 mil km2, equivalente ao   Estado do  Rio  Grande  do Norte.

corais na foz do Amazonas

Se os manguezais são o segundo berçário de vida marinha, o primeiro são os corais. Acontece que os corais de águas rasas estão ameaçados em todo o planeta pelo aquecimento global. Não por outro motivo, desde 2018 a ONU alerta que a proteção a recifes de coral deve ser prioridade global.

Posto isto, vamos ao dilema de Lula.

Explorar, ou não, petróleo na foz do Amazonas

Desde que este imenso banco de corais foi descoberto, ele passou a ser ameaçado em razão do petróleo que, da mesma forma, existe na região. Anotem aí: o vilão rondando sua presa desde que veio à luz, como atesta The Guardian, ao mostrar que no mesmo ano da descoberta três petroleiras disputavam a área.

Vamos nos lembrar que petróleo ainda vale muito. É, portanto, uma riqueza enorme para um País em desenvolvimento. Segundo o site, www.osul.com.br, ‘na época, a ANP estimou que existia um potencial de 30 bilhões de barris de petróleo na Margem Equatorial – bacias Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar – com um volume recuperável (produção efetiva) de 7,5 bilhões de barris de petróleo, volume que poderá ser bem maior com as novas tecnologias desenvolvidas pela Petrobras.’

Este é o dilema que Lula terá que resolver, e muito rápido porque, segundo a Bloomberg, desde o início de dezembro, a Petrobras tem uma plataforma de petróleo no local que ainda não começou a perfurar. Não apenas uma plataforma, mas todo o apoio necessário à operação que inclui três helicópteros, barcos de apoio e trabalhadores.

Custo para a Petrobras: cerca de 1 milhão de dólares por dia

Bloomberg diz que. ‘Toda a indústria está esperando para ver se o poço exploratório abre uma nova fronteira de petróleo em uma área conhecida como Margem Equatorial.’

‘O atraso está custando à Petrobras uma fortuna de cerca de US$ 1 milhão por dia, segundo cálculos da consultoria Wood Mackenzie Ltd.’ A publicação esclarece que o atraso vem ‘da instalação a ser usada em caso de derramamento de óleo, que só estará operacional em meados de abril.’

Se isto corresponder à realidade, e parece que sim, a Bloomberg não costuma dar bola fora, só em 2023 o custo seria de US$ 90 milhões de dólares para o início da operação.

Ao mesmo tempo, a agência lembra que ‘um relatório da equipe de transição de Lula, entregue ao Ministério de Minas e Energia no final de dezembro, reconheceu que a exploração de petróleo em áreas sensíveis como a Margem Equatorial pode ser incompatível com suas metas ambientais.’

Pronto. Formou-se a tempestade perfeita, em outras palavras, o dilema que Lula e sua equipe terão que enfrentar em breve.

A importância da costa Norte para o petróleo

De acordo com nossa fonte, ‘A Petrobras e outros exploradores tiveram pouco sucesso na última década explorando as bacias do Brasil ao largo da costa sul, o que tornou a Margem Equatorial uma grande prioridade.’

‘O país precisa encontrar mais reservas, caso contrário a produção começará a cair na década de 2030. Ao mesmo tempo, Lula também prometeu fortalecer as agências ambientais e a fiscalização do país, o que vai além de apenas reverter o desmatamento na Amazônia.’

A Petrobras não forneceu uma data para o início do poço quando contactada pela Bloomberg. Contudo, navios-sonda de águas profundas como o ODN II custam entre US$ 300.000 e US$ 500.000 por dia apenas em taxas de aluguel de plataformas, de acordo com a ABESPetro, uma associação de prestadores de serviços de petróleo.

Além disso, a plataforma ODN II deixou o Rio de Janeiro em 10 de novembro e está estacionada perto do local de perfuração da Petrobras desde 5 de dezembro, de acordo com dados de rastreamento de embarcações compilados pela Bloomberg.

Até o momento, o Ibama tem protegido os corais, pedindo mais informações aos exploradores. Além disso, em 2020 o órgão negou licença para a TotalEnergies SE e a BP Plc.

A agência confirma a posição do Ibama: ‘Os promotores federais pediram à empresa (Petrobras) que revisse os planos de contingência de derramamento de óleo e realizasse mais discussões com as comunidades locais.’

Enquanto isso, Schreiner Parker, chefe da Rystad Energy para a América Latina, disse à Bloomberg: “Eles estão queimando dinheiro como loucos. Você não vê uma plataforma ir para o local e ficar 40 a 50 dias sem perfurar.”

Enquanto aguardamos a decisão de Lula, a Bloomberg encerra sua matéria com uma declaração de Telmo Ghiorzi, diretor da ABESPetro: “Existe uma certa ansiedade no setor. A Petrobras será pioneira na região e abrirá caminho para diversas outras petrolíferas.”

Será? Saberemos nos próximos meses. O Mar Sem Fim voltará ao tema.

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GAMIFICAÇÃO É O ENGAJAMENTO DOS COLABORADORES

 

5 dicas para engajar os colaboradores em 2023

Daniel Uchôa – CEO e Co-Founder da Worverse

Uma tendência das empresas na atualidade, a gamificação é uma solução moderna para engajar colaboradores.

Uma palavra que tem sido muito usada na atualidade é o conceito de gamificação. Gamificação na educação, no trabalho, como marketing, no RH, entre outros. No entanto, nem todo mundo sabe o real significado da palavra: gamificação é um termo que vem do inglês (gamification) e consiste em empregar técnicas de jogos a outras situações, com o objetivo de fazer elas serem mais prazerosas e dinâmicas.

A gamificação é considerada uma das melhores formas de engajar colaboradores na atualidade e deixar sua experiência mais leve no trabalho, desde a chegada da oferta de trabalho até o cotidiano. Para se ter uma ideia, uma pesquisa feita pela ResearchAndMarkets.com, revelou que a gamificação aumenta os níveis de produtividade de equipes em até 90%.

A Workverse é uma empresa que leva a gamificação no trabalho como uma máxima, aplicando o conceito na admissão e onboarding de novos colaboradores, como explica o CEO e Co-Founder, Daniel Uchôa. “Agora, as grandes empresas estão indo além, oferecendo experiências memoráveis. Nossa vida como ser humano é sobre experiências, que permanecem conosco e nos moldam. E é assim que as empresas líderes estão moldando seus novos talentos, através de experiências que vão além dos sentidos, e que criam fortes laços com a marca empregadora. Novos talentos aceleram o progresso, e as experiências aceleram esses talentos”, diz.

Abaixo, Daniel Uchôa fala sobre a melhor forma de usar a gamificação para engajar positivamente os colaboradores. Confira:

1. Engaje os colaboradores: “A falta de talentos no mercado é, na verdade, um gap de engajamento. As empresas não conseguem manter seus talentos por muito tempo, é o chamado turnover. E com tanto tempo e dinheiro investidos para se chegar aos melhores talentos, perdê-los tão rapidamente gera um enorme prejuízo. Para se ter ideia, a Gallup estima prejuízo de U$7.8 trilhões na economia global apenas devido ao baixo engajamento de funcionários”, comenta.

“Na hora da proposta de emprego, é importante ajudar essas pessoas em um momento de decisão tão importante em suas vidas, que é a escolha de um novo emprego. Nada melhor do que uma real vivência imersiva nas vantagens da oferta, passando pelos principais fatores de decisão. Essa experiência pode ser compartilhada e desfrutada com a família, para apoiá-los na decisão”, completa Daniel.

2. Tenha um parceiro tecnológico: “Os líderes do RH sabem que há mais na digitalização do que a tecnologia por si só. As empresas que estão avançadas nessa frente constroem um framework tecnológico que coloca as pessoas em primeiro lugar e assume uma visão mais holística da experiência do colaborador. E buscam um parceiro tecnológico capaz não só de prover essa tecnologia, mas de trabalhar junto nas mudanças e desafios do dia-a-dia, trazendo metodologias, expertise e know-how para isso”, mostra.

3. Unifique a jornada: “Os colaboradores não querem mais soluções isoladas e uma experiência quebrada e pobre. Um parceiro tecnológico orientado na experiência do colaborador traz um roadmap digital que foca no que o sistema pode fazer pelas pessoas, e não o contrário. Não é a empresa que precisa se ajustar a uma certa ferramenta, e sim a ferramenta que precisa se ajustar aos processos da empresa e às necessidades dos candidatos e colaboradores”, aconselha Daniel.

4. Humanize a jornada: “Parte essencial da jornada de gamificação é criar uma experiência humanizada para o colaborador. Como querer ser mais humano se você não tem tempo para dar atenção? Dar atenção é um fator fundamental na construção de um relacionamento, e não há como pensar em uma jornada humanizada sem ter tempo para dar a devida atenção”, afirma.

5. Crie experiências: “Humanizar a jornada é desenhar experiências que façam sentido. São nossas experiências que nos tornam mais humanos. Experiências ficam conosco durante toda nossa vida. Elas não apenas moldam quem somos como seres humanos, como também nos ajudam a conectar e construir nossos relacionamentos com pessoas e empresas”, finaliza Daniel Uchôa.

ESCALANDO NEGÓCIOS DA VALEON

1 – Qual é o seu mercado? Qual é o tamanho dele?

O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes, lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona. Pretendemos cadastrar todas as empresas locais com CNPJ ou não e coloca-las na internet.

2 – Qual problema a sua empresa está tentando resolver? O mercado já expressou a necessidade dessa solução?

A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer outro meio de comunicação.

Viemos para suprir as demandas da região no que tange a divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

O nosso diferencial está focado nas empresas da região ao resolvermos a dor da falta de comunicação entre as empresas e seus clientes. Essa dor é resolvida através de uma tecnologia eficiente que permite que cada empresa / serviços tenha o seu próprio site e possa expor os seus produtos e promoções para os seus clientes / usuários ao utilizar a plataforma da ValeOn.

3 – Quais métodos você usará para o crescimento? O seu mercado está propício para esse tipo de crescimento?

Estratégias para o crescimento da nossa empresa

  1. Investimento na satisfação do cliente. Fidelizar é mais barato do que atrair novos clientes.
  2. Equilíbrio financeiro e rentabilidade. Capital de giro, controle de fluxo de caixa e análises de rentabilidade são termos que devem fazer parte da rotina de uma empresa que tenha o objetivo de crescer.
  3. Desenvolvimento de um planejamento estratégico. Planejar-se estrategicamente é como definir com antecedência um roteiro de viagem ao destino final.
  4. Investimento em marketing. Sem marketing, nem gigantes como a Coca-Cola sobreviveriam em um mercado feroz e competitivo ao extremo.
  5. Recrutamento e gestão de pessoas. Pessoas são sempre o maior patrimônio de uma empresa.

O mercado é um ambiente altamente volátil e competitivo. Para conquistar o sucesso, os gestores precisam estar conectados às demandas de consumo e preparados para respondê-las com eficiência.

Para isso, é essencial que os líderes procurem conhecer (e entender) as preferências do cliente e as tendências em vigor. Em um cenário em que tudo muda o tempo todo, ignorar as movimentações externas é um equívoco geralmente fatal.

Planeje-se, portanto, para reservar um tempo dedicado ao estudo do consumidor e (por que não?) da concorrência. Ao observar as melhores práticas e conhecer quais têm sido os retornos, assim podemos identificar oportunidades para melhorar nossa operação e, assim, desenvolver a bossa empresa.

4 – Quem são seus principais concorrentes e há quanto tempo eles estão no mercado? Quão grandes eles são comparados à sua empresa? Descreva suas marcas.

Nossos concorrentes indiretos costumam ser sites da área, sites de diretório e sites de mídia social. Nós não estamos apenas competindo com outras marcas – estamos competindo com todos os sites que desejam nos desconectar do nosso potencial comprador.

Nosso concorrente maior ainda é a comunicação offline que é formada por meios de comunicação de massa como rádios, propagandas de TV, revistas, outdoors, panfletos e outras mídias impressas e estão no mercado há muito tempo, bem antes da nossa Startup Valeon.

5 – Sua empresa está bem estabelecida? Quais práticas e procedimentos são considerados parte da identidade do setor?

A nossa empresa Startup Valeon é bem estabelecida e concentramos em objetivos financeiros e comerciais de curto prazo, desconsideramos a concorrência recém chegada no mercado até que deixem de ser calouros, e ignoramos as pequenas tendências de mercado até que representem mudanças catastróficas.

“Empresas bem estabelecidas igual à Startp Valeon devemos começar a pensar como disruptores”, diz Paul Earle, professor leitor adjunto de inovação e empreendedorismo na Kellogg School. “Não é uma escolha. Toda a nossa existência está em risco”.

6 – Se você quiser superar seus concorrentes, será necessário escalar o seu negócio?

A escalabilidade é um conceito administrativo usado para identificar as oportunidades de que um negócio aumente o faturamento, sem que precise alavancar seus custos operacionais em igual medida. Ou seja: a arte de fazer mais, com menos!

Então, podemos resumir que um empreendimento escalável é aquele que consegue aumentar sua produtividade, alcance e receita sem aumentar os gastos. Na maioria dos casos, a escalabilidade é atingida por conta de boas redes de relacionamento e decisões gerenciais bem acertadas.

Além disso, vale lembrar que um negócio escalável também passa por uma fase de otimização, que é o conceito focado em enxugar o funcionamento de uma empresa, examinando gastos, cortando desperdícios e eliminando a ociosidade.

Sendo assim, a otimização acaba sendo uma etapa inevitável até a conquista da escalabilidade. Afinal de contas, é disso que se trata esse conceito: atingir o máximo de eficiência, aumentando clientes, vendas, projetos e afins, sem expandir os gastos da operação de maneira expressiva.

Pretendemos escalar o nosso negócio que é o site marketplace da Startup Valeon da seguinte forma:

  • objetivo final em alguma métrica clara, como crescimento percentual em vendas, projetos, clientes e afins;
  • etapas e práticas que serão tomadas ao longo do ano para alcançar a meta;
  • decisões acertadas na contratação de novos colaboradores;
  • gerenciamento de recursos focado em otimização.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

FINANCIAMENTO DE GASODUTO

 

BNDES

Por
Célio Yano – Gazeta do Povo


Plataforma P-70, da Petrobras, no pré-sal da Bacia de Santos: por falta de estrutura de escoamento, país reinjeta nos poços boa parte do gás natural que é extraído.| Foto: Marcelo Alves Vieira/Agência Petrobras

Para além dos riscos financeiros e da discussão sobre o viés ideológico na tomada de decisões, o anúncio da intenção do governo federal de financiar a construção de um gasoduto na Argentina para o escoamento do insumo ao mercado brasileiro expõe uma contradição, segundo especialistas do setor.

Embora o empreendimento possa de fato beneficiar o Brasil com uma alternativa à importação do combustível boliviano, o investimento poderia ser mais vantajoso para o país caso fosse direcionado à infraestrutura de transporte de gás em território nacional.

Hoje quase três quartos do gás natural produzido no Brasil vêm da exploração da camada do pré-sal, por meio de plataformas offshore. Praticamente metade do que é extraído, no entanto, acaba reinjetado justamente por falta de estrutura para escoamento.

De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em média 2,07 bilhões de metros cúbicos, o equivalente a 49,6% de toda a produção brasileira do combustível, foram devolvidos aos poços mensalmente em 2022. A média mundial de reinjeção de gás natural é da ordem de 20%.

A redução pela metade do volume de gás reinjetado viabilizaria investimentos da ordem de R$ 98 bilhões em novos projetos das indústrias química, petroquímica e de fertilizantes, que utilizam o composto de hidrocarbonetos como matéria-prima, segundo a Coalizão pela Competitividade do Gás Natural Matéria-Prima.

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A entidade, que reúne representantes desses setores e da indústria de gás natural, calcula que o montante permitiria um aumento de R$ 402 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro nominal, além de gerar 2,8 milhões de novos empregos, aumentar em R$ 54 bilhões a massa salarial e ampliar em R$ 9 bilhões a arrecadação do Estado por meio de impostos. Na semana passada, os dados foram apresentados ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, segundo reportou a revista especializada Megawhatt.

“O Brasil é um país que tem a rede de gasodutos muito ruim, com poucos quilômetros de vias de transporte se comparado a outros países, inclusive à própria Argentina”, diz Pedro Rodrigues, sócio e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria do setor de energia.

Segundo o CBIE, a malha dutoviária do Brasil para transporte de gás natural tem cerca de 9,5 mil quilômetros, enquanto a Argentina tem 16 mil quilômetros de dutos para o combustível, embora seu território corresponda a um terço do brasileiro. “Então será que a prioridade de investimento do BNDES deveria ser o gasoduto da Argentina? Será que não há outras infraestruturas no Brasil para se investir primeiro?”, questiona Rodrigues.

Ele ressalta que, além das rotas de escoamento da produção offshore, o país poderia investir em uma rede para interiorização do combustível. “Hoje só 2% da população brasileira tem acesso a gás natural residencial, enquanto 98% das pessoas ainda utilizam somente o botijão de gás”, diz.

A lei que privatizou a Eletrobras prevê a construção de cinco novos gasodutos de transporte de gás natural com o objetivo de interiorizar o acesso ao insumo e anteder à demanda de novas termelétricas. Os projetos incluídos no Plano Indicativo de Gasodutos de Transporte (PIG) da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) somam aproximadamente mil quilômetros de extensão, ao custo de R$ 20,5 bilhões.

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BNDES deve financiar R$ 4,2 bilhões para construção de gasoduto argentino
As obras da primeira etapa da construção do gasoduto Néstor Kirchner, na Argentina, estão em andamento desde 2021 e consumiram até agora o investimento de 180 bilhões de pesos, o equivalente a R$ 48,84 bilhões na cotação atual.

Em dezembro passado, o governo argentino anunciou que o BNDES financiaria US$ 689 milhões (cerca de R$ 3,49 bilhões na cotação atual) para a construção da segunda etapa do gasoduto, conforme noticiou a imprensa local.

Segundo informou esta semana o jornal O Estado de S.Paulo, no entanto, o valor deve chegar a US$ 820 milhões (R$ 4,16 bihões). Detalhes como sistema de taxas, prazos e garantias devem ser tratados em uma viagem do ministro da Economia argentino, Sergio Massa, ao Brasil no início de fevereiro.

O segundo trecho do gasoduto permitira o escoamento do gás extraído da reserva de Vaca Muerta, na bacia de Neuquén, na Patagônia, até a fronteira com o Brasil. O BNDES entraria com recursos para financiar a fabricação de tubos por uma empresa brasileira, que participaria de uma licitação para a obra.

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Mais de um terço do gás natural consumido no Brasil é importado
Enquanto reinjeta praticamente metade do gás natural que é extraído dos campos do pré-sal, o Brasil importou, em média, 24,79 milhões de metros cúbicos do combustível por dia em 2022, segundo dados do Boletim de Acompanhamento da Indústria de Gás Natural, do Ministério de Minas e Energia, atualizados até outubro. O volume corresponde a 34,2% de toda a oferta do insumo no país no período (72,45 milhões de metros cúbicos).

Do total importado, 69,6% foi proveniente da Bolívia, enquanto o restante é importado na forma de Gás Natural Liquefeito (GNL) de países como Estados Unidos, Reino Unido, Nigéria, Angola, Argentina, Singapura, Catar, Trinidad e Tobago e Suíça. Nesse estado, o insumo é transportado em navios e precisa passar por um processo de regaseificação para ser utilizado.

A maior parte da demanda do produto no país (60,6%) é para utilização em refinarias, fábricas de fertilizantes e uso do gás como matéria-prima industrial. Cerca de 23% é consumido por termelétricas, para geração de energia, e outros 9,2% como combustível automotivo. O uso doméstico corresponde a apenas 2,1% da demanda do gás natural.

“Quando a gente fala de oferta de gás natural, qualquer oferta que o Brasil tenha de um produto mais barato é benéfica. Aumentar a oferta de gás, do ponto de vista do mercado, é bom”, diz Pedro Rodrigues, do CBIE. “Mas o projeto tem algumas interrogações que a gente tem de fazer.”

Além da contradição de se investir em um gasoduto argentino em meio a um cenário de escassez de estrutura de transporte de gás no próprio Brasil, há questionamentos em relaçao ao impacto socioambiental do empreendimento, que contrariariam o compromisso do atual governo brasileiro em relação à defesa do meio ambiente e dos povos originários.

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Comunidades do povo indígena Mapuche e pequenos agricultores que habitam a região de Vaca Muerta estariam entre as populações mais afetadas, segundo a organização não-governamental 350.org, que critica o anúncio do governo brasileiro.

Segundo a entidade, a província de Neuquén,embora seja um centro da exploração de petróleo e gás na Argentina, continua a ser uma das mais pobres e endividadas do país. “Nos municípios onde o fracking é extraído, há milhares de famílias sem acesso, inclusive, ao próprio gás obtido na região, que dependem de lenha para aquecer suas casas”, diz nota da organização.

A reserva de Vaca Muerta é uma formação geológica rica no chamado shale gas, ou gás de xisto, um tipo de rocha com aspecto folheado que abrigar os combustíveis fósseis em frestas. O processo para extração de gás desse tipo de formação é conhecido como “fracking” (de “hydraulic fracturing”), porque exige o fraturamento do solo e a inserção de água e outros compostos para liberação dos hidrocarbonetos.

A técnica é criticada por ambientalistas por ser considerada danosa ao meio ambiente e à saúde da população que vive nos arredores dos campos de exploração. Diversos países proíbem o procedimento, que não é regulamentado no Brasil.

Rodrigues, do CBIE, diz que avanços tecnológicos permitiram mitigar seus riscos ambientais. “O que existe nesse aspecto é essa incongruência: no Brasil a gente tem shale gas, só que por questões ambientais a gente não explora esse potencial. Mas importamos gás dos Estados Unidos que é de shale e estamos ajudando a construir um duto para trazer esse gás.”

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/brasil-quer-financiar-gasoduto-na-argentina-enquanto-desperdica-gas-do-pre-sal/
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