terça-feira, 3 de março de 2020

94% DO ORÇAMENTO BRASILEIRO SÃO DESPESAS - GOVERNO NÃO PODE FAZER NADA


Um veto de R$ 30 bilhões: o que está em jogo na briga de Bolsonaro com o Congresso
Giulia Fontes 





© Luís Macedo/Câmara dos Deputados Sessão do Congresso Nacional em dezembro, em que houve a votação do orçamento impositivo.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), agendou para terça-feira (3), às 14h, a sessão do Congresso Nacional que deverá analisar oito vetos presidenciais. Entre eles está o veto de número 52, que derruba alterações feitas pelo Congresso Nacional na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2020.
O veto tem mobilizado parlamentares e o governo desde dezembro, quando foi anunciado. A questão motivou uma troca de farpas pública entre o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). E levou à convocação de atos a favor do presidente Jair Bolsonaro em 15 de março.
O principal motivo da disputa é a gestão de R$ 30 bilhões no Orçamento deste ano. O projeto, que teve trechos vetados por Bolsonaro, foi aprovado em dezembro de 2019 e inclui entre as emendas impositivas – que obrigatoriamente têm de ser pagas pelo governo – aquelas feitas pelo relator e pelas comissões do Orçamento. Além disso, determina que o governo empenhe (reserve para pagamento), em um prazo de 90 dias, o valor referente a emendas parlamentares.
As emendas impositivas reduziriam ainda mais a margem de recursos disponíveis para livre utilização do governo – os chamados gastos discricionários. Limitado pelo crescimento de despesas obrigatórias, que incluem os gastos com pessoal e Previdência e os mínimos constitucionais (para investimentos em saúde e educação), o governo tem espaço cada vez menor para investimentos.
Segundo cálculos da Instituição Fiscal Independente (IFI), 94% do Orçamento Federal está engessado com gastos obrigatórios.
Na justificativa do veto, o governo afirma que a imposição das emendas parlamentares é "contrária ao interesse público" justamente por aumentar o volume de despesas obrigatórias.
Gastos voltam à lista de despesas que não podem ser contingenciadas
Outro trecho vetado pelo presidente inclui, entre as despesas que não podem ser contingenciadas pelo governo federal, os gastos com ações de pesquisa e inovações para agricultura; com o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea); e com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
À exceção dos gastos com pesquisa e inovação para agricultura, os demais itens já haviam sido incluídos pelos parlamentares na lista de despesas que não poderiam ser bloqueadas em 2020. Bolsonaro, entretanto, vetou a previsão – poupando do contingenciamento apenas projetos das Forças Armadas e despesas vinculadas à função de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Na justificativa para o novo veto, o governo volta a argumentar que a inclusão dessas despesas na lista dos gastos que não podem ser contingenciados eleva a rigidez do orçamento, dificultando o cumprimento da meta fiscal e da regra de ouro.
Orçamento foi ficando cada vez mais impositivo
A lei do Orçamento que previu os R$ 30 bilhões sob gestão do relator é a consolidação de um processo que se iniciou no Congresso ainda na década passada – e que teve entre os apoiadores o então deputado federal Jair Bolsonaro.
Ao longo dos anos, os congressistas cobraram a efetivação do pagamento das emendas parlamentares. A queixa dos deputados e senadores era de que eles aprovavam a inclusão das emendas no Orçamento, mas o Poder Executivo era soberano para determinar se iria, ou não, desembolsar os recursos. Assim, muitas requisições apresentadas pelos parlamentares acabavam sem resultados concretos.
Para reverter o quadro, em 2015 o Congresso aprovou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que determinou a obrigatoriedade do pagamento das emendas individuais apresentadas pelos parlamentares.
No mesmo ano, o então deputado Jair Bolsonaro deu uma entrevista à jornalista Mariana Godoy em que elogiava a imposição das emendas. "Esse Congresso melhorou muito em relação ao passado, em especial graças ao atual presidente [da Câmara], Eduardo Cunha (...). O governo não chantageia mais [o Congresso]", afirmou. As declarações foram resgatadas pelo colunista Lauro Jardim, do jornal "O Globo".
Rigidez orçamentária aumentou ainda mais em 2019
No ano passado, o Parlamento aprovou outra PEC tornando o orçamento ainda mais impositivo. O texto expandiu a mesma regra também para as emendas protocoladas pelas bancadas estaduais.
A aprovação das PECs transformou o panorama da efetividade das emendas. Dados disponibilizados pelo portal Siga Brasil, do Senado, apontam que, a partir de 2016, as emendas passaram, de fato, a ser desembolsadas pelo governo.
Em 2018, foram R$ 11 bilhões autorizados e, em 2019, R$ 13 bilhões. Com a inclusão das emendas do relator e de comissões, conforme foi aprovado para a LDO de 2020, o montante em despesas impositivas do Congresso chega a R$ 46 bilhões neste ano, dividido da seguinte forma:
  • Emendas de bancada: R$ 5,9 bilhões
  • Emendas individuais: R$ 9,5 bilhões
  • Emendas do relator-geral: R$ 30,1 bilhões
  • Emendas de comissão: R$ 687 milhões
A quantia fora do habitual tem sido citada por governistas como uma justificativa para explicar por que Bolsonaro e seus aliados foram favoráveis ao orçamento impositivo no passado, mas agora defendem o veto.
"Uma coisa é você fortalecer o Orçamento, que no fundo é uma peça de planejamento. É importante que o orçamento seja impositivo para que investidores e a própria sociedade saibam exatamente onde cada centavo dos nossos tributos vai ser empregado pelo Executivo na ponta. Outra coisa é você tirar R$ 30 bilhões do Executivo e passar para o Legislativo, que vai descentralizar esse recurso, sem seguir necessariamente as políticas que foram aprovadas durante as eleições", declarou o líder do governo na Câmara, Vitor Hugo (PSL-GO), em vídeo divulgado nas redes sociais.
Embora agora o governo critique congressistas por "tirarem" R$ 30 bilhões do Executivo, no que foi classificado de "chantagem" pelo ministro Heleno, parlamentares governistas não se opuseram à aprovação desse mesmo projeto no fim de 2019. A matéria foi aprovada em dezembro, em votação simbólica.
Na ocasião, deputados afirmaram que as alterações no texto – que havia sido enviado ao Congresso pelo próprio Executivo, e depois modificado pelos parlamentares – haviam sido costuradas com a liderança do governo.
Expectativa para a votação desta terça
A sessão do Congresso que decidirá sobre o veto havia sido agendada anteriormente para o dia 12 de fevereiro, mas foi cancelada após a falta de acordo entre os parlamentares e o Executivo.
O debate tem se colocado à margem das habituais disputas entre governo e oposição. O veto de Bolsonaro é defendido, por exemplo, pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado. E a derrubada é advogada por parlamentares de diferentes partidos, em especial os de centro. O deputado Toninho Wandscheer (PROS-PR) é favorável à rejeição do veto – e ele é um dos vice-líderes do governo no Congresso.
Governista, o deputado Bibo Nunes (PSL-RS), por outro lado, disse acreditar que o Congresso mantenha o veto de Bolsonaro. "A tendência é manter. Não será fácil, mas acredito que será essa a decisão", declarou. Nunes afirmou que o momento exige que os parlamentares que apoiam o governo mostrem "100% de apoio" e garantam a votação necessária a Bolsonaro.
Na apreciação do projeto em dezembro, no entanto, o próprio Nunes orientou a bancada do PSL a votar "sim" ao projeto de lei que engessou os R$ 30 bilhões.
Para que o veto seja derrubado, é necessário que a maioria de deputados federais e senadores, em votações separadas, optem pela rejeição. Se uma única Casa optar pela manutenção do veto, a derrubada é descartada. A obrigatoriedade é da negativa da maioria dos parlamentares, e não apenas dos presentes na votação.

segunda-feira, 2 de março de 2020

CONTRIBUIÇÕES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL SERÃO ALTERADAS NESSE MÊS DE MARÇO


Pague mais, ganhe menos: Reforma da Previdência impõe novas alíquotas de contribuição, já neste mês

Paulo Henrique Lobato






Segurados penaram no ano passado: respostas a pedidos ligados aos benefícios levaram, em média, 74 dias

Mais de 100 dias após a aprovação da Reforma da Previdência, em 13 de novembro de 2019, o trabalhador brasileiro ainda não consegue acessar o simulador de aposentadoria no site criado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (www.meu.inss.gov.br). Também não está mais disponível no sítio eletrônico a informação sobre o tempo de trabalho formal do empregado, que, na semana passada, podia ser consultada.
Em nota postada no próprio site, o Instituto informa que “o serviço ‘Simular Aposentadoria’ está temporariamente indisponível”, pois o INSS está atualizando o sistema “para adequação às novas regras de aposentadoria (Emenda Constitucional n° 103 de 12 de Novembro de 2019)”.
Em nota enviada ao <CF37>Hoje em Dia</CF>, o INSS acrescentou que “sobre a adaptação de sistemas, favor consultar a Dataprev”, empresa pública que fornece soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação para o aprimoramento e a execução de políticas sociais do Estado brasileiro. Procurada, a Dataprev não retornou a demanda até o fechamento desta edição.
Mordida no salário
Enquanto o serviço não é aperfeiçoado, trabalhadores devem ficar atentos, pois as novas alíquotas da chamada Nova Previdência começaram a valer nesse domingo (1º de março).
Até o último dia de fevereiro, três percentuais incidiam no contracheque do trabalhador: 8% (salário até R$ 1.839,29), 9% (de R$ 1.830,30 a R$ 3.050,52) e 11% (R$ 3.050,53 a R$ 6.101,06).
Agora, serão quatro alíquotas: 7,5% (até R$ 1.309,00), 9% (R$ 1.039,01 a R$ 2.089,60), 12% ( R$ 2.089,61 a R$ 3.134,40) e 14%(R$ 3.134,41 a R$ 6.101,06).
“O cidadão vai trabalhar mais e receber menos. Essa é a tônica da reforma. As regras de calcular os benefícios foram alteradas, e por força disso,  99% vão receber menos do que nas regras antigas”, concluiu Anderson Avelino, presidente da Comissão de Assuntos Previdenciários da seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MG).
Para o governo federal, as novas alíquotas fazem sentido na medida em que quem ganha mais deve pagar mais imposto. A menor das novas alíquotas, agora de 7,5%, irá beneficiar quem ganha o piso nacional (R$ 1.045 em aproximadamente R$ 5 ao mês.
Cálculo 
Outra mudança, que já vale desde novembro passado e que mexe com a aposentadoria, é a que alterou o percentual de salários que eram descartados no cálculo do benefício.
“Antes, o governo descartava 20% das menores contribuições (ao longo da carreira do empregado). Com a reforma, você vai calcular o valor (da aposentadoria) usando 100% das contribuições”, acrescentou o advogado. Na prática, reforça Avelino, o valor do benefício irá cair. Isso porque os 20% dos salários antes descartados, muitas vezes, referem-se ao início da vida profissional: “Quando o cidadão começa a trabalhar, ele ganha pouco. Dessa forma, a nova mudança certamente fará cair a média (da aposentadoria) final”.

Em 2019, ano de aprovação das novas regras, INSS bateu recorde de demora no atendimento
Setenta e quatro dias. Este foi o tempo médio de espera dos segurados do INSS para obter resposta aos pedidos de benefício do Instituto em 2019.
Trata-se do maior tempo médio dos últimos cinco anos. O prazo médio está bem acima do determinado pela lei, que é de até 45 dias.
Em 2018, o tempo médio foi de 51 dias. Em 2017, 54. Em 2016, 60. Em 2015, 39 dias.
Nota-se que o tempo médio de 2019 interrompeu uma sequência de queda apurada em 2017 e em 2018.
Os dados fazem parte de um documento enviado ao Tribunal de Contas da União (TCU) pelo próprio INSS e divulgado, primeiramente, pela TV Globo.
O documento foi encaminhado como parte da justificativa do Instituto para a importância da contratação de trabalhadores extras para reduzir a fila no INSS.
De acordo com o Instituto, será preciso a contratação de 9.101 pessoas para zerar a fila nos anos de 2020 e 2021. Em todo o país, cerca de 2 milhões de pedidos aguardam resposta do Instituto. Desses, quase 1,4 milhão aguardavam resposta há mais de 45 dias, que é o prazo máximo estipulado por lei.
Ainda assim, dependendo do mês, o tempo chegou a ser bem superior à média de 74 dias no acumulado de 2019.
Em julho, por exemplo, o segurado chegou a esperar até 89 dias. Em dezembro do mesmo ano, 75 dias. Na média do que ocorreu ao longo de todo ano passado, o indicador fechou em 74 dias, 29 dias a mais do que determina a lei.



A PARTIR DO DIA 05/03/2020 O POLÍTICO PODE MUDAR DE PARTIDO


Janela partidária para quem vai disputar eleições começa na quinta

Agência Brasil 







A partir da próxima quinta-feira (5), os vereadores que pretendem disputar a reeleição ou a prefeitura da cidade podem mudar de partido sem sofrerem punição da legenda. O prazo da chamada janela partidária termina em 3 de abril, seis meses antes do pleito. O primeiro turno será realizado em 4 de outubro e o segundo turno no dia 25 do mesmo mês.
A partir da próxima quinta-feira (5), os vereadores que pretendem disputar a reeleição ou a prefeitura da cidade podem mudar de partido sem sofrerem punição da legenda. O prazo da chamada janela partidária termina em 3 de abril, seis meses antes do pleito. O primeiro turno será realizado em 4 de outubro e o segundo turno no dia 25 do mesmo mês.
Pelo calendário eleitoral, elaborado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão responsável pela organização das eleições, o prazo é considerado para a justa causa necessária para a mudança partidária dos detentores do cargo de vereador que queiram concorrer às eleições majoritárias (prefeitura) ou proporcionais (reeleição).  Ao trocarem de partido, os parlamentares buscam mais recursos e apoio político para as campanhas.
Calendário das eleições
Outras datas previstas no calendário eleitoral devem ser seguidas pelos candidatos e partidos que vão disputar o pleito. No dia 4 de abril, todos os partidos que pretendem disputar as eleições devem estar com registro aprovado pelo TSE.
No mesmo mês, o tribunal vai lançar uma campanha nas emissoras de rádio e televisão para incentivar a participação das mulheres nas eleições e esclarecer o eleitor sobre o funcionamento do sistema eleitoral.
No dia 16 de junho, a Corte deve divulgar o valor corrigido do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), criado pelo Congresso. Conforme o orçamento da União, R$ 2 bilhões estão previstos para o fundo.
Em julho, os partidos estão autorizados a promover as convenções internas para escolha de seus candidatos, que deverão ter os registros das candidaturas apresentados à Justiça Eleitoral até 15 de agosto.
No dia seguinte, a propaganda eleitoral está autorizada nas ruas e na internet até 3 de outubro, dia anterior ao primeiro turno.
Em setembro, a partir do dia 19, nenhum candidato poderá ser preso, salvo em flagrante. No caso dos eleitores, a legislação eleitoral também proíbe a prisão nos dias próximos ao pleito. No dia 29, eleitores só podem ser presos em flagrante.
A diplomação dos prefeitos e vices, além dos vereadores eleitos, deve ocorrer até 19 de dezembro.