segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

VAMOS DIMINUIR A DESIGUALDADE SOCIAL NO MUNDO



Cresce a desigualdade mundial

Frei Betto 






Todos os anos, em janeiro, os mais ricos do mundo se reúnem em Davos, na Suíça. É o Fórum Econômico Mundial. Em contraposição a ele foi criado o Fórum Social Mundial.

Em 2013, o Fórum de Davos alertou que o aumento acelerado da desigualdade econômica entre os povos ameaçava a estabilidade social. Em 2014, o Banco Mundial vestiu a camisa das instituições que se propõem a erradicar a pobreza e promover uma prosperidade compartilhada. (Mas duvido que tenha assumido a pele...).

Como alertou Obama em discurso na ONU, em setembro de 2016, “um mundo no qual 1% da humanidade controla uma riqueza equivalente à dos demais 99% nunca será estável”.

Agora em 2017, a ONG britânica Oxfam, que todo ano apresenta em Davos o mapa da desigualdade mundial, expõe dados preocupantes: 1) Desde 2015, apenas 1% da população global concentra em mãos mais riqueza que os 99% restantes. 2) Ao longo dos próximos 20 anos, 500 pessoas transferirão mais de US$ 2,1 trilhões para seus herdeiros – soma mais alta que o PIB da Índia, que tem 1,2 bilhão de habitantes. 3) A renda dos 10% mais pobres aumentou cerca de US$ 65 entre 1988 e 2011, enquanto a do 1% mais ricos aumentou cerca de US$ 11.800, ou seja, 182 vezes mais. 4) Nos EUA, pesquisa recente do economista Thomas Pickety revela que, nos últimos 30 anos, a renda dos 50% mais pobres permaneceu inalterada, enquanto a do 1% mais rico aumentou 300%.

O dado mais chocante, entretanto, é a constatação de que, atualmente, apenas oito homens detêm a mesma riqueza que a metade da população do mundo (3,6 bilhões de pessoas).
São eles: Bill Gates, Amancio Ortega, Warren Buffett, Carlos Slim, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, Larry Ellison e Michael Bloomberg.

Os ingredientes para a desintegração de nossas sociedades estão dados. O crescimento da desigualdade social é o caldo de cultura para o aumento da criminalidade, do terrorismo e da insegurança global. Como assinala a Oxfam, há cada vez mais pessoas vivendo com medo do que com esperança.
A conjuntura atual não é promissora: Trump leva a sua xenofobia para a presidência dos EUA; o Reino Unido rompe com a União Europeia; as forças de direita ampliam seus espaços políticos nos países ricos; o preconceito e a discriminação adquirem ares de “politicamente correto”.

Por mais que isso nos espante, a lógica do cidadão comum é simples: por que votar em candidatos progressistas se nada fazem para reduzir a aceleração da desigualdade? Por que elegê-los se os nossos salários estão deteriorados, o desemprego se amplia e os serviços sociais não funcionam adequadamente para a maioria?

Embora as políticas sociais tenham retirado milhões de pessoas da miséria e da pobreza nas últimas décadas, ainda hoje uma em cada nove pessoas vai dormir com fome. E a fome, que não tem ideologia, facilmente reduz um homem a um animal feroz.

COMBATE INTENSO AO VIRUS ZIKA



Cientistas mapeiam vírus da zika; estudo é o primeiro passo para neutralizar efeitos da microcefalia

Da Redação Jornal Hoje em Dia 





Temido pelas gestantes por causa da possibilidade da ocorrência de microcefalia nos fetos, o vírus da zika acaba de ser mapeado por cientistas brasileiros. Mais do que entender sua composição, o objetivo do trabalho é conhecer os impactos dele sobre as células que dão origem ao cérebro humano. Saber de que forma o vírus age é um primeiro passo para tentar bloquear seus efeitos.
Os resultados da pesquisa mostram que o invasor microscópico é capaz de travar a multiplicação celular e de impedir que neurônios maduros apareçam. Essa característica provavelmente explica o tamanho reduzido do cérebro dos recém-nascidos afetados pelo vírus quando estavam na barriga da mãe.
Ao fim do trabalho, a equipe coordenada por Patricia Garcez e Stevens Rehen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, conseguiu uma biblioteca de mais de 500 proteínas e genes das células humanas que parecem ser manipulados ou alterados indiretamente pela presença do vírus.
Algumas dessas moléculas podem se revelar alvos promissores para medicamentos que bloqueiem a ação do vírus de modo específico – algo que não existe hoje. Os pesquisadores estão tentando desvendar os aspectos básicos da biologia do vírus da zika desde que ele foi ligado à epidemia de microcefalia em bebês do Nordeste.
Para obter os resultados, os pesquisadores expuseram células-tronco neurais ao vírus durante duas horas e compararam o desenvolvimento das amostras infectadas com outras não infectadas, o que mostrou os efeitos causados pela zika na formação do cérebro
Os primeiros resultados foram similares aos que a equipe já tinha observado em estudos anteriores: as células dos neurônios infectadas com o zika eram menores que as não infectadas e, com o passar do tempo, começaram a sumir.
Outra descoberta sobre o comportamento do vírus chamou a atenção dos pesquisadores. Os experimentos mostram que a zika não sai matando indiscriminadamente as precursoras dos neurônios. A presença dela leva a uma interrupção no chamado ciclo celular – o processo delicadamente programado pelo qual as células fazem novas cópias do seu material genético e depois se dividem, dando origem a outras células. “A parada no ciclo é uma resposta da célula aos danos em seu DNA”, explica Rehen.
Outro processo complexo, a chamada neurogênese ( células-tronco neurais que dão origem a diferentes formas especializadas de neurônios), também é afetado pelo zika. Os resultados mostram que esse mecanismo que ficou menos ativos nas células infectadas.
Financiamento
Com laboratórios no Rio, os pesquisadores Rehen e Garcez têm sido afetados pela crise financeira do Estado e pelos problemas mais gerais de financiamento que têm preocupado a comunidade científica brasileira. A situação deles é um pouco menos grave por causa da prioridade que tem sido dada aos estudos sobre o zika.
“Boa parte dos recursos federais para zika tem sido repassada, com cortes. Infelizmente, no caso da Faperj (órgão estadual de fomento à pesquisa), nem isso. A porcentagem repassada até agora foi mínima e não permite o andamento das pesquisas”, diz Rehen.
Também assinam o estudo pesquisadores da Unicamp, da Fiocruz, do Instituto Evandro Chagas e da Universidade Federal do Pará. Os dados estão em artigo na revista especializada “Scientific Reports”.
*Com agência  FolhaPress
Controle do Aedes aegypti agora é obrigatório no país
O Levantamento Rápido do Índice de Infestação para Aedes aegypti (LIRAa), ferramenta criada para identificar os locais com focos do mosquito nos municípios, passa a ser obrigatório para todas as cidades com mais de 2 mil imóveis. O objetivo é que, com a realização do mapeamento, os municípios tenham melhores condições de fazer o planejamento das ações de combate e controle do mosquito Aedes aegypti.

A portaria com a medida foi publicada na última sexta-feira no Diário Oficial da União. Até então, o levantamento era feito a partir da adesão voluntária de municípios.
Cidades que não realizarem o levantamento não receberão a segunda parcela do Piso Variável de Vigilância em Saúde, recurso extra que é utilizado exclusivamente para ações de combate ao mosquito. Em 2017, o Piso Variável de Vigilância em Saúde é R$ 152 milhões e será liberado aos gestores locais em duas etapas.
No último LIRAa, realizado no segundo semestre de ano passado, 2.284 municípios participaram do levantamento, o que representa 62% das cidades com mais de 2 mil imóveis. Em comparação com 2015, houve um aumento de 27,3% em relação ao número de municípios participantes.
Realizado em outubro e novembro deste ano, o levantamento é um instrumento fundamental para o controle do vetor da dengue,  chikungunya e zika. Com base nas informações coletadas, o gestor pode identificar os tipos de depósito onde as larvas foram encontradas e, consequentemente, priorizar as medidas mais adequadas para o controle do Aedes no município.

O PATRIMÔNIO DA PAMPULHA EM BELO HORIZONTE CORRE O RISCO DE PERDER O TÍTULO DE PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE



Pampulha tem desafios para manter título de patrimônio da humanidade

Alessandra Mendes 







O Complexo Moderno da Pampulha, eleito pela Unesco patrimônio cultural da humanidade, ainda tem muitos desafios pela frente para garantir a manutenção do título. Até dezembro, um dossiê deve ser entregue ao órgão relatando a situação de cada uma das intervenções previstas no documento aprovado durante a reunião realizada em julho do ano passado em Istambul, na Turquia.
Entre as alterações solicitadas, estão a restauração do museu, a desapropriação do Iate, a reforma na Igrejinha da Pampulha, a melhora na qualidade da água da lagoa e a revitalização de praças.
Um dos itens pegou a todos de surpresa. No documento aprovado pela Unesco consta que a Praça Dino Barbieri, que fica atrás da Igrejinha, faz parte da área tombada. Para os especialistas que cuidavam do dossiê para o título, a ideia era de que a praça estaria apenas dentro da área de amortecimento.
“A Unesco incluiu ela  e agora quer que restauremos o projeto do Burle Marx. Nós temos que apresentar em março, em Paris, o projeto de readequação do espaço. Então estamos fazendo um dossiê com um anti-projeto, pegando o projeto original como base para a obra”, explica a superintendente do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Minas, Célia Corsino.
Alterações
A previsão é que, sendo aprovado pela Unesco, o projeto seja executado em 2018. Ainda não se sabe ao certo quais serão as exigências, mas as mudanças serão inevitáveis. “Eu estou tentando minimizar ao máximo, mas, com certeza aquele quiosque que tem lá no meio da praça será demolido. E não é a gente que quer, tem que ser feito”, ressalta Célia.
Para a superintendente do Iphan em Minas, apesar de esta ser uma intervenção que não estava prevista, o maior desafio será a desapropriação do Iate Tênis Clube. “A situação é tão complexa que eu não posso dizer nada sem conversar pessoalmente com o prefeito, porque houve uma desapropriação por parte da prefeitura. A gente pode ajudar no projeto, correr atrás de um parceiro, mas a definição é com a prefeitura”, afirma.
Um prédio com academia, salão de festas, salão de belezas e estacionamento foi construído na década de 1970 como anexo ao clube. De acordo com orientações da Unesco, a demolição desse anexo é uma das condicionantes para manter o título.
Em nota, a Fundação Municipal de Cultura confirmou que precisa apresentar um relatório atualizado sobre as questões do patrimônio da Pampulha até o fim do ano, mas esclareceu que tem o prazo de 3 anos, a partir da concessão do título, para serem apresentadas as soluções, não a conclusão de obras
Espelho d’água
Outra condicionante é a limpeza da água da lagoa. Segundo consta no documento do título de patrimônio cultural da humanidade, a água deve estar em condições para a prática de esportes náuticos. Isso significa que deve estar dentro dos padrões estabelecidos para a classe 3, definida pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
Uma empresa contratada pela prefeitura de BH trabalha na limpeza da água da lagoa desde o ano passado. O contrato prevê que a qualidade deveria estar nos padrões classe 3 até 31 de dezembro do ano passado. Entretanto, a prefeitura informou que só irá divulgar os índices, e se o objetivo foi alcançado, no mês que vem porque precisa fazer seus próprios testes.
O desafio da melhora da qualidade da água interfere ainda na condição dos animais que vivem na região da lagoa. “Uma das recomendações é implementar o plano de manejo dos animais. Hoje são mais de dez jacarés, e não dá para ter esportes náuticos com jacarés. Outra questão são as capivaras. No meu ponto de vista de patrimônio, eu não posso ter jardim de Burle Marx e capivaras no mesmo espaço”, avalia Célia Corsino.
As obras do local que está sendo construído para abrigar as capivaras, perto do Parque ecológico da Pampulha, devem ficar prontas até o fim do mês. A retirada dos animais foi determinada por decisão da Justiça no ano passado.
Apesar de acordo, reforma da Igrejinha ainda preocupa
Outra condicionante para a manutenção do título de patrimônio cultural  da humanidade, a reforma da Igrejinha da Pampulha também preocupa. Mesmo que tenha sido assinado um acordo entre as partes para que o local esteja liberado para obras em novembro deste ano, o repasse do recurso federal para custeio das intervenções ainda é motivo de dor de cabeça.
“Eu espero que haja o dinheiro no fim do ano, que ele não seja contingenciado, mas nós estamos em um momento político e econômico difícil. O dinheiro existe? Existe, existem bilhões para o PAC, mas está tudo contingenciado. Não cortou o PAC, contingenciou. Então nós vamos ter que ter força política grande para vir recursos para Minas. O meu desespero é que o dinheiro estava na mão”, afirma a superintendente do Iphan em Minas, Célia Corsino.
Minas tem outros três patrimônios da humanidade: os centros históricos de Ouro Preto e Diamantina e o Santuário de Bom Jesus de Matozinhos (Congonhas)
Até o imbróglio envolvendo a Arquidiocese de BH, que marcou casamentos para a Igrejinha da Pampulha até outubro deste ano, ela confessa que acreditava que seria o item mais avançado dos pedidos previstos pela Unesco para melhoria no Complexo Moderno da Pampulha.
“Acho que faltou acreditar que a gente ia conseguir, faltou acreditar que a gente ia fazer o projeto, faltou acreditar que a gente ia ter o dinheiro para fazer. Tem que ter o dinheiro em novembro porque isso é um compromisso internacional. Mas gora corremos risco, quando não corríamos nenhum”, diz Célia.
Mesmo que não estejam prontas até dezembro deste ano, quando um dossiê deve ser entregue pela Unesco com a situação de todo o conjunto arquitetônico, as melhorias devem estar ao menos encaminhadas para evitar que o título seja revisto. Todas as mudanças previstas devem ser finalizadas em até três anos.


domingo, 29 de janeiro de 2017

TRUMP NÃO QUER MUÇULMANOS NOS EUA



Decreto de Trump impede portadores de 'green card' de voltarem aos EUA

Estadão Conteúdo 








Trump suspendeu por decreto a entrada de refugiados nos Estados Unidos e adotou novos obstáculos para viajantes procedentes de sete países muçulmanos


Autoridades federais dos Estados Unidos informaram que qualquer cidadão de nacionalidade que não seja norte-americana e vindo dos países Iraque, Síria, Irã, Sudão, Líbia, Somália ou Iêmen está agora banido de entrar nos EUA.
As autoridades confirmaram que o decreto assinado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, atinge residentes permanentes legais do país (portadores do chamado "green card") e pessoas com visto dos EUA.

Com a medida que impõe uma proibição de três meses à entrada de refugiados dos sete países de maioria muçulmana, residentes dos Estados Unidos que tenham o "green card" e que tenham deixado o país ficam impedidos de retornar pelo prazo de 90 dias.

Segundo uma fonte que falou sob a condição de anonimato, a única exceção diz respeito a imigrantes e residentes legais cuja entrada nos Estados Unidos seja considerada de interesse nacional. Não está claro, porém, quando essa exceção será aplicada.

Pessoas com "green card" ou visto norte-americano que já estejam nos EUA poderão continuar no país, de acordo com essa autoridade federal. Companhias aéreas de várias partes do mundo estão sendo notificadas para que impeçam passageiros atingidos pela medida de embarcar.

A companhia holandesa KLM informou que recusou sete potenciais passageiros porque eles não seriam aceitos nos Estados Unidos diante da proibição imposta. Os passageiros embarcariam pela KLM vindos de diversos países do mundo e a nacionalidade deles não foi informada.